Legislação - Lei Ordinária


Lei nº 6134/2017 Data da Lei 03/15/2017


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O Presidente da Câmara Municipal do Rio de Janeiro nos termos do art. 56, IV combinado com o art. 79, § 7º, da Lei Orgânica do Município do Rio de Janeiro, de 5 de abril de 1990, não exercida a disposição do § 5º do art. 79, promulga a Lei nº 6.134, de 15 de março de 2017, oriunda do Projeto de Lei nº 1084-A de 2014, de autoria do Senhor Vereador João Mendes de Jesus.

LEI Nº 6.134, DE 15 DE MARÇO DE 2017.
Art. 1º Esta Lei institui o Guia Rio de Janeiro Cidade Amiga do Idoso.

Art. 2º O Guia Rio de Janeiro Cidade Amiga do Idoso, objetiva ajudar a cidade a se avaliar sob a ótica dos idosos, a fim de identificar onde e como pode ser mais amigável aos idosos, criando ambientes saudáveis para o envelhecimento ativo que favoreçam a saúde, a participação e a segurança, para aumentar a qualidade de vida dos idosos na cidade.

Art. 3º O Guia Rio de Janeiro Cidade Amiga do Idoso, pretende mobilizar a Cidade do Rio de Janeiro para que se torne uma cidade amiga do idoso, visando poder usufruir o potencial que os idosos representam para a humanidade.

Art. 4º Este Guia deve ser utilizado por pessoas, grupos, governos, organizações de voluntários e setor privado, interessados em fazer a Cidade do Rio de Janeiro mais amiga do idoso.

§ 1º O mesmo princípio seguido na criação do Guia se aplica à sua utilização, envolvendo os idosos como parceiros plenos em todas as etapas.

§ 2º Na avaliação dos pontos positivos e negativos da cidade, os idosos vão descrever como a lista de checagem das características reflete as suas próprias experiências. Eles darão sugestões para mudança e podem participar na implementação de projetos de melhoria.

§ 3º A situação dos idosos, articulada por essa abordagem da base em direção ao topo, fornece informações essenciais, que devem ser filtradas e analisadas por especialistas em Gerontologia e tomadores de decisão no desenvolvimento e adaptação de intervenções e políticas.

§ 4º Nas etapas de acompanhamento das ações locais amigáveis ao idoso, é imperativo que os idosos continuem a ser envolvidos no monitoramento da evolução da cidade e atuem como defensores e conselheiros da cidade.

Art. 5º As seções deste Guia descrevem, para cada área da vida urbana, as vantagens e as barreiras que os idosos encontram na cidade.

Art. 6º São características da Cidade Amiga do Idoso:

I – espaços abertos e prédios;

II - transportes;

III - moradia;

IV – participação social;

V – respeito e inclusão social;

VI – participação cívica e emprego;

VII – comunicação e informação; e

VIII – apoio comunitário e serviços de saúde.

Art. 7º No Anexo A encontra-se o Guia Rio de Janeiro Cidade Amiga do Idoso e as Características Amigáveis aos Idosos.

Art. 8º No Anexo B encontra-se uma lista de checagem das características amigáveis aos idosos para verificação se a Cidade do Rio de Janeiro, em determinado bairro ou comunidade, encontra-se adequada às características de uma Cidade Amiga do Idoso.

Parágrafo único. A lista de checagem é um instrumento para que a cidade possa se autoavaliar, servindo como um mapa para avaliar a sua evolução em melhorias significativas.

Art. 9º Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.


Câmara Municipal do Rio de Janeiro, 15 de março de 2017.



Vereador JORGE FELIPPE
Presidente


ANEXO A

GUIA RIO DE JANEIRO CIDADE AMIGA DO IDOSO

I – ESPAÇOS ABERTOS E PRÉDIOS

Visão Geral: Prédios públicos e espaços abertos têm um impacto importante na mobilidade, independência e qualidade de vida dos idosos e afetam sua capacidade de envelhecer no seu próprio lugar. Nas consultas para o projeto da OMS, os idosos e aqueles que interagem com eles de maneira significativa descrevem várias características do cenário urbano e do ambiente construído que são amigáveis aos idosos. Os temas recorrentes, em cidades de todo mundo, são a qualidade de vida, acesso e segurança. Melhorias que foram ou estão sendo feitas em cidades, qualquer que seja o seu grau de desenvolvimento, são apreciadas por aqueles que foram consultados, e que também apontaram outras mudanças que devem ser realizadas.

1. Um ambiente limpo e agradável
Na Cidade do Rio de Janeiro, a beleza do seu entorno natural é uma característica amigável ao idoso que não gosta de sujeira, de nível perturbador de barulho e de mau cheiro. Morar próximo do mar é considerado uma grande vantagem, assim como morar perto dos rios. Os idosos valorizam a paz e a tranquilidade do seu ambiente. Por seu turno, os idosos se queixam da sujeira e de níveis perturbadores de barulho e do mau cheiro.
Em certas comunidades há preocupação com o volume da música, associada à linguagem explícita das letras. A percepção da sujeira tem um impacto na qualidade de vida dos idosos. Para resolver esse problema, sugere-se a realização de campanhas de rua limpa, bem como normas em relação ao nível de ruído.

2. Importância de Espaços Verdes
A existência de espaços verdes é uma das características mais amigáveis aos idosos. Entretanto, existem barreiras que impedem os idosos de utilizar esses espaços. Por sua vez, tais terrenos são mal conservados e muitos deles se transformaram em depósitos de lixo. Além disso, esses espaços se tornaram lugares perigosos. Existem reclamações das pessoas quanto à inadequação de banheiros públicos e a ausência de bancos. Não há proteção contra o mau tempo, bem como as dificuldades de acesso complicam a ida dos frequentadores aos parques. Outro aspecto é quanto ao risco resultante da utilização compartilhada dos parques por parte de malfeitores.
Diferentes sugestões são oferecidas para se resolver esses problemas. Servidores públicos ou terceirizados, além dos cidadãos que zelam pelos parques, sentem a necessidade de espaços verdes menores e mais tranquilos em áreas periféricas da cidade, ao invés de parques maiores e muito frequentados por crianças e jovens, que não respeitam o espaço e os direitos do cidadão que já envelheceu. Idosos recomendam que sejam feitos jardins especiais para eles, enquanto outros sugerem que sejam demarcadas áreas só para idosos. Foi mencionada também a necessidade de uma melhor conservação dos parques.

3. Um Lugar para Descansar
A disponibilidade de bancos e áreas para sentar é uma característica urbana necessária para o idoso. Para muitos deles é difícil andar pela cidade se não houver algum lugar para sentar e descansar. A colocação de áreas externas para sentar é considerada positiva. Mas há alguma preocupação com a utilização de áreas ou bancos públicos por pessoas ou grupos intimidadores ou que apresentem comportamento antissocial.

4. Calçadas Amigáveis aos Idosos
A condição das calçadas tem um impacto óbvio na capacidade de locomoção do idoso. Calçadas estreitas, desniveladas, com rachaduras, que tenham meios-fios altos, ou que sejam congestionados, ou apresentem obstáculos, são potencialmente perigosas e afetam a capacidade de os idosos caminharem pelas ruas.
Calçadas inadequadas se tornaram problemas quase universais. Em muitos bairros os pedestres são obrigados a dividir a calçada com camelôs ou com carros estacionados, obrigando-os a caminhar pelas ruas. O clima pode contribuir para a dificuldade de locomoção dos idosos nas calçadas.
As características para fazer calçadas amigáveis aos idosos, além do planejamento e da conservação, são:
a) Uma superfície homogênea, plana e antiderrapante;
b) Larga o bastante para circular em cadeira de rodas;
c) Rebaixamento do meio-fio para ficar nivelado com a rua;
d) Remoção de obstáculos, a exemplo de camelôs, carros estacionados e árvores; e
e) Prioridade de acesso para pedestres.

5. Cruzamentos Seguros para Idoso
A capacidade de atravessar a rua em segurança é uma preocupação mencionada com frequência pelos idosos. Medidas para melhorar as condições de travessia dos pedestres são as seguintes: sinais de trânsito nos cruzamentos de pedestres e a construção de pontes e túneis para ajudar os pedestres a atravessar as ruas.
O volume e a velocidade do tráfego representam barreiras para os idosos, sejam eles pedestres ou motoristas. Os sinais de trânsito mudam muito rapidamente. Uma sugestão é que os sinais tenham uma contagem regressiva visual, para que os idosos saibam quanto tempo têm para atravessar a rua. Sinais sonoros em cruzamentos de pedestres são bem apreciados. A recomendação é que se implantem sinais sonoros e visuais nos cruzamentos.
Outra preocupação para os idosos é que os motoristas não respeitam os sinais de trânsito e não dão a vez aos pedestres, principalmente quando se trata dos mais velhos, que são lentos para caminhar.
Características amigáveis ao idoso são:
a) Sinais sonoros e visuais nos cruzamentos;
b) Contagem regressiva visual;
c) Contagem regressiva mais lenta; e
d) O respeito dos motoristas aos sinais de trânsito.

6. Acessibilidade
Tanto em países desenvolvidos quanto nos em desenvolvimento, as pessoas acreditam que a sua cidade não foi planejada para idosos. Existem muitas barreiras físicas que desestimulam os idosos a saírem de casa. Eles têm dificuldades de acesso à favela porque as ladeiras que sobem os morros são de concreto. A ausência de rampas, em algumas áreas, é um grave problema.
A recomendação para a solução dessas questões é fazer com que os planejadores urbanos e arquitetos passem a ter, por intermédio de cursos e propagandas, entendimento, discernimento e compreensão sobre as necessidades dos idosos, no que diz respeito à locomoção, à segurança e ao conforto de andar pelas ruas sem sentir medo ou mal-estar.

7. Um Ambiente Seguro
A sensação de segurança no local onde se mora afeta, efetivamente, a vontade e o desejo de os idosos saírem às ruas, o que, por sua vez, influencia em sua independência, saúde física, integração social e bem-estar emocional.
Independente do nível real de perigo, preocupações quanto à segurança, são mencionadas em quase todos os lugares e incluem como características amigáveis aos idosos, a iluminação urbana, combate à violência e ao crime. Idosos têm medo de moradores de rua e de usuários de drogas. Os nossos pais e avós sentem medo de sair à noite por causa dos motivos já elencados.
Uma sugestão para melhorar a segurança nas ruas é envolver a comunidade, como, por exemplo, fazer com que ela estimule os idosos a se organizarem em grupos para que tenham maior segurança nas ruas, bem como a Prefeitura aumentar o patrulhamento da Guarda Municipal em toda a cidade.

8. Calçadas e Ciclovias
Calçadas e ciclovias são tidas como determinantes de um ambiente amigável ao idoso, de promoção da saúde. Contudo, tais passeios também apresentam riscos. Alguns idosos veem o ciclista como um perigo para a sua segurança física. Uma característica amigável ao idoso seria a separação do idoso do ciclista, ou seja, ciclovia para os ciclistas e calçadas para pedestres idosos, com faixas a delinear os espaços de ambos.
A necessidade das calçadas terem a superfície nivelada é enfatizada por cuidadores de idosos. Eles apregoam que elas sejam de fácil acesso e, consequentemente, facilitem a locomoção de cadeiras de rodas.
Idosos sugerem ainda o desenvolvimento de um sistema de calçadas que lhes permita se locomoverem por toda a cidade. Existe a recomendação de se fazer calçadas em estacionamentos para garantir a segurança. A colocação de banheiros públicos nas calçadas é uma idéia a ser implementada como característica amigável ao idoso.

