VEREADOR REIMONT
Inspirado nas propostas do educador Paulo Freire, Boal fundou o teatro do oprimido, que alia o teatro à ação social. Suas técnicas e práticas difundiram-se pelo mundo, notadamente nas três últimas décadas do século passado, sendo largamente empregadas não só por aqueles que entendem o teatro como instrumento de emancipação política, mas também nas áreas de educação, saúde mental e no sistema prisional.
Nas palavras de boal, “o teatro do oprimido é o teatro no sentido mais arcaico do termo. – Todos os seres humanos são atores porque atuam e espectadores porque observam. Somos todos espectadores”.
Após terminar seus estudos em arte dramática em Nova Iorque, Boal regressa ao Brasil e, em 1956, passa a integrar o teatro de arena de São Paulo. Sua primeira direção é Ratos e Homens, de John Steinbeck, que lhe valeu o prêmio de revelação de direção da Associação Paulista de Críticos de Artes naquele mesmo ano. O grupo provoca uma verdadeira revolução na cena brasileira, abrindo caminho para uma dramaturgia nacional.
Para prosseguir na investigação de um teatro voltado para a realidade do Brasil, Boal sugere a criação de um seminário de dramaturgia que se tornará o celeiro e vários novos dramaturgos. As produções, fruto desses encontros, vão compor o repertório da fase nacionalista do conjunto nos anos seguintes.
Depois do golpe militar, Boal dirige no Rio de Janeiro o Show Opinião, com Zé Kéti, João do Vale e Nara Leão, depois substituída por Maria Bethânia. A iniciativa surge de um novo grupo de autores ligados ao Centro Popular de Cultura – CPC da UNE, posto na ilegalidade. O grupo pretendia criar um foco de resistência política através da arte. O evento é um sucesso e contagia diversos outros setores artísticos. A opinião 65, exposição de artes plásticas no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro – MAM-RJ, surge na seqüência, aglutinando os artistas ligados aos movimentos de arte popular. Esse foi o nascedouro do Grupo Opinião.
Com a decretação do ato institucional nº 5, em fins de 1968, o Arena viaja para fora do pais, excursionado, entre 1969 e 1970 pelos Estados Unidos, México, Peru e Argentina. Em 1971, Boal é preso e torturado. Na seqüência, decide deixar o país, com destino a Argentina, terra de sua esposa, a psicanalista Cecília Boal. Lá permanecem por cinco anos e desenvolve o teatro invisível. Naquele mesmo ano, Torquemada, um texto de sua autoria sobre a inquisição é encenado em Buenos Aires. A partir de 1978, estabeleceu-se em Paris, onde cria um centro para pesquisa e difusão do teatro do oprimido.
Boal visita o Brasil em 1979 para ministrar um curso no rio de Janeiro, retornando no ano seguinte juntamente com seu grupo francês. Em 1981, promove o I Festival internacional de Teatro do Oprimido. Volta ao Brasil definitivamente em 1986, instalando-se no Rio, onde inicia o plano piloto da Fábrica de Teatro popular, que tinha como principal objetivo tornar acessível a qualquer cidadão a linguagem teatral e cria o Centro do teatro do Oprimido.
Mais recentemente, em 2008, Boal foi indicado ao Prêmio Nobel da Paz, em virtude de seu trabalho. Em março do corrente ano foi nomeado pela Unesco embaixador mundial do teatro.
Augusto Boal tem seu nome inscrito indelevelmente nos anais da cultura e da história política e social do Brasil. Por seu exemplo como cidadão e por sua contribuição artística, Boal é merecedor das mais nobres honrarias.
A proposição ora apresentada de criar o dia municipal do teatro do oprimido a ser celebrado na data de seu nascimento, é apenas uma singela homenagem que sugerimos seja concedia em memória desse ilustre brasileiro. Texto Original:
LEI N.º 5.146 DE 7 DE janeiro 2010
Datas:
Outras Informações:
DESPACHO: A imprimir e às Comissões de Justiça e Redação; Administração e Assuntos Ligados ao Servidor Público e de Educação e Cultura, Em 04/11/2010 JORGE FELIPPE - PRESIDENTE
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