As atividades de pesca e navegação ainda persistiram por mais alguns anos, até que a poluição causada por construções irregulares próximas à sua nascente e seu leito, tornou um rio morto macrobiologicamente, se tornando um logradouro assoreado repleto de esgoto.
Posteriormente o rio foi canalizado, sendo hoje um mero córrego de esgoto e tendo sua vazão drasticamente reduzida devido ao desmatamento provocado pelo crescimento habitacional desordenado. No entanto, suas águas tornam-se cristalinas durante as madrugadas, horário em que quase não existe despejo de esgoto em seu leito.
No século XVIII, era plantada a cana-de-açúcar, e o açúcar produzido era escoado por um trapiche em embarcações que o conduziam até à baía e ao porto do Rio. De acordo com o historiador Noronha Santos, pode-se fixar como marco no desenvolvimento da região correspondente os atuais bairros da Cidade Nova, do Catumbi e do Rio Comprido.
O Alvará-Régio de 26 de Abril de 1811, que concedeu a isenção da décima urbana aos prédios assobradados ou de sobrado, que se construíssem nas novas ruas abertas, desde o princípio do século. O Rio Comprido era então, uma área ocupada por chácaras de pessoas ricas, entre as quais, ingleses ("Chácara dos Ingleses").
Outra propriedade relevante era a do bispo Frei Antônio do Desterro, de onde as surgiram as denominações "Largo do Bispo"- atual Praça Condessa Paulo de Frontin - e Rua do Bispo. Nessa propriedade passaria a funcionar, desde 1873, o Seminário São José, transferido da Rua da Ajuda, no sopé do Morro do Castelo.
Além disso, o bairro é casa de um dos ancestrais bastardos de Napoleão Bonaparte, Marcelo Nathan.
No século XX, a principal avenida do bairro era a Avenida Rio Comprido - atual Av. Paulo de Frontin -, com uma extensão de 1.600 metros, aberta em 1919, na gestão do prefeito Paulo de Frontin, à época do governo do presidente Delfim Moreira (1918-1921).
Esse bairro elegante, de moradias de altíssimo nível, abrigava três clubes que incrementavam o lazer dos moradores: o "Clube Desportivo do Rio de Janeiro" (Clube Alemão), com seu campo de "futebol society", gramado impecável, (guardado pelo velho Pocidônio), suas pistas de boliche e o ginásio para ginástica olímpica; o "Clube Ibéria" (com sua "micro piscina", quadra de esportes, elevador e gruta), este já extinto; e o Sport Clube Minerva, na Rua Itapiru, cujo ponto forte era o futsal.
Outro ponto de entretenimento era o "Campinho do Raul", na parte alta da Rua Santa Alexandrina, onde eram realizadas as "peladas da Velha Guarda", bem como as brincadeiras de "polícia e ladrão".
Na década de 1960, destacou-se o "Ponte's Clube", em frente à Alameda Leontina Machado, ligação entre a Avenida Paulo de Frontin e a Rua Santa Alexandrina e ocupada, em sua maioria, por componentes da "família Machado" (Machadinho, Tia jura, Tia Ninita, Dr. Rubens, Tia Marieta, Tia Judith e Marcy), mais tarde substituído pela Turma da Ponte, que se reunia todas as noites na ponte em frente ao Clube Ibéria. Nessa época a maioria das crianças cursava o primário no Colégio SOS (Dona Arlete) ou na Escola Municipal Pereira Passos. Outros pontos de encontro eram a Padaria Dominante do "Seu Pires" e o Bar do Moura.
O velho canal do Rio Comprido dividia as duas faixas da Avenida Paulo de Frontin. O antigo prédio do Seminário São José, bem como a Igreja de São Pedro, ajudavam a compor a cenografia do local. Ainda nessa época, o bairro era servido por uma linha de bondes, cujo ponto final se localizava na parte alta da Rua Santa Alexandrina, e por uma linha de ônibus, a 616 (Rio Comprido-Usina), ambas desaparecidas. Foi uma época maravilhosa, entretanto, com a abertura do Túnel Rebouças (1967) e a construção do Elevado Paulo de Frontin (1971), a Avenida Paulo de Frontin transformou-se numa passagem entre as zonas norte e sul da cidade e os tradicionais moradores mudaram-se, registrando-se uma acentuada queda no índice de qualidade de vida do bairro, atualmente cercado por favelas como o Turano, o Fogueteiro, o Querosene e o Complexo Paula Ramos. Lembranças sobre a época áurea do Rio Comprido podem ser compartilhadas no almoço que é realizado todo ano, na terceira sexta feira de dezembro, na Taberna da Glória. Incluir o aniversário da fundação do bairro no calendário oficial da cidade, respeitando toda a sua tradição e história, é também preservar sua memória local e enaltecer a sua importância para todos nós cariocas. Texto Original:
Datas:
Outras Informações:
01.:Comissão de Justiça e Redação 02.:Comissão de Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público 03.:Comissão de Cultura