9. Prédios Amigáveis aos Idosos
Os idosos mencionam que novos prédios são acessíveis, mas que melhorias precisam ser feitas para que os prédios antigos fiquem mais acessíveis. De maneira geral, as características necessárias para que os prédios sejam amigáveis aos idosos são:
a) Elevadores;
b) Escadas rolantes;
c) Rampas;
d) Portas e corredores amplos;
e) Escadaria adequada (não muito inclinada, degraus não muito altos) com corrimão;
f) Piso antiderrapante;
g) Área de estar com sofás, poltronas, bancos e cadeiras confortáveis;
h) Sinalização adequada; e
i) Banheiros públicos com acesso a pessoas deficientes.

Elevadores são mencionados pelos idosos como uma barreira. Idosos têm medo de usar elevadores e precisam ser acompanhados. Eles têm receio de usar elevadores porque é comum faltar luz e, com efeito, ficarem presos.
Ainda que a importância de se ter prédios acessíveis aos idosos seja amplamente reconhecida, a realidade é que muitos prédios, especialmente os antigos, são de difícil acesso aos idosos. Em alguns casos, não é possível tornar os prédios antigos mais acessíveis. Percebe-se a necessidade de melhorar a acessibilidade desses edifícios, especialmente para facilitar o acesso das cadeiras de rodas.
Alguns atributos positivos e negativos de shoppings são também mencionados pelos idosos. Uma característica agradável ao idoso é que os shoppings forneçam cadeiras de rodas para os seus clientes e disponham de acesso próprio para as cadeiras. A necessidade de caminhar longas distâncias é vista como uma barreira para esse público ir aos shoppings
Considera-se como características amigáveis aos idosos que prédios, incluindo lojas, sejam localizados próximos de onde vivem, para permitir-lhes acesso mais fácil aos serviços e ao comércio. A concentração de lojas e serviços permite que os idosos façam suas compras perto de onde moram.

10. Banheiros Públicos Adequados
A existência de banheiros limpos, convenientemente localizados, bem sinalizados e acessíveis a deficientes é, em geral, considerada uma importante característica amigável ao idoso.
Há vários obstáculos relativos a banheiros públicos. Observaram os idosos que as portas dos banheiros são pesadas. Os banheiros públicos são pequenos e nem todos dispõem de bancos para sentar. A construção de banheiros públicos adequados aos idosos é uma questão imperativa e requer celeridade para que essas pessoas possam ter mais conforto e comodidade.

11. Consumidores Idosos
A existência de bons serviços de atendimento a clientes, que reconheçam as necessidades dos idosos, é considerada uma característica amiga do idoso. O tratamento deve ser dado preferencialmente a idosos, bem como oferecer cadeiras de rodas para os clientes idosos que necessitam do equipamento. Priorizar a criação de um guia de lojas e negócios amigos do idoso e o desenvolvimento de um sistema de auditoria sobre as prestações de serviços aos idosos.
Uma das barreiras identificadas são as longas filas e o tempo de espera que os idosos enfrentam para serem atendidos. É necessário que haja sempre um atendimento diferenciado aos idosos, como filas separadas ou guichês de atendimento específicos. Os idosos recomendam que as mulheres mais velhas tenham preferência nas filas. É importante a colocação de assentos em locais comerciais, tais como Bancos, onde há necessidade de os idosos esperarem pelo atendimento.
Outra barreira identificada é o desaparecimento de pequenas lojas de bairros ou lojas de conveniências. Com seus fechamentos, os idosos perdem uma fonte em potencial de contato social e precisam se deslocar por distâncias maiores para fazerem suas compras.

II – TRANSPORTES

Visão Geral: O transporte público acessível e barato é um fator importante, que influencia no envelhecimento ativo. É um tema recorrente em muitas áreas de discussão. Em especial, a possibilidade de se mover pela cidade determina a participação cívica e social e o acesso a serviços comunitários e de saúde.

1. Disponibilidade
Serviços de transportes públicos estão disponíveis em quase toda cidade, mas não em todas suas áreas e bairros. Há um sistema de serviços de transportes disponível, incluindo ônibus, trens, metrô, barcas, teleféricos, bondes, vans e micro-ônibus, serviços específicos para idosos frágeis ou deficientes, táxis e motoristas particulares. Ainda assim, independente de sua etapa de desenvolvimento, ocorrem falhas que precisam ser resolvidas para tornar a comunidade mais amiga do idoso.

2. Custo
O custo é considerado um fator significativo que afeta a utilização do transporte público por idosos. O transporte público é gratuito para os idosos acima dos sessenta e cinco anos de idade. Uma característica amigável ao idoso seria a gratuidade no transporte público para idosos acima de sessenta anos. Outra característica importante seria pessoas com setenta anos ou mais ter direito a um Passe Acompanhante.

3. Confiabilidade e Frequência
A existência de serviços de transportes públicos confiáveis e frequentes é identificada como uma característica amigável ao idoso. Entretanto, há vários relatos de que os serviços de transportes públicos não têm a frequência necessária e não são tão confiáveis. Há ainda o fato de a grande maioria dos motoristas não respeitarem os idosos, porque se recusam a parar nos pontos para pegá-los. Por sua vez, os motoristas de ônibus afirmam que não param por ordem das empresas.

4. Destinos
A capacidade de usar transporte público depende, em grande parte, saber para onde as pessoas desejam ir. Os idosos mencionam que os serviços de transportes públicos têm uma boa cobertura em pelo menos algumas áreas da cidade, permitindo que as pessoas cheguem ao destino que desejam. Por seu turno, há queixas de que muitas localidades não são cobertas, ou que é difícil cruzar a cidade de uma ponta à outra, além de as conexões entre ônibus e outros meios de transportes serem muito ruins. Além disso, destinos importantes para idosos não são bem servidos.

5. Veículos Amigáveis aos Idosos
Embarcar e desembarcar de veículos são problemas apontados pelos idosos. Os veículos de transportes públicos não são adaptados para proporcionar um acesso mais fácil aos idosos. Uma característica amigável ao idoso seria disponibilizar ônibus de piso rebaixado. Os ônibus não são adaptados para cadeira de rodas. Existe também a má conservação de alguns ônibus.

6. Serviços especializados para idosos
Idosos com dificuldade de usar transporte público precisam ter meios de transporte especialmente adaptados. Estes são mencionados como uma característica amigável aos idosos. Recomenda-se sejam oferecidos serviços de transportes adaptados às pessoas com deficiência. Cuidadores relatam que os táxis são os únicos meios de transportes de idosos com deficiências, mas que as cadeiras de rodas não cabem nos porta-malas por causa dos tanques de gás. Os cuidadores sugerem que haja ônibus especificamente adaptados para pessoas com deficiência e seus respectivos cuidadores.

7. Assentos para idosos e gentileza dos passageiros
Dar prioridade aos idosos para sentar, em transportes públicos, é uma característica amigável aos idosos. Entretanto, ainda é um problema para os passageiros respeitarem essa prioridade. É recomendável ação de educação da população sobre gentileza no transporte público.

8. Motoristas
A gentileza dos motoristas ao facilitar o acesso ao transporte público é uma característica amigável aos idosos. Entretanto, existe a falta de sensibilidade dos motoristas, especialmente dos ônibus para com os idosos. Os motoristas não esperam que os idosos se sentem antes de arrancar com o ônibus.
Problema grave é a relutância dos motoristas em pegarem os idosos. Outras barreiras são as dificuldades causadas quando os motoristas não param perto da calçada para que os idosos possam embarcar e desembarcar com segurança. Os motoristas de ônibus param fora do ponto, o que costuma ser perigoso, especialmente em esquinas. Alguns motoristas são grosseiros com os idosos. A direção perigosa e o não cumprimento da legislação de trânsito também são outros problemas que devem ser combatidos e sanados.

9. Segurança e Conforto
A sensação de segurança ou insegurança na utilização do transporte público tem um impacto significativo na disposição dos idosos de usar esse serviço. Em via de regra, os transportes são seguros. Entretanto, há a necessidade de medidas a serem tomadas com o propósito de aumentar ainda mais a segurança dos idosos. A superlotação do transporte público, especialmente nas horas de pico, representa um problema de segurança para os idosos. Por exemplo, puxões e empurrões são ações que prejudicam os idosos nos pontos e ao embarcar e desembarcar dos ônibus.

10. Paradas e Estações
O desenho, a localização e as condições das paradas e das estações de transportes públicos são características amigáveis aos idosos. Torna-se obrigatório a colocação de bancos nos pontos, bem como o teto para protegê-los do sol e da chuva, bem como a iluminação tem de ser forte e clara. A localização dos pontos apresenta algumas dificuldades para os idosos. Para esse público, os pontos são poucos e a distância entre eles é muito grande. Os idosos manifestam preocupação em terem que atravessar uma via movimentada para chegar ao ponto. Eles reclamam que as paradas de ônibus ficam muito longe de suas casas.
Existem problemas de segurança em pontos de transportes públicos. Os idosos se queixam de vandalismo e da destruição das paradas.
Estações de trem e terminais de ônibus devem ser de fácil acesso e planejados para serem amigáveis aos idosos, dispondo de rampas, escadas rolantes, elevadores, banheiros públicos e uma sinalização visível e inteligível. É um problema a falta de instalações que permitam o transporte de bagagem e cadeiras de rodas para as plataformas nas estações de trens.

11. Táxis
Os táxis são considerados uma opção de transporte amigável ao idoso. Os motoristas de táxi são muito prestativos, oferecendo um serviço bom e conveniente.
As barreiras identificadas são os altos custos das tarifas e a ausência de acesso para deficientes. Além do que os motoristas de táxi não param para passageiros em cadeira de rodas. O tamanho dos porta-malas dos táxis é um problema, porque não há espaço para levar andadores. Uma característica amigável ao idoso seria que os táxis tivessem porta-malas grandes o bastante para caber uma cadeira de rodas.

12. Transporte Comunitário
Um serviço de transporte comunitário (isto é, transporte gratuito prestado por voluntários ou pelo setor privado) é considerado um serviço amigável ao idoso. Transporte gratuito para que os idosos compareçam a consultas médicas. Motoristas voluntários nas comunidades e o serviço de transporte oferecido por supermercados são muito apreciados. Além, claro, de um serviço de transporte comunitário com ônibus de fácil acesso e motoristas treinados para atender os idosos.

13. Informação
Para os idosos é importante ter acesso a informações sobre as opções de transportes, sobre como usar os serviços e saber de seus horários. Seria muito útil oferecer aos idosos que não dirigem um curso sobre como usar transporte público. Nos horários dos ônibus deve haver a indicação dos veículos que permitem o acesso de pessoas deficientes. Existe a necessidade de os horários serem impressos em letras grandes e colocados em locais convenientes.

14. Condução de veículos
Dirigir uma opção de transporte amigável aos idosos. Contudo, existem barreiras à condução de veículos pelos idosos. Dentre as barreiras estão o tráfego pesado, ruas mal conservadas, dispositivos ineficazes para melhorar o fluxo do trânsito, iluminação pública inadequada, sinalização mal posicionada e de difícil leitura e a desobediência às leis de trânsito. Há preocupação quanto à ineficácia de dispositivos para limitar a velocidade dos carros. Em regra geral, os motoristas não idosos não respeitam as leis de trânsito e são considerados muito agressivos.

15. Gentileza para com os motoristas idosos
Além das barreiras acima identificadas, o desrespeito aos motoristas idosos os desestimula a dirigir. O abuso contra motoristas idosos decorre do fato de eles dirigirem muito devagar. Os idosos se sentem inseguros quando dirigem por terem problemas de visão e por causa do tráfego agressivo. Prestadores de serviços comentaram que os idosos não se sentem confiantes em dirigir.
Dirigir é uma opção de transporte fundamental, que cria uma preocupação quanto às dificuldades que os idosos enfrentam quando param de dirigir. Para garantir que os idosos sejam motoristas confiáveis, recomenda-se um curso de reciclagem.

