De qualquer forma, para embasar ainda mais a presente iniciativa, reproduzo para a leitura de meus pares, parte do texto de Alcir Pimenta, Professor de Língua Portuguesa, ex-Deputado Federal pelo Estado do Rio de Janeiro e morador de Campo Grande, devido importância e qualidade do mesmo, que relata parte da historia da região de Campo Grande, desde 1948, reproduzido por Malu Ravagnani, que se encontra disponibilizado na internet.
“O MERCADO SÃO BRAZ
Alcir Pimenta*
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A nova fase
“Assim se explica, pois, o surgimento do embrião do Mercado São Braz. Campo Grande era o centro comercial mais desenvolvido de toda a atual Zona Oeste do Rio de Janeiro, em torno do qual gravitavam os subúrbios vizinhos, para ali afluindo os que buscavam melhor comércio ou melhores escolas ou lazer. O nosso Calçadão de hoje era a Rua Coronel Agostinho, a principal do bairro, a mais procurada pela excelência do seu comércio em relação aos demais bairros e subúrbios.
Corria o ano de 1948. Os pequenos produtores rurais, os mais sacrificados com a decadência da lavoura, andavam à procura de um meio de sobreviver vendendo os seus produtos, enquanto muitos haviam substituído verduras e legumes por laranjais, o que piorava ainda mais a crise, razão pela qual se reuniam todos com freqüência, à procura de uma saída. Conversa vai, conversa vem, alguém lembrou que, na própria Rua Coronel Agostinho, havia um terreno baldio, em local bem central, que talvez pudesse ser usado para dar início a um ponto de venda de produtos agrícolas. Cerca de 50 lavradores foram à luta. Limparam a parte do terreno suficiente para sua instalação e se “estabeleceram”, a princípio timidamente, expondo seus produtos em cima de caixotes, alternando-se pequenos grupos da Ilha, do Rio da Prata, do Mendanha e do Carapiá, como teste. Esse terreno (descobriram) pertencia à Prefeitura.
E tiveram êxito. A pouco e pouco foram formando a freguesia, o número de lavradores foi aumentando e o negócio vingou. E por quê? Porque a mercadoria era de boa qualidade e Campo Grande já se insinuava como importante centro consumidor. Diante do resultado obtido, decidiram os lavradores solicitar permissão da Prefeitura para usar todo o terreno, o que foi concedido. Surgiu então no local uma espécie de feira-livre, mas agora com barracas padronizadas, de madeira, cobertas de lona, divididas em duas alas de chão batido. Quando chovia, se a freguesia aumentava um pouco mais, embaraçavam-se os guarda-chuvas e as sombrinhas, na pressa com que a clientela queria fugir da chuva. Às vezes, os embaraços eram motivo de risos e gracejos, outras vezes causavam pequenos atritos sem maior conseqüência.
Animados com o crescimento daquele comércio, do qual passaram a viver, resolveram os comerciantes construir um mercado propriamente dito, o qual foi edificado, a pouco e pouco, com os recursos do grupo que liderara aquele movimento. Inauguradas as novas instalações, já no Governo Carlos Lacerda, deliberaram os proprietários dos boxes instalar uma Assembléia-Geral para a constituição da “Sociedade Mercado São Braz”, o que ocorreu no dia 17 de setembro de 1963, nas dependências da “Imóveis Comércio e Indústria Campo Grande S.A.”, na Rua Coronel Agostinho, 116, em Campo Grande, sob a presidência do Sr. Emiliano Rezende de Arruda, proprietário do box 75 e presidente da comissão organizadora dos estatutos da entidade. Desde então, o Mercado São Braz foi-se tornando cada dia mais útil e indispensável à comunidade …
A verdade é que, no seu meio século de existência, o Mercado São Braz constitui um marco na História da comunidade, desempenhando importante papel socioeconômico, não só pelas centenas de famílias a que serve direta ou indiretamente, mas também pela sua inestimável participação nos eventos comunitários. Convém assinalar, ainda, a sua importância social para a comunidade carente, a qual assiste sempre com doações e outros cuidados, além de dar preferência aos candidatos a emprego oriundos dessa camada da sociedade, estimulando ainda, nos seus empregados, o aperfeiçoamento profissional e intelectual, não sendo poucos os que, ali iniciados, alçam vôos mais altos, para melhor servir a si próprios e à região.
Outro aspecto a considerar é que esse mercado, tendo-se originado para atender à população campo-grandense, sempre foi também utilizado por pessoas de diversos pontos da Cidade Maravilhosa, já que muitos turistas da nossa região praiana, ao se dirigirem a suas residências de veraneio, passam antes pelo Mercado São Braz, onde se abastecem de frutas, verduras, legumes, carnes, peixes ou flores. Ressalte-se, por derradeiro, o zelo dos seus dirigentes em renovar constantemente o aspecto físico do mercado, adaptando-o aos novos tempos, sem descaracterizar-lhe o traçado original, o que faz dele, também sob esse aspecto, uma referência na comunidade. “
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