16. Estacionamento
Vagas de estacionamento específicas para idosos e deficientes, situadas próximas aos prédios, em conjunto com áreas de embarque e desembarque, são consideradas características amigáveis aos idosos. Os idosos apreciam os estacionamentos para deficientes e idosos existentes nas lojas. Um estacionamento gratuito e grande é considerado amigável para o motorista idoso.
Todavia, estacionamentos inadequados e caros são considerados uma barreira para os idosos. Outros problemas são também mencionados: não há pontos para embarque e desembarque de idosos com deficiência em número suficiente ao passo que foi observado que as vagas de estacionamentos não são largas o suficiente para permitir que uma cadeira de rodas seja colocada no carro. Outra preocupação mencionada foi a falta de respeito na utilização de vagas para deficientes.

III - MORADIA

Moradia é fundamental para a segurança e bem-estar. Não é de surpreender que as pessoas consultadas tenham muito a dizer sobre os diferentes aspectos de moradia: estrutura, projeto, localização e escolha. Há uma relação direta entre uma moradia apropriada e acesso a serviços comunitários e sociais que influenciam a independência e a qualidade de vida dos idosos. Está claro que a moradia e os serviços de suporte, que permitem aos idosos envelhecer com conforto e segurança na comunidade a que pertencem são questões universalmente valorizadas.

1. Viabilidade Financeira
Há um consenso de que o custo da moradia é um fator importante e que tem influência direta sobre o local onde os idosos moram e na sua qualidade de vida. Enquanto em algumas regiões o custo da moradia, incluindo o aluguel, é considerado financeiramente viável, em outras a moradia é considerada cara, tornando difícil aos idosos morarem de forma adequada.
Moradia pública, gratuita ou de baixo custo é considerada uma característica amigável aos idosos. A ausência de moradias de baixo custo é vista como uma barreira. A necessidade de se ter moradia subsidiada para os idosos é um tema que tem de se transformar em realidade.

2. Serviços Essenciais
Os serviços essenciais em algumas regiões da cidade são adequados aos idosos. Em outras, são inadequados e muito caros para as pessoas que estão na terceira idade. Casas em áreas de baixa renda não têm eletricidade, gás e água. Não possuem saneamento básico. Água, esgoto e eletricidade são características amigáveis aos idosos.

3. Planejamento
Muitos aspectos do planejamento da moradia afetam a capacidade de os idosos morarem, confortavelmente, em suas casas. Em geral, considera-se importante que os idosos vivam em residências construídas com material adequado e estruturalmente seguras; que tenham superfícies niveladas; que disponham de elevador, se houver andares para subir; que o banheiro e a cozinha sejam adaptados; que seja grande o bastante para se locomover dentro dela; que tenham um espaço de armazenamento adequado; que tenha corredores com portas suficientemente largas para permitir a passagem de cadeira de rodas; e que seja adequadamente equipada para atender às condições ambientais. São características amigáveis aos idosos.
Várias características estruturais são identificadas como barreiras. Uma planta cuja disposição dos cômodos impede a mobilidade é um problema identificado. Escadas e pisos não nivelados são vistos como barreiras. Existe a necessidade de se ter banheiros e lavabos especificamente projetados para idosos. As cozinhas precisam ser mais bem planejadas. Necessita-se de corrimões e elevadores em prédios de andares e de portas suficientemente largas para a passagem de cadeiras de rodas.
Recomenda-se que haja mais moradias amigáveis aos idosos, necessitando estimular arquitetos e construtores para referida construção. Os construtores devem incluir características adaptadas ou adaptáveis nos seus projetos, como colocação de interruptores a uma altura mais baixa, a instalação de chuveiros ao invés de banheiras e escadas que podem ser adaptadas para acomodar um ascensor de cadeira de rodas. Recomenda-se, ainda, que características amigáveis aos idosos sejam incorporadas à legislação específica para construções imobiliárias.

4. Modificações (Adaptações)
A possibilidade de se adaptar uma casa ou apartamento também afeta a capacidade do idoso continuar a viver confortavelmente em sua casa. Cuidadores gostam dos ascensores instalados para cadeiras de rodas para auxiliar no deslocamento de idosos cadeirantes. Moradias para idosos com deficiências precisam ser devidamente adaptadas.
Várias dificuldades em relação a reformas de casa foram identificadas. Reformar uma casa é considerado caro e difícil. Os idosos identificaram a necessidade de receberem informações sobre diferentes tipos de materiais e suas possíveis adaptações e sobre equipamentos de fácil aquisição.

5. Manutenção
A manutenção ou conservação da casa é um grande obstáculo para alguns idosos. Os idosos são incapazes de fazer consertos por causa do custo envolvido. Uma característica amigável ao idoso seria a prefeitura cobrar uma taxa simbólica para disponibilizar um serviço de manutenção de casas. Os altos custos dos condomínios são considerados um obstáculo, mas observa-se que é possível sublocar um apartamento para pagar parte do custo de manutenção da casa.
Há preocupação quanto ao fato de estranhos virem a fazer o trabalho de manutenção. Uma característica agradável ao idoso seria a prefeitura ter uma lista de profissionais confiáveis e preparados para lidar com idosos.

6. Acesso a serviços
A prestação de serviços a idosos em seus lares é especialmente importante. Os idosos não cogitam em se mudar de onde moram. Da mesma forma, os prestadores de serviço dizem que os idosos são muito apegados às suas casas e não querem se mudar. Os idosos manifestam que é melhor receber ajuda em casa do que ter que se mudar.
Em algumas regiões, há dificuldades de se obter serviços em casa, inclusive, pelo seu custo, o que é considerado uma desvantagem.
Morar perto de uma área em que haja serviços e prédios públicos é considerada uma característica amigável ao idoso. Viver longe desses serviços é considerado um problema.
Deve-se alertar quanto ao fato de um idoso permanecer em casa, porém incapaz de cuidar de si adequadamente. Existe a necessidade de se educar os idosos quanto aos riscos de morarem sozinhos. Sugere-se a publicação de um guia para idosos listando os diferentes prestadores de serviços de manutenção e conservação de imóveis.

7. Conexões comunitárias e familiares
Ambientes familiares, em que as pessoas se sintam integradas à comunidade é uma característica amigável ao idoso. Por esse motivo, os idosos relutam em se mudar. Eles sentem um tipo de segurança psicológica no seu ambiente e por isso enfatizam a importância dos seus vizinhos. A importância de as novas construções para idosos ficarem próximas das antigas é uma forma de preservar seus vínculos com a família e a comunidade. Há preocupação quanto aos idosos perderem seus vínculos afetivos e sociais caso se mudem para outros locais.
Mudanças na cidade afetam essa sensação de familiaridade com a comunidade. A falta de contato pessoal com os vizinhos é considerada como uma característica não amigável ao idoso. Idosos mostram preocupação com a falta de espaços para integração entre as gerações. A ausência de contato com jovens em prédios de apartamentos é vista como uma característica não amigável ao idoso. Os apartamentos modernos e sem varandas não permitem a interação da comunidade. É salutar a importância de um planejamento que facilite a interação comunitária. Sugere-se que as casas devam estar próximas a centros comunitários para reduzir a sensação de isolamento.

8. Opções de moradia
Ter várias opções de moradia na região para atender às novas necessidades é uma importante característica amigável ao idoso. Por exemplo, os idosos podem escolher entre morar em casas menores, residências para idosos ou centros de longa permanência. Moradias para idosos também devem ser baratas para terem a característica de amigável ao idoso. A moradia para esse público deve ser integrada à comunidade local.

9. Ambiente onde se mora
É importante que os idosos tenham espaço e privacidade em sua casa. O excesso de pessoas é identificado como um obstáculo para os idosos.
A sensação de segurança no ambiente doméstico é outra questão importante. Em muitas regiões, os idosos se sentem inseguros e, em especial, têm medo de morar sozinhos. Algumas medidas são características amigáveis dos idosos, por exemplo, câmaras de vigilância usadas em casas e dispositivos para fazer chamadas de emergência em caso de necessidade.

IV – PARTICIPAÇÃO SOCIAL

Visão Geral – Participação social e suporte social são muito ligados à boa saúde e ao bem-estar ao longo da vida. A participação em atividades de lazer, sociais, culturais e espirituais na comunidade, bem como junto à família permite que os idosos continuem a exercer a sua autonomia, a gozar de respeito e estima, além de manter ou formar relacionamentos de apoio e carinho. Ela fomenta a integração social e é a chave para que os idosos fiquem informados. Ainda assim para os idosos a capacidade de participar, formal e informalmente da vida social depende não só das atividades oferecidas, mas também da disponibilidade de acesso adequado aos transportes e aos locais onde elas se realizam e também de receberem informações sobre essas atividades.
Os idosos contam que participam de atividades em suas comunidades, mas gostariam de ter maiores possibilidades de participação. Eles sugerem que haja atividades variadas, próximas de onde moram. Os idosos gostariam de oportunidades que fomentassem a integração deles com suas comunidades. Eles desejam ter atividades que estimulem a integração junto às pessoas de outras faixas etárias e culturas. As maiores preocupações são relativas ao custo e ao acesso, especialmente para pessoas com deficiência e também quanto à divulgação das atividades e eventos. Dispor de meios adequados que permitam a acessibilidade, especialmente para pessoas com dificuldade de locomoção, é importante em todos os lugares.

1. Oportunidades acessíveis
Os idosos podem ter conhecimento de eventos e atividades que existem em sua comunidade, mas na experiência de muitos participantes deste projeto tais atividades são inacessíveis. A segurança pessoal, especialmente à noite, é mencionada como um obstáculo. Muitas vezes os locais ficam muito longe e o transporte é difícil. Outro problema comum é a acessibilidade dos prédios, especialmente para pessoas com problemas de locomoção, e a falta de instalações adequadas, como banheiros, assentos apropriados ou um ambiente livre do cigarro. Outro obstáculo mencionado é a restrição à entrada, como a necessidade de se ser membro de uma organização.
Característica agradável ao idoso seria organizar várias atividades em horários adequados e fornecer transporte para que eles compareçam. Outra proposta sugerida é permitir que os idosos possam levar amigos e parentes para os eventos, pois estimularia a participação deles.

2. Atividades financeiramente acessíveis
A gratuidade ou o baixo custo das atividades facilitam a participação dos idosos. O preço das atividades é um problema frequentemente citado. Em algumas áreas, há opções variadas apenas para aquelas pessoas de renda adequada, porque atividades recreativas e de lazer só são possíveis para os ricos. O Rio de Janeiro oferece muitas atividades de lazer gratuitas.

3. Leque de oportunidades
A existência de várias oportunidades que interessam a uma gama variada de idosos estimula uma maior participação. O centro urbano oferece atividades diversas, mas há menos oportunidades para pessoas que vivem fora desse centro. Existem também menos opções para pessoas frágeis ou portadoras de deficiências. Por vezes, os horários das atividades são rígidos e os idosos precisam optar entre suas necessidades pessoais, como o cochilo habitual da tarde ou a participação em uma atividade. Os locais onde as atividades ocorrem podem não agradar aos idosos, por causa do nível de ruído ou ênfase em atividades para jovens. Diversas atividades integradas e voltadas para segmentos específicos podem atender a um número maior de pessoas. Dentre a diversidade estão eventos como os organizados voltados para pessoas com mais de oitenta anos. Umas das características amigáveis aos idosos são eventos esportivos em que competem em diferentes categorias. Outra é oferecer refeições comunitárias e contato social como parte da atração. Atividades ao ar livre, como caminhar nas praias, parques e jardins, são consideradas maneiras simples e baratas de estimular a participação social.
A Cidade do Rio de Janeiro oferece a Academia da Terceira Idade ao ar livre em inúmeros bairros.
Atividades culturais, educacionais e tradicionais também são importantes para os idosos. A educação continuada por meio das Universidades da Terceira Idade ou por meio de cursos em centros comunitários ou de idosos estimula a participação e o aprendizado. Casamentos e funerais constituem oportunidade de socialização.

4. Divulgação das atividades e eventos
Os idosos precisam ter conhecimento das atividades e das oportunidades para participar. Idosos que frequentam serviços religiosos e outras atividades realizadas regularmente tendem a saber de novas atividades através da informação boca a boca. Uma característica amigável para que mais idosos participem das atividades é haver publicidade o bastante para atraí-los.

5. Estimular a participação e combater o isolamento
Uma mensagem consistente é que a participação social é mais fácil quando as oportunidades são muitas e estão perto de onde se mora. As pessoas estão insatisfeitas com a falta de centros comunitários em todos os bairros. Uma característica amigável aos idosos é que os centros comunitários fiquem a uma distância próxima para que eles possam ir a pé. Recomenda-se que os prédios ou construções existentes nas comunidades, como escolas e centros recreativos, possam ser usados por todos os membros daquela comunidade, inclusive idosos, para uma maior variedade de atividades de lazer em diferentes locais.
Esforços voltados para estimular e motivar a participação dos idosos pode, por vezes, fazer a diferença entre participação e isolamento. Muitas pessoas que estão envolvidas com grupos e clubes de idosos estão satisfeitas com suas atividades. Contudo, algumas pessoas relutam em participar de clubes e associações por vários motivos: elas podem não conhecer ninguém, acreditam que devem partilhar de uma determinada visão política ou acham que as atividades daquele clube não são interessantes.
Há muitas explicações sobre o porquê de idosos que vivem em isolamento terem dificuldade de se associar com outros. Os seus contatos sociais desapareceram, gradativamente, após a morte do cônjuge e de outros membros da família e amigos. A saúde pode estar em declínio, o que limita a sua capacidade de participar. Devido às mudanças na estrutura da sociedade, há um número maior de mulheres que trabalham e, portanto, não dispõem de tempo durante o dia para visitar os idosos. Visita aos idosos isolados que vivem em suas casas proporciona uma conexão social e é uma maneira de estimulá-los à participação.
Os cuidadores, muitos dos quais também são idosos, estão especialmente vulneráveis ao isolamento porque o seu mundo é centrado na pessoa de quem cuidam. Os participantes sugerem que haja mais programas e opções que permitam aos idosos com deficiências se socializarem fora de suas casas sem a necessidade da presença do seu cuidador. A realização de atividades que durem o dia inteiro e opções para descanso da tarefa de cuidar são sugeridas como maneira de ajudar os cuidadores de idosos a permanecerem em contato com a sociedade.
Também é importante respeitar aquele idoso que prefere não participar e opta por se abster de frequentar as atividades.

6. Integrando gerações, culturas e comunidades
Os idosos querem oportunidades para se socializar e se integrar com outros grupos etários e outras culturas em suas comunidades e famílias.
Atividades intergeracionais são consideradas mais desejáveis que atividades voltadas apenas para idosos. Essas oportunidades são propiciadas ao se compartilhar espaços e instalações onde um centro para idosos pode estar localizado em uma área não utilizada de uma escola primária. Algumas atividades podem envolver idosos em ambientes escolares. Sugere-se a realização de programas em centros comunitários e recreativos para estimular a participação de pessoas de diferentes idades e níveis de dependência.
Se não for possível para os idosos participar de atividades fora de casa, ver televisão representa a sua única fonte de lazer e conexão com a sociedade. Como a televisão é voltada para uma audiência composta por pessoas de todas as idades, os idosos se preocupam com a programação, pois são poucas as opções de programas televisivos para eles.
Idosos querem participar da vida familiar de uma maneira que seja significativa. Os idosos dizem não querer se isolar de suas famílias. Porém, as famílias podem não dar tanta atenção aos idosos, especialmente se houver a expectativa dos avós de cuidarem dos netos, ou se houver pouco tempo para se dedicar a um membro idoso da família.
Uma maior integração de gerações é vista como uma maneira de combater o preconceito contra os idosos na sociedade, pois ele desestimula a participação social. Eles mencionam o desejo de uma maior conscientização social sobre a realidade do envelhecimento, e consideram que as outras gerações seriam mais pacientes e respeitosas se compreendessem mais umas às outras.
Oportunidades intergeracionais são experiências enriquecedoras para todas as idades. Os idosos transmitem práticas tradicionais, conhecimento e experiências, ao passo que os jovens oferecem informações sobre novas práticas e ajudam os idosos a se situarem em uma sociedade que muda muito rapidamente.
A formação e o planejamento de um bairro podem estimular a integração de pessoas de várias origens, idades e culturas. Muitos bairros em cidades de todo o mundo estão mudando. As pessoas mais jovens não vivem no mesmo bairro que os membros mais idosos de sua família. Elas podem não manter os mesmos vizinhos ao longo de suas vidas, e na cidade há populações de imigrantes que não falam o mesmo idioma e não têm a mesma formação que a maioria da população.
Um bairro aberto e acolhedor forma a base para que os novos moradores se integrem, pois novos residentes correm o risco de ficarem isolados. Os idosos reconhecem a necessidade de melhor integrar às suas atividades para estimular uma maior participação de pessoas de outros lugares e diferentes culturas.

V – Respeito e Inclusão Social

Visão Geral: Os idosos relatam perceber comportamentos e atitudes conflitantes em relação a eles. Com efeito, muitos se sentem respeitados, reconhecidos e incluídos. Porém, outros experimentam uma falta de consideração por parte das pessoas e também de prestadores de serviços, bem como de suas famílias. Esse embate se explica pela mudança que a sociedade está a passar, com novas normas de comportamento, a falta de contato entre as gerações, além do desconhecimento generalizado do processo de envelhecimento e do que é ser velho. Ficou claro pelo estudo realizado que o respeito e a inclusão social dos idosos dependem de outros fatores, além das mudanças sociais: cultura, gênero, condição de saúde e status econômico têm um papel importante na inserção social dos idosos. O grau de participação dos idosos na vida social, cívica e econômica da cidade está também intimamente relacionado à experiência deles no que diz respeito à inclusão social.

1. Comportamento respeitoso e desrespeitoso
Os idosos comentam que o comportamento das pessoas para com eles ou é de respeito e gentileza ou bem ao contrário. Em geral, os mais velhos são respeitados na cidade: a maioria dos idosos menciona o respeito e a gentileza frequentemente demonstrados para com eles.
Exemplos de serviços amigáveis aos idosos são: cédulas de votação levadas às residências dos idosos, que não podem comparecer às seções eleitorais; fones de ouvido fornecidos em igrejas para pessoas com deficiência auditiva; bancos com funcionários treinados para tratar bem os idosos, e, ao início de cada mês, disponibilizar de horário determinado para atender exclusivamente os idosos; e em estabelecimentos comerciais as pessoas da terceira idade poderiam ser atendidas por funcionários especificamente designados para aquela área reservada a elas.
Os idosos se sentem especialmente respeitados e incluídos em clubes de idosos. É também observado que quando os idosos são respeitosos entre eles, passam a receber tratamento igualmente respeitoso de seus contemporâneos.
Todavia, existem ocorrências de comportamentos desrespeitosos para com os idosos. As pessoas demonstram impaciência. Um exemplo é que por serem lentos para realizar tarefas e ações, muitas pessoas direcionam gestos obscenos a motoristas idosos. Eles reclamam também de serem tratados como crianças, sentem-se criticados por jovens porque suas roupas são consideradas diferentes, além de ouvirem ironias pelo modo como falam. Alguns jovens são mal-educados com os idosos, não cedem seus lugares nos transportes públicos e são verbalmente ou fisicamente agressivos para com os mais velhos.
Em algumas áreas de serviços profissionais e do comércio, pessoas são desrespeitosas ou desconsideram as necessidades dos idosos. As comidas em restaurantes não são adequadas aos idosos. Acontece o mau atendimento em lojas. Atendentes de bancos e funcionários públicos não ouvem as queixas e reivindicações dos idosos.
Uma das sugestões para promover serviços que sejam amigáveis aos idosos é o treinamento de prestadores de serviço para que compreendam como responder e satisfazer melhor às necessidades dos idosos.

2. Preconceito contra a idade e desconhecimento
Em uma sociedade que glorifica a juventude, as imagens negativas comuns da velhice e do envelhecimento são geralmente evocadas para explicar o comportamento desrespeitoso. Dentre os preconceitos relatados contra a idade estão aqueles que consideram os idosos inúteis, menos inteligentes, sovinas ou um estorvo. Em países desenvolvidos, há a sensação de que os idosos, como grupo etário, são um estorvo, pois consomem grande parte dos recursos públicos. O idoso doente ou deficiente tem maior probabilidade de ser visto sob uma ótica negativa do que o saudável.
Acredita-se que o comportamento desrespeitoso e o preconceito contra a idade avançada em algumas cidades resultam da desinformação, da impessoalidade dos grandes centros que crescem cada vez mais, da falta de interação entre as gerações e da falta generalizada de conhecimento da população sobre a velhice e o envelhecimento.

3. Intervenção entre gerações e conscientização social
Existe grande necessidade de se facilitar e organizar encontros intergeracionais como: trabalhar em conjunto; participar de eventos intergeracionais programados; a participação de idosos em programas de educação cívica ou história em escolas ou tomar conta de crianças em espaços públicos; programas de voluntariado de jovens para ajudar os idosos. Todas as soluções que promovam atividades intergeracionais são bem aceitas.
Uma visão comum é que falta conscientização pública sobre o envelhecimento e os problemas a ele relacionados, e que a educação sobre o envelhecimento deve começar cedo e se estender a todos os grupos sociais.
Muitos são de opinião que a educação da comunidade deve começar na escola primária, para que as pessoas aprendam valores culturais e a respeitar os idosos. A educação sobre o envelhecimento deve incluir alguma compreensão das dificuldades decorrentes do envelhecimento físico e das deficiências associadas. Através da educação as pessoas seriam capazes de se preparar para esse período da vida. É importante se incutir respeito aos idosos. Uma boa sugestão é a realização de colônias de férias voltadas para a transmissão de valores sociais. Também é sábio propor uma educação sobre o envelhecimento por meio de anúncios, a serem veiculados na mídia sobre a importância de se ter uma atitude amigável com os idosos. Um bom exemplo seria um programa de televisão mostrar o relacionamento entre o jovem e o idoso, ou de jornais a publicar perfis de idosos da cidade que contribuíram para a comunidade. Anúncios e pôsteres com fotos atraentes do envelhecimento, bem como a apresentação dessas pessoas de maneira realista e jamais caricatural.

4. Um lugar dentro da comunidade
O papel dos idosos na comunidade é decisivo para que eles se sintam respeitados e incluídos. Em algumas comunidades eles ainda mantêm uma liderança local ativa e têm influência sobre as decisões. Com mais frequência, entretanto, existe perda dessas responsabilidades de liderança, e mesmo da relutância em se ouvir conselho de idosos. A comunidade não está habituada a levar em consideração as opiniões dos idosos, mesmo as decisões que dizem respeito a eles são tomadas sem consultá-los.
A participação dos idosos em eventos sociais contribui positivamente para a sua estima dentro da comunidade. Os idosos se envolvem em serviços voluntários, nos quais têm um papel ativo. Algumas tarefas são reservadas para os idosos, como trabalhar em supermercados. Um exemplo de inclusão amigável ao idoso seria criar um programa chamado “Pergunte ao Idoso”: este programa envolveria idosos em atividades nas quais eles têm experiência, como jardinagem, organização de eventos ou proferir palestras em escolas primárias. Outro exemplo de inclusão amigável ao idoso seria criar programas para levá-los às escolas.
Os idosos, suas competências e experiências de vida merecem confiança e devem ser usadas nas tomadas de decisão. Seus recursos devem ser valorizados pela comunidade.

5. Ajuda da comunidade
Existem pessoas que ajudam os idosos e que comunidades são mais ou menos inclusivas. As comunidades menores, onde as pessoas vivem por muito tempo e se conhecem umas às outras, são mais amigas e inclusivas. Contudo, poder-se-ia estimular comunidades mais inclusivas. Uma sugestão é que os bairros sejam organizados, por exemplo, com comitês de ruas. A criação de lugares para encontros de bairro, com reuniões de idosos.

6. Um lugar na família
Viver com suas famílias é considerado uma vantagem para os idosos. Permanecer com a família significa ser bem cuidado, ter carinho e manter o status social. Característica amigável ao idoso é ser consultado pelos familiares para a tomada de decisões e sua opinião levada em conta. Os idosos mencionam que membros da família são prestativos e que ajudam muito, ao tempo que as relações familiares estão mudando constantemente. Observa-se, por exemplo, que as famílias estão mais espalhadas porque os filhos se mudam para longe, e que as gerações mais novas não têm tanto tempo para dedicar aos membros mais velhos da família. Em consequência, os idosos ficam, gradativamente, marginalizados em suas próprias famílias. Eles contam que as mulheres mais velhas nem sempre são consultadas sobre questões familiares. Muitas vezes os avós ficam reduzidos à condição de empregados de seus netos. Em algumas famílias exigem que os idosos exerçam atividades remuneradas. Prestadores de serviço mencionam problemas de abandono ou maus-tratos a idosos.

7. Exclusão econômica
A maioria dos idosos tem uma renda muito pequena e a pobreza, independente da idade, exclui as pessoas da sociedade. Muitos idosos dizem que se sentem excluídos da sociedade por causa de sua baixa renda: os aposentados dependem totalmente de pequenas pensões pagas pelo governo.
Uma característica amigável aos idosos seria criar um programa com um cartão de identificação que lhes permitem descontos e até mesmo serviços de graça em toda a cidade.

VI - Participação cívica e emprego

Visão Geral: Idosos não param de contribuir para a sua comunidade quando se aposentam. Muitos continuam a trabalhar, gratuita e voluntariamente, para as suas famílias e comunidades. Em algumas regiões circunstâncias econômicas forçam os idosos a trabalhar de maneira remunerada muito depois da hora de eles se aposentarem. Uma comunidade amiga dos idosos lhes dá opções para que eles continuem a contribuir para a sociedade, seja por meio de trabalho remunerado ou voluntário.
Muitos idosos gostariam de continuar a trabalhar, e, com efeito, alguns efetivamente o fazem. Além disso, eles expressam desejo e vontade de participar de trabalho voluntário em suas comunidades. Os idosos gostariam de ter mais oportunidades de emprego, bem como gostariam que suas atividades de trabalho voluntário fossem moldadas às suas necessidades e interesses. Essas pessoas também gostariam de ver maior estímulo à sua participação cívica, e percebem que existem barreiras, como os obstáculos físicos e estigmas culturais para a participação dos idosos.

1.Opções de trabalho voluntário para idosos
Os idosos estão presentes em atividades voluntárias e desfrutam de muitos benefícios decorrentes dessas atividades, a incluir a sensação de autovalorização, de se sentir ativo, de ser um indivíduo saudável, além de manter suas conexões sociais.
Apesar da importância do trabalho voluntário, os idosos observam muitos obstáculos, tais como ter conhecimento das oportunidades de trabalho voluntário, e em especial quais seriam as mais adequadas a eles. Eles querem mais oportunidades e uma maior gama de opções. Sugere-se a criação de uma central de informações para que os idosos consultem as oportunidades existentes. Criar um site para que eles encontrem as oportunidades de trabalho voluntário pela Internet.
Uma característica amigável aos idosos seria a criação de um banco de dados ou registro de voluntários, com todas as informações necessárias para o serviço voluntário dos idosos.
Além disso, as pessoas da terceira idade enfrentam problemas em ir e vir de seus trabalhos voluntários, sendo que alguns relatam a existência de limitações físicas para que executem as tarefas que lhes foram confiadas. Alguns idosos e prestadores de serviços contam que despesas não reembolsadas (como gasolina) ou problemas legais relacionados à responsabilidade civil (por parte de organizações de voluntários) fazem com que não sejam capazes ou não tenham vontade de trabalhar como voluntários.
Há um declínio generalizado ou uma mudança no setor de voluntariado que afetam os voluntários idosos. Incluem-se nessas mudanças uma sensação de que a ética do voluntariado está diminuindo e que os mais jovens não estão substituindo os mais idosos no trabalho voluntário.
As sugestões para melhorar o trabalho voluntário são feitas no sentido de se fortalecer, de maneira geral, as organizações de voluntários, formando um corpo de voluntários idosos.
São várias as características amigáveis aos idosos para os serviços voluntários. Sugere-se que fossem dados incentivos aos voluntários idosos, inclusive recomenda-se que os voluntários sejam reembolsados por despesas que tenham. Melhor seria dar apoio financeiro às organizações de voluntários. Uma atmosfera social gratificante e encorajadora estimularia mais pessoas a se apresentarem para o trabalho voluntário. Um convite formal estimularia os idosos a ingressarem no voluntariado.

2. Melhores opções de emprego e mais oportunidades
Muitos idosos relatam que eles estão dispostos e ansiosos por trabalhar e têm a experiência e as qualificações necessárias. Entretanto, os idosos enfrentam vários obstáculos para encontrarem trabalho ou permanecerem empregados. Políticas que tornam a aposentadoria obrigatória em uma idade arbitrariamente determinada são rejeitadas pelos idosos.
Muitos idosos são simplesmente frágeis para trabalhar, têm dificuldade em chegar e sair do trabalho, ou não se sentem seguros viajando ou permanecendo no trabalho. Verifica-se que as únicas oportunidades de trabalho disponíveis para os idosos são geralmente para tarefas mais básicas, de baixo salário, geralmente indesejáveis. Em muitos lares os idosos ajudam suas famílias cuidando dos netos. Entretanto, este tipo de trabalho impede que os idosos tenham um emprego formal.
Com a renda baixa e sem o apoio necessário dos governos, alguns idosos sentem que precisam trabalhar, quer queiram ou não. Porém, o nível geral de desemprego e a concorrência afetam a sua capacidade de encontrar trabalho.
Apesar desses obstáculos, muitos idosos ainda trabalham. Os idosos comentam sobre as muitas vantagens de se continuar a trabalhar, incluindo o salário, o combate à ideia de que os mais velhos são dependentes, inclusive no que é relativo às relações sociais. Muitos idosos querem trabalhar e gostariam que houvesse mais oportunidades de emprego. Eles sugerem que o tempo e a experiência deles devem ser aproveitados enquanto eles tiverem capacidade de trabalhar, além de incentivos para estimular a participação.
São várias as sugestões para melhorar e criar novas oportunidades de emprego para os idosos. Dentre elas estão o oferecimento de incentivos para empregadores que contratam idosos, a criação de programas de emprego patrocinados pelo governo, a formação de parcerias público-privadas, e a contratação de idosos para trabalhar no setor público. As pessoas sentem que o problema é a ausência de informações e de instrumentos para combinar as capacidades e necessidades dos trabalhadores idosos com às dos empregadores. Dentre as sugestões para melhorar a situação, as elencadas são: uma melhor divulgação da oferta de trabalho; a criação de bancos de dados para relacionar os trabalhadores idosos com funções; e o desenvolvimento de um registro de idosos e suas capacitações para ser consultado por empregadores em potencial.

3. Flexibilidade para acomodar trabalhadores e voluntários idosos
A flexibilidade nas oportunidades no trabalho remunerado e voluntário para os idosos é uma maneira de permitir que os idosos as aproveitem.
Há relatos de rigidez de horário, e uma sensação de que os trabalhos voluntários ficaram muito profissionalizados. Propõe-se que as oportunidades de trabalho remunerado e voluntário devem ser estruturadas de tal maneira que possam acomodar os trabalhadores idosos. O trabalho voluntário deve ser mais flexível e melhor adaptado às necessidades dos idosos. Uma maior flexibilidade de empregadores em termos de horas e de trabalho temporário ou por temporada, e adaptado conforme os requisitos físicos para sua execução.
Os idosos sentem que as oportunidades de trabalho voluntário devam ser flexíveis e adequadas à capacitação daqueles que se voluntariam, considerando-se ainda as necessidades dos idosos que podem se cansar mais rapidamente. Os prestadores de serviço sentem que as empresas devem proporcionar um ambiente onde eles possam trabalhar sem dificuldades, e muitas empresas tratam essa questão como objetivo para o futuro.
Muitas são as características amigáveis aos idosos. Um trabalho mais leve e regras mais flexíveis quanto à licença por doença para os funcionários mais velhos; a realização de pequenos projetos que sejam interessantes para os idosos e nos quais eles possam usar as suas competências. Oportunidades de trabalho de meio expediente. Criação de um serviço de recursos humanos para trabalho temporário que pode atender as suas necessidades. Os idosos consideram trabalho de consultoria especialmente adequado para eles.

4. Estimulando a participação cívica
O nível de participação cívica varia. De maneira geral, os idosos têm interesse e disponibilidade de participar em funções cívicas. Em alguns lugares, os idosos têm voz ativa, por meio dos conselhos comunitários ou conselhos de idosos. Algumas áreas valorizam a experiência e o conhecimento dessas pessoas, e, rotineiramente, as colocam em posições de autoridade, apesar de alguns acreditarem que essas posições são, em grande parte, simbólicas. Há grupos de interesses especiais nos quais os idosos participam.
Apesar desses relatos de participação cívica, observa-se que as oportunidades para que os idosos participem em atividades cívicas são limitadas. Existem obstáculos logísticos, como falta de transporte e acesso para o comparecimento em eventos cívicos e questões de segurança.
São inúmeras as características amigáveis aos idosos para aumentar a participação cívica. Por exemplo, a reserva de lugares para os idosos; a melhora do acesso aos eventos cívicos; a distribuição de aparelhos auditivos para quem tiver deficiência auditiva; a criação e valorização de conselhos comunitários ou outros conselhos participativos; e uma melhor informação sobre as atividades cívicas levaria a uma maior participação das pessoas idosas. Sugere-se que eles se envolvam expressando sua preocupação diretamente às autoridades. Mais oportunidades para os idosos participarem politicamente, e que eles ajudem na resolução de problemas comunitários. Sugere-se, ainda, que os idosos sejam designados para a função cívica específica de ouvir as preocupações de outros idosos, se envolvendo no planejamento de ações para esse grupo social.

5. Formação
A formação é vista como uma maneira de capacitar os idosos a se juntar à força de trabalho e participar como voluntários. Eles sentem que não têm formação, especialmente as que incluem o uso de tecnologias, necessária para competir no local de trabalho. Relatam que os idosos gostariam de oportunidades de treinamento ou recapacitação. Sugere-se o preparo para a aposentadoria e o desenvolvimento de uma nova habilidade. Pede-se que haja treinamento de idosos para a execução de tarefas leves que proporcionem algum rendimento. Percebe-se que o treinamento para trabalhadores idosos deve se concentrar nas possibilidades de trabalho autônomo ou de pequenos negócios.

6. Oportunidades empresariais
A criação de oportunidades empresariais para os idosos como uma maneira de terem uma renda extra e participarem da força de trabalho. Financiar ou, de alguma forma, apoiar oportunidades de trabalho autônomo são sugestões de como ajudar os idosos. Essas ideias são em virtude do desemprego em geral e pelo fato de que as aposentadorias e pensões são pequenas.
Os idosos estão ativamente em uma gama de atividades autônomas, como artesanato e jardinagem. Eles têm oportunidade de trabalhar como camelôs. A existência de um mercado fixo os ajudaria. Sugere-se que organizações não governamentais ajudassem os idosos a montar em suas próprias casas pequenos negócios; que a agricultura pudesse ser estimulada como uma opção para os idosos. Mercados de produtos hortifrutigranjeiros são sugeridos como uma forma de geração de renda para os idosos.

7. Valorizando as contribuições dos idosos
Relatos de discriminação etária no mercado de trabalho são generalizados. A discriminação é demonstrada de várias maneiras, desde a sensação de desrespeito por parte dos outros trabalhadores até uma recusa pura e simples de patrões empregarem trabalhadores idosos. Parece culturalmente inaceitável que idosos trabalhem após a idade de aposentadoria. Alguns desses preconceitos vêm dos próprios idosos; alguns relatam que eles simplesmente não querem mais trabalhar depois de terem trabalhado a vida toda.
Há relatos de idosos que são tratados com desrespeito. Outros dizem que é difícil trabalhar para pessoas mais jovens que eles, de assumir cargos que eles consideram aquém de si, ou de trabalhar em ambientes em que são tratados com condescendência.
Também varia a percepção dos voluntários idosos quando as suas contribuições são apreciadas e reconhecidas. Diplomas de agradecimento são dados aos idosos. Os prestadores de serviço sentem que os idosos são vistos como líderes por causa de sua experiência e confiabilidade.
Várias são as características amigáveis aos idosos. Sugere-se que se deve valorizar mais a experiência dos idosos, além do que seja feito um programa de sensibilização para os empregadores sobre as necessidades e qualificações dos trabalhadores idosos. O reconhecimento da sociedade sobre o valor da experiência dos idosos e da sua presença na força de trabalho deve aumentar. Idosos sugerem que eles sejam empregados para ensinar os jovens sobre o envelhecimento, a abordar tanto a sua participação quanto os preconceitos que sofrem.

VII – Comunicação e informação

Visão Geral: Os idosos concordam que ter conhecimento dos eventos, o contato com pessoas e o recebimento de informações práticas para administrar as suas vidas e atender às necessidades pessoais dos idosos é vital para o envelhecimento ativo. Eles dizem que há uma variedade de informações veiculadas em diferentes mídias, para o público em geral e para os mais velhos em especial. Os idosos disseram que há pouca mídia nas comunidades, especialmente TV, rádio e jornal. O medo de não receber informações e de ficar à margem dos acontecimentos é mencionado pelos idosos. A rapidez com que se modificam as informações e as tecnologias da comunicação são, ao mesmo tempo, consideradas ferramentas úteis e criticadas como instrumento de exclusão social. Independente da diversidade de escolhas de comunicação e do volume de informações disponíveis, a principal preocupação é a de se ter informação imediata e acessível aos idosos com diferentes capacidades e habilidades.

1. Ampla disseminação
A mídia da comunidade é mencionada como um veículo para a divulgação de informações úteis. Em muitas áreas os meios de comunicação familiares aos idosos limitam-se ao rádio, televisão e jornais. Em outras áreas, relata-se o grande número de informações disponíveis, tanto para a comunidade em geral quanto específica para os idosos, provenientes de diferentes fontes, inclusive Internet. Em todos os lugares, valorizam-se as informações que chegam aos idosos em sua vida diária e em suas atividades, seja boca a boca, por telefone e por meio de panfletos distribuídos em lugares-chave: centros comunitários e quadros de avisos, repartições públicas, bibliotecas, lojas, consultórios médicos e clínicas de saúde. Os idosos contam que o telefone é o meio mais universal e confiável de se comunicar com eles. Considera-se que governos e organizações de voluntários têm um papel importante para que as informações sejam amplamente disponíveis: serviços públicos de distribuição sistemática e efetiva de informações são tidos como uma característica amigável ao idoso. O setor privado ainda tem de se conscientizar desse crescente mercado de “cabelos brancos”, para tornar o comércio como uma fonte potencial de disseminação de informações para os idosos. A distribuição de um catálogo local de serviços “amigáveis aos idosos” poderia interessar a uma associação de comércio, por exemplo.
O acesso barato aos canais de comunicação e às informações é essencial. O rádio é o principal meio de comunicação para os idosos porque é barato; quadros de avisos onde se afixam notícias locais são importantes para se atingir pessoas das classes sócio-econômicas mais baixas.
Características amigáveis aos idosos são: assinaturas de jornais, gratuitamente, para garantir o acesso à informações a aposentados. Custo de uma linha telefônica residencial subsidiado pelo governo para pessoas de mais de 60 anos de idade; e publicações grátis e acesso público a jornais, computadores e à internet em centros comunitários e bibliotecas, a baixo custo ou gratuitamente.

2. A informação certa na hora certa
Independentemente do número e da diversidade das fontes de informação a preocupação em se obter informações relevantes no tempo certo é comum. Hoje em dia é difícil controlar o excesso de informações, e as importantes podem passar despercebidas. Um obstáculo frequente é a falta de conscientização sobre informações ou serviços disponíveis, ou não se saber como encontrar informações necessárias. O resultado é que os idosos podem não receber os benefícios ou serviços a que têm direito, ou saber deles quando já expirou o prazo de solicitá-los. Saber como lidar com ligações de telemarketing agressivo, e identificar fraudes e esquema de estelionato é outra preocupação manifestada. Idosos enfrentam com mais frequência o problema de informação desatualizada sobre assuntos importantes, como saúde, direitos, benefícios, serviços e eventos comunitários. Foi observado que os tópicos importantes para os idosos não são cobertos com detalhes o bastante para que a informação seja devidamente aproveitada.
Uma sugestão frequente para que a comunicação seja mais amigável aos idosos é fazer com que ela seja publicada em jornais direcionados a eles ou em colunas na imprensa em geral, bem como através de programas de rádio e televisão especializados. Outra sugestão é que os meios de comunicação ampliem a sua programação e cobertura para incluir assuntos de interesse dos idosos. Os idosos se queixam que a televisão, em especial, parece excluir programas que atendam aos seus interesses e gostos.
As pessoas querem que as informações sejam coordenadas por um serviço, de fácil acesso, cujo funcionamento seja conhecido pela comunidade. Adequado seria a efetivação de um serviço de informações telefônicas, que funcionasse 24 horas. Os idosos consultados sugerem que uma organização central e voluntária colete e organize um banco de dados de informações relevantes aos idosos e as torne disponível pelo telefone. Recomenda-se uma sala de informações comunitárias, com jornais e televisão.

3.Será que alguém vai falar comigo?
Independente do tamanho da cidade, o sistema boca a boca é o meio de comunicação principal e preferido para os idosos, tanto através de contatos informais com a família e amigos quanto de clubes, associações, reuniões públicas, centros comunitários, igrejas e templos religiosos. O rádio é uma fonte de informação muito popular, com transmissão de programas fechados ou com programas abertos à participação de ouvintes, por meio de perguntas a especialistas ou participando de debates ao vivo. A dimensão interpessoal da comunicação é muito importante, e se deve enfatizar que permanecer ativo e envolvido com a comunidade é a melhor maneira de se permanecer informado. A tristeza é expressada com a perda de oportunidades de interação com os outros em virtude de mudanças, como a construção de conjuntos residenciais enormes na vizinhança ou o fechamento de agências dos correios na comunidade, com a automação bancária e de outros serviços. A comunicação verbal é especialmente importante para os idosos com deficiência visual e para os que não são alfabetizados. As taxas de analfabetismo são muito altas na população idosa, e eles têm, em média, um nível menor de escolaridade que as pessoas mais jovens. O sistema boca a boca feito por algum conhecido que saiba detalhes das informações funciona, porque as pessoas confiam em quem lhes transmite as informações, pois podem fazer as perguntas que quiserem. Receber a atenção de uma pessoa que é prestativa e que dispõe de tempo é altamente apreciada por idosos.
A comunicação amigável ao idoso reconhece e utiliza canais informais para atingi-los. Uma das maneiras é a de fornecer informações relevantes regularmente, em lugares onde os idosos normalmente se reúnam; outra é criar ocasiões sociais para fornecer informações de interesse deles. Por exemplo, foi proposta a utilização do auditório do posto de saúde para palestras educacionais. Uma terceira estratégia é passar a informação para pessoas que, por sua vez, vão retransmiti-las a outras no sistema boca a boca. Esses “informantes-chave” podem ser voluntários, como sugerido, profissionais de saúde ou assistentes sociais, ou ainda pessoas que trabalham na área de serviços – corretores de imóveis, cabeleireiros, carteiros, ou o porteiro dos prédios, que conhecem cada residente e são reconhecidos como uma fonte informal de informação e de apoio.
O problema de atingir aqueles socialmente isolados – idosos que não têm contato com o mundo porque moram sozinhos, são portadores de incapacidades significativas e tem apoio familiar mínimo – ocorre tanto nas áreas ricas quanto nas pobres. O uso de e-mail e internet é uma solução que foi raramente mencionada. O contato direto com pessoas de confiança é a abordagem preferida, sejam eles voluntários que visitam ou telefonam ou assistentes sociais. Saber que em outros lugares além de sua casa os idosos em risco de isolamento social podem ser encontrados foi também uma sugestão apresentada: a utilização de postos de saúde do bairro como um ponto para distribuição de informações sobre serviços para os idosos com problemas de saúde também foi sugerido.

4. Formatos e desenho amigável ao idoso
O maior obstáculo para se comunicar com os idosos é a apresentação visual e auditiva da informação. O tamanho da fonte dos textos, especialmente material impresso, e também apresentações visuais, como na televisão, têm letras muito pequenas para se ler. Rótulos de produtos e instruções de uso, especialmente para medicações, são difíceis de decifrar. A programação visual das páginas é, muitas vezes, confusa, com muita informação em um espaço pequeno. A informação verbal é transmitida muito rapidamente, e os comerciais de rádio e televisão fazem os idosos perderem sua linha de raciocínio. A linguagem usada é recorrentemente muito complicada, com muitas palavras desconhecidas. Formulários oficiais – vitais para o recebimento de serviços e benefícios – são especialmente difíceis de entender.
A automação de serviços aumenta a complexidade da vida cotidiana. Telas e botões de telefones celulares e de equipamentos eletrônicos são muito pequenos, ao passo que caixas automáticas, máquinas de selos, de tíquete de estacionamento e de outros serviços são todas diferentes, pouco iluminadas e com instruções pouco claras. Para pessoas em cadeiras de rodas, os visores são muito altos para elas os alcançarem. Para que os telefones sejam acessíveis aos idosos analfabetos e eles possam ligar para a família ou para serviços, a sugestão é que as teclas e os números dos telefones sejam coloridos.
Os serviços de atendimento automático de telefone são uma fonte generalizada de queixas, porque a informação é dada muito rapidamente, as escolhas são confusas e impedem que o idoso consiga falar com um atendente.

5. Tecnologia da informação: prós e contras
A tecnologia da informação, especialmente computadores e a internet, é apreciada por alguns idosos por sua abrangência e conveniência. Os idosos dizem que a internet é uma boa maneira de eles permanecerem em contato com filhos que vivem longe, até mesmo em outros países.
Ainda assim, muitos idosos experimentam uma sensação de exclusão por não usarem computadores ou a internet. A conversão de serviços diretos e a documentação para a tecnologia da computação aumentam a sensação de exclusão. Os computadores são muito caros para os idosos, ou simplesmente não estão amplamente disponíveis nas comunidades. Em outros lugares, o acesso físico aos computadores é possível, mas os idosos não estão familiarizados com essa tecnologia e têm medo de não conseguir aprender. O acesso público, gratuito ou de baixo custo, para os idosos em centros comunitários, clubes de idosos, serviços públicos e bibliotecas é uma importante característica amigável ao idoso. Aconselha-se que os idosos sejam treinados no uso de computadores individualmente e no seu ritmo próprio de aprendizado, por uma pessoa em quem confiam. Os idosos falam de um instrutor de internet permanente e disponível para ajudar os idosos individualmente, indo até as casas deles, se for solicitado.

6. Responsabilidade pessoal e coletiva
Como outros cidadãos, os idosos têm uma responsabilidade pessoal de se manterem atualizados sobre as novas informações, a se manterem envolvidos em atividades comunitárias, além de fazerem um esforço para se adaptarem às novas mudanças e aprender a usar as novas tecnologias. Coletivamente, governos, organizações de voluntários e o setor privado são responsáveis por remover os obstáculos à comunicação que progressivamente isolam os idosos, especialmente aqueles obstáculos relacionados à pobreza, ao analfabetismo e à diminuição da sua capacidade.

VIII – Apoio comunitário e serviços de saúde

Visão Geral: Os serviços de saúde e de apoio são vitais para os idosos manterem sua saúde e independência na comunidade. Muitas das preocupações mencionadas pelos idosos, cuidadores e prestadores de serviço dizem respeito à disponibilidade suficiente de cuidados de boa qualidade, adequados e acessíveis. Os participantes do projeto relatam suas experiências a partir de diferentes sistemas, e com expectativas distintas; ainda assim os idosos exprimem claramente seu desejo de terem um sistema básico de saúde e acesso à renda. Os custos com a saúde são considerados muito altos em todos os lugares, e o desejo para uma assistência que seja financeiramente acessível é mencionado constantemente.
Existe escassez de serviços e suprimentos básicos, que são mal distribuídos, não havendo diversidade de serviços de saúde, sendo que o apoio comunitário é a razão do maior número de queixas. O idoso demonstra a sua insatisfação com os serviços existentes, mas também mostra que ele tem um nível de acesso a serviços.
O oferecimento, a organização e o financiamento de muitos serviços de saúde e sociais são oriundos dos governos municipal, estadual ou federal. Ainda assim, serviços de âmbito social e de saúde são prestados na cidade, por profissionais locais em unidades municipais; também as instituições locais, sejam privadas ou de trabalho voluntário, têm uma função importante nos serviços de apoio e assistenciais. Autoridades públicas e organizações privadas e de voluntários do município têm influência sobre os números, os tipos e a localização de serviços, além de outros aspectos relativos à acessibilidade das unidades e serviços em suas regiões. Os órgãos públicos locais também oferecem treinamento da equipe e estipulam os padrões de desempenho. Cabe à sociedade civil oferecer apoio financeiro e trabalho voluntário. Ao relatar os achados e desenvolver uma lista de checagem de características amigáveis aos idosos nos serviços comunitários e de saúde, o Guia enfoca aqueles aspectos de apoio comunitário e serviços de saúde que estão dentro do que se espera de uma cidade amiga do idoso.
A questão da prestação dos serviços de saúde domina as discussões, refletindo sua importância para o envelhecimento ativo. O acesso aos serviços médicos propriamente ditos e a outros serviços da área da saúde é um tema relevante. Apesar de os serviços sociais e de apoio comunitário serem menos valorizados, os principais atributos de uma cidade amiga do idoso podem ser identificados pelos comentários feitos pelos idosos.

1.Acesso às unidades assistenciais
É importante para os idosos que os serviços de saúde sejam bem localizados e de fácil acesso. Os idosos gostam que as unidades de saúde fiquem perto de onde moram e apreciam que haja um bom sistema de transporte para as unidades de saúde. Serviços de saúde distantes ou de difícil acesso são obstáculos à sua utilização. O transporte público é considerado inadequado, bem como o transporte de pessoas com deficiência física é um problema específico. O acesso à assistência médica em situações de emergência é uma preocupação constante. Além de queixas específicas, como a falta de serviços de emergências, os idosos disseram que os serviços de ambulâncias ou são insuficientes ou muito lentos, por causa do tráfego pesado. Dentre as sugestões para minimizar os obstáculos geográficos, a proposta mais sugerida é a de multiplicar os locais de atendimento ou de descentralizar os serviços, para que fiquem disponíveis em todos os bairros. Também foi proposto que os voluntários transportassem os idosos e que houvesse um serviço telefônico para casos de emergência para os idosos que moram sozinhos.
É muito importante que a estrutura física das unidades de saúde seja livre de obstáculos, e que se torne fácil o deslocamento dentro delas, assim como também são importantes os aspectos de segurança do prédio. Dentre os obstáculos mencionados, a má conservação de elevadores e rampas; o acesso precário das pessoas com deficiências físicas e a ausência de cadeiras de rodas ou andadores para pacientes. Preocupações quanto aos aspectos de segurança ou à falta de vagas em unidades de longa permanência são também problemas mencionados.
Outro obstáculo comum e mencionado em relação ao acesso à assistência é o desconhecimento sobre os serviços de saúde existentes na cidade. Como já se foi observado, os serviços são desconhecidos e por isso não são usados. Uma melhor divulgação sobre os serviços existentes na cidade, explicar o seu funcionamento, dispor de uma coordenação e de um serviço telefônico de informação de saúde são sugeridos como soluções possíveis e amigáveis aos idosos.
Por fim, a atitude dos prestadores de serviços no atendimento aos idosos é uma questão frequentemente mencionada. Atitudes negativas e uma comunicação ruim por parte de profissionais de saúde são uma queixa comum. Dentre os problemas apontados, a indiferença, o desrespeito, o descaso incomodam muito; o idoso é tratado como um estorvo ou como um esbanjador dos recursos disponíveis. Como sugestão para melhorar a atitude e o comportamento dos profissionais de saúde, o treinamento para desenvolverem suas capacidades de comunicação e a suas sensibilizações são de grande importância para esses profissionais tratarem os idosos com dignidade. Foi sugerido, ainda, que os jovens sejam estimulados a fazer um trabalho voluntário para cuidar de idosos.

2. Uma gama variada de serviços de saúde
Em toda a cidade, a visão das pessoas apontou para a necessidade de uma gama variada de serviços de saúde para os idosos. A existência de diferentes formas de cuidados específicos é uma vantagem no cenário urbano, e sua ausência é apontada como uma falha: serviços de geriatria e leitos hospitalares, centros-dia, assistência médica para pacientes dementados, serviços de saúde mental, serviços de apoio e treinamento de cuidadores, reabilitação e cuidados paliativos são mencionados. Juntamente com esses serviços, recomenda-se um maior suprimento de equipamentos, como cadeiras de rodas, andadores e próteses auditivas. Entretanto, os serviços de saúde mais priorizados são os de prevenção de doença e promoção de saúde, cuidados em domicílio e unidades de longa permanência.

3. Serviços para o envelhecimento saudável
Os idosos e outras pessoas relatam uma ausência de serviços ou programas de prevenção de doenças e promoção de saúde, ou os incluem em suas sugestões para melhoria. Na relação de serviços importante, temos o rastreamento preventivo, a atividade física, a educação sobre prevenção de lesões, a orientação nutricional e as terapias voltadas para a saúde mental. Dentre as características amigáveis aos idosos, relatadas na área metropolitana, estão os grupos de autoajuda ou organizações que oferecem atividades esportivas para condicionamento físico ou reabilitação e avaliações de saúde feitas regularmente, em domicílio. É considerada uma boa ideia que os serviços sejam prestados nos diferentes bairros ou comunidades, ao invés de centralizados em um único local.

4. Cuidados em domicílio (Home care)
Um tema recorrentemente abordado é a necessidade de uma gama variada de serviços médicos e de apoio a serem prestados em domicílio, desde a ajuda para fazer compras e o fornecimento de refeições até o atendimento domiciliar por médicos e outros profissionais. Com algumas exceções, os participantes do projeto desejam que os serviços médicos e de cuidados pessoais possam ser prestados em seu domicílio. Dentre os obstáculos verificados para a prestação de serviços em domicílio, a inexistência deles ou a sua má organização; critérios de elegibilidade restritivos; o alto custo e a alta rotatividade dos funcionários do serviço a domicílio são os entraves que impedem as suas realizações.
As sugestões para os serviços a domicílio dependem muito do contexto. Os comentários são sobre criar uma variedade de serviços, por exemplo, fisioterapia e tratamento psicológico, prestação de cuidados logo após a alta hospitalar e ser cuidado, sempre, pelo mesmo profissional. Criar um serviço para pessoas de mais de oitenta anos, viúvos, idosos de baixa renda e portadores de deficiência física, ter direito a uma hora por dia de serviços de copeira e arrumadeira gratuitamente.

5. Unidades asilares para pessoas incapacitadas para morar em suas próprias casas
Uma preocupação comum é a falta de opções adequadas e financeiramente viáveis para os idosos, que não são mais capazes de viver em suas próprias casas. A falta de vagas e o alto custo são as queixas mais comuns. Há muita preocupação sobre segurança, baixa qualidade de cuidados prestados em asilos para idosos pobres e insuficiência de pessoal. São apresentadas ideias de modelos alternativos: cuidadores sugerem a criação de unidades asilares pequenas, para poucos residentes; prestadores de serviços e idosos, da mesma forma, sugerem que haja unidades residenciais que ofereçam serviços de copa e arrumação e alguns serviços de saúde e de cuidados pessoais.

6. Uma rede de serviços comunitários
O escopo dos serviços sociais da comunidade e a maneira como são prestados variam enormemente de uma região para outra. Em algumas regiões os serviços sociais são oferecidos ou financiados pelo governo. Em outras regiões, os serviços de apoio são prestados principalmente pelas famílias, instituições religiosas, organizações filantrópicas ou grupos comunitários. Dentre os serviços oferecidos pela comunidade que são muito apreciados, temos a oferta de refeições para idosos a custo reduzido em restaurantes. Centros comunitários e centros para idosos são considerados locais ideais para a prestação dos serviços sociais, por causa da sua familiaridade, conveniência e acessibilidade.
Além da existência de vários obstáculos, problemas mais corriqueiros e agudos são mencionados em regiões menos desenvolvidas: os serviços são insuficientes, muito onerosos, de difícil acesso ou de má qualidade. Assim como ocorre com os serviços da saúde, alguns participantes dizem que eles simplesmente não têm boas informações sobre os serviços disponíveis ou como acessá-los. A falta de coordenação entre os serviços, provocando complicações desnecessárias em solicitações formais e falhas na sua prestação é um problema frequentemente mencionado. São muitas as sugestões para aperfeiçoar os serviços sociais da comunidade. Por exemplo, a prestação de serviços sociais e de saúde em centros comunitários ou de idosos.
Foi dito que muitos serviços sociais são necessários ou precisam ser melhorados, geralmente para proteger e assistir idosos de baixa renda, que são a maioria. Além de aumentar a sua renda básica, os idosos acreditam que as suas cidades devam criar ou reforçar: abrigos para proteger os idosos abandonados e pobres, bem como àqueles que são vítimas de maus tratos; serviços e programas de refeição; descontos sobre as tarifas de luz, gás, saneamento básico, telefone para pessoas de baixa renda; registros de idosos que moram sozinhos; auxílio para obtenção de aposentadoria, pensões e outros benefícios; e apoio espiritual. Um bom exemplo descrito é uma carteira de identidade para os idosos, que dá ao seu portador o direito a descontos ou gratuidade em alguns estabelecimentos.

7. Precisa-se de voluntários
Um tema recorrente é a necessidade de voluntários para compensar eventuais déficits nos serviços sociais e de saúde. Mais voluntários são necessários para ajudar os idosos em clínicas e hospitais, bem como para prestar serviços sociais, inclusive nos lares, para proporcionar transporte para que os idosos possam ir às compras e compromissos, ou simplesmente para passear com animais de idosos que não mais são capazes de fazê-lo. Como sugestão para o recrutamento de voluntários, foram sugeridos os “50+”, associações de aposentados mais jovens, estudantes de profissões relacionadas aos serviços sociais e de saúde, além dos estudantes em geral. O voluntariado intergeracional é uma ideia mencionada. Uma forte rede de voluntariado é mais fácil de ser criada e mobilizada em comunidades onde as pessoas se sentem socialmente conectadas.

8. Outros problemas
Duas outras preocupações foram levantadas: a responsabilidade pelos idosos em situações de emergência e a falta de espaço em cemitérios. Apesar de essas questões serem raramente mencionadas, elas são, não obstante, importantes. Participantes do projeto perceberam que há a falta de apoio para os idosos em situações de emergência, como desastres naturais e conflitos humanos. Os idosos dizem que as igrejas têm uma função vital na prestação de assistência em situações de desastre. Prestadores de serviços sugerem que a cidade desenvolva planos para situações de emergência e desastres naturais, que também afetem aos idosos. Apesar de não ter sido proposto neste contexto, uma sugestão útil para situações de emergência feita é a de se ter um registro dos idosos que moram sozinhos naquela comunidade. Como solução para a falta de espaço suficiente em cemitérios é sugerido um cemitério vertical.

ANEXO B

LISTA DE CHECAGEM DO RIO DE JANEIRO CIDADE AMIGA DO IDOSO
I – Lista de checagem dos espaços abertos e prédios amigáveis aos idosos

Ambiente
– A cidade é limpa, e há uma legislação, devidamente cumprida, que limita o nível de ruído e odores desagradáveis ou nocivos em locais públicos.
Espaços verdes e calçadas
– Há espaços verdes bem conservados e seguros, com abrigos adequados, banheiros e bancos de fácil acesso.
- Calçadas amigáveis aos pedestres, que sejam livres de obstáculos, com superfície nivelada, com banheiros públicos e de fácil acesso.
Bancos públicos
– Existem bancos públicos, especialmente em parques, nas paradas de ônibus e em espaços públicos, e colocados a intervalos regulares; os bancos são bem conservados e fiscalizados para que todos tenham acesso seguro a eles.
Calçamento
– O calçamento é bem conservado, nivelado, antiderrapante e amplo o suficiente para acomodar cadeiras de rodas, com um meio-fio baixo para facilitar a transição para a rua.
- O calçamento é livre de quaisquer obstáculos (por exemplo, camelôs, carros estacionados, árvores, cocô de cachorro) e os pedestres têm prioridade.
Ruas
– As ruas têm cruzamentos em intervalos regulares, com faixas-antiderrapantes, fazendo com que seja seguro aos pedestres atravessá-las.
- As ruas dispõem de estruturas físicas bem desenhadas e apropriadamente colocadas, como ilhas de tráfego, passagens ou túneis que ajudem os pedestres a atravessá-las, especialmente nas de muito movimento.
- Os sinais de trânsito são regulados para dar tempo suficiente para que os idosos atravessem a rua, e têm dispositivo visual e sonoro.
Tráfego
- As regras de trânsito são rigidamente cumpridas, e a preferência é dada aos pedestres.
Ciclovias
- Há uma faixa exclusiva para bicicletas.
Segurança
- A segurança pública, em todos os espaços abertos e prédios, é uma prioridade e é proporcionada, por exemplo, por medidas que reduzem o risco de desastres naturais, com boa iluminação pública, patrulhamento policial, cumprimento da legislação e apoio a iniciativas de segurança da comunidade e pessoal.
Serviços
- Os serviços estão agrupados e localizados próximo de onde os idosos moram e são de fácil acesso, por exemplo, localizado no andar térreo dos prédios.
- Há um atendimento especial para os idosos, como filas separadas ou guichês específicos para idosos.
Prédios
- Os prédios são acessíveis e têm as seguintes características:
- elevadores
- rampas
- sinalização adequada
- corrimãos em escadas
- degraus não muito altos ou inclinados
- piso antiderrapante
- áreas de repouso com cadeiras confortáveis
- número suficiente de banheiros públicos.

Banheiros públicos

- Os banheiros públicos são limpos, bem conservados e de fácil acesso a pessoas com diferentes graus de incapacidade; são bem sinalizados e estão em locais convenientes.

II – Lista de checagem para características de transportes amigáveis ao idoso

Baixo custo
- O transporte público é financeiramente acessível a todos os idosos.
- As tarifas dos transportes são razoáveis e seu preço é afixado de forma visível.
Confiabilidade e frequência
- O transporte público é confiável e frequente, inclusive à noite e nos fins de semana.
Destinos
- O transporte público existente permite que os idosos cheguem a locais-chave, como hospitais, centros de saúde, parques públicos, shopping centers, bancos e centros de convivência de idosos.
- A cidade é bem servida de transporte público, com rotas adequadas e com boas conexões para todas as áreas da cidade, inclusive a periferia, e para cidades vizinhas.
- Há boas conexões nas rotas dentre as diferentes opções de transporte.
Veículos amigáveis aos idosos
- Os veículos são acessíveis, com piso que rebaixa, com elevadores para cadeira de rodas, degraus baixos e assentos amplos.
- Os veículos são limpos e bem mantidos.
- Os veículos são bem sinalizados, com indicação do seu número e da rota que fazem.
Serviços especializados
- Serviços de transporte especializados para pessoas com deficiências existem em número suficiente.
Prioridade para sentar
- Existe prioridade para os idosos sentarem e ela é respeitada pelos outros passageiros.
Motoristas
- Os motoristas são gentis, obedecem as regras de trânsito, param nos pontos determinados, esperam que os passageiros estejam sentados antes de sair, e param junto às calçadas, para facilitar o embarque e desembarque de idosos.
Segurança e conforto
- O transporte público é seguro contra crimes e não há superlotação.
Pontos e paradas
- Os pontos de ônibus são localizados próximo de onde moram os idosos, são equipados com assento e abrigo contra o mau tempo, são limpos e seguros, e adequadamente iluminados.
- As paradas e estações são acessíveis, com rampas, escadas rolantes, elevadores, plataformas apropriadas, banheiros públicos e sinalização legível e bem localizada.
- Os pontos e paradas de ônibus são fáceis de acessar e convenientemente localizadas.
- Os funcionários das paradas e estações são gentis e prestativos.
Informação
- São fornecidas informações aos idosos sobre como utilizar o transporte público e sobre as diferentes opções existentes de transportes.
- Os horários são legíveis e fáceis de obter.
- Nos horários indica-se claramente a rota dos ônibus que são acessíveis às pessoas com deficiência.
Transporte comunitário
- Existem serviços de transporte comunitário, incluindo motoristas voluntários e serviços de busca em domicílio, para levar os idosos a eventos e locais específicos.
Táxis
- Os táxis são baratos e há descontos ou subsídios nas tarifas para os idosos de baixa renda.
- Os táxis são confortáveis e acessíveis, com espaço para levar cadeira de rodas ou andadores.
- Os motoristas de táxi são gentis e prestativos.
Ruas
- As ruas bem conservadas, amplas e bem iluminadas, com dispositivos bem planejados e colocados de forma a limitar a velocidade dos carros; há sinais de trânsito nos cruzamentos; os cruzamentos são bem sinalizados; os bueiros são tampados, e a sinalização é padronizada, claramente visível e bem colocada.
- O fluxo do trânsito é bem regulado.
- As estradas são livres de obstrução que possam bloquear a visão do motorista.
- O cumprimento das regras de trânsito é rigorosamente controlado e os motoristas são educados para segui-las.
Competência para dirigir
- Cursos de reciclagem para dirigir são oferecidos e a participação neles é estimulada.
Estacionamento
- Existe estacionamento a preços acessíveis.
- Existem vagas específicas para idosos próximas à entrada dos prédios e às estações de transporte coletivo, cuja utilização é fiscalizada.
- Existem pontos de embarque e desembarque para deficientes e idosos próximos à entrada dos prédios e às estações de transporte coletivo.

III – Lista de Checagem de moradias amigáveis ao idoso

Custo acessível
- Existem moradias de custo acessível para todos os idosos.
Serviços essenciais
- Os serviços essenciais são prestados a um custo acessível.
Planejamento
- As moradias são feitas de materiais apropriados e bem estruturadas.
- Há espaço suficiente para que os idosos se locomovam com facilidade dentro da casa.
- A moradia é apropriadamente equipada para atender às condições ambientais, por exemplo, dispõe de ar-condicionado.
- A moradia está adaptada para os idosos, com pisos nivelados, corredores e portas largas o suficiente para a passagem de cadeira de rodas, e com banheiros, lavabos e cozinhas especialmente adaptados.
Modificações
- A moradia pode ser modificada para atender aos idosos, quando houver necessidade.
- As modificações da moradia têm custo acessível.
- Equipamentos e material para modificações de moradia são facilmente encontrados.
- Há financiamentos e auxílio financeiro para reformas da casa.
- Há uma boa compreensão de como uma casa pode ser modificada para atender às necessidades dos idosos.
Manutenção
- Os serviços de manutenção são de custo acessível para os idosos.
- Há prestadores de serviço devidamente qualificados e confiáveis para fazer a manutenção da casa.
- Moradias públicas, moradias de aluguel e áreas comuns são bem conservadas.
Envelhecer em casa
- A moradia fica perto de serviços e do comércio.
- Serviços de custo acessível são prestados a domicílio, para que os idosos envelheçam em casa.
- Os idosos estão bem informados dos serviços existentes para que eles possam envelhecer em suas casas.
Integração comunitária
- O projeto da moradia facilita a integração permanente dos idosos na comunidade.
Opções de moradia
- Existe, na região, uma gama de opções de moradia apropriadas e de custo acessível para os idosos, incluindo-se os frágeis e dependentes.
- Os idosos estão bem informados sobre as opções de moradia existentes.
Moradia
- Existem moradias em número suficiente na região e a um custo acessível para os idosos.
- Há uma gama de serviços apropriados além de entretenimento e atividades nos prédios onde os idosos moram.
- A moradia dos idosos está integrada na comunidade onde se localiza.
Ambiente da casa
- A moradia não tem excesso de moradores.
- Os idosos se sentem confortáveis no ambiente em que moram.
- A moradia não é localizada em áreas sujeitas a desastres naturais.
- Os idosos se sentem seguros no ambiente onde vivem.
- Há auxílio financeiro para medidas de segurança da casa.

IV – Lista de checagem de participação social amigável ao idoso
Atividades e eventos acessíveis
- A localização em seus bairros é conveniente para os idosos, com transporte variado e de baixo custo.
- Os idosos têm a possibilidade de participar com um amigo ou cuidador.
- O horário dos eventos é conveniente para os idosos.
- O ingresso para um evento é aberto, por exemplo, não precisa ser sócio, e a entrada no local, assim como a compra de ingresso, é um processo rápido, de uma única fase, que não requer que o idoso fique na fila por muito tempo.
Custo acessível
- Eventos e atividades, e as atrações locais são financeiramente acessíveis aos participantes mais velhos, sem custos ocultos ou adicionais como custo de transporte.
- As instituições de voluntários têm o apoio do setor público e privado para manter baixo o custo das atividades para idosos.
Diversidade de eventos e atividades
- Existe uma gama de atividades para atender aos interesses das diferentes populações de idosos, cada uma das quais com seus gostos e particularidades próprias.
- As atividades comunitárias estimulam a participação de pessoas de diferentes idades e formação cultural.
Locais e ambientes
- As reuniões e eventos para idosos ocorrem em diferentes locais das comunidades, como centros recreativos, escolas, bibliotecas, centros comunitários localizados em bairros residenciais, parques e jardins.
- Os prédios são acessíveis e devidamente equipados para permitir a participação de pessoas com deficiência ou que necessitem de cuidados especiais.
Promoção e divulgação das atividades
- As atividades e eventos são divulgados aos idosos; as informações descrevem as atividades, a acessibilidade do local onde será realizada, assim como as opções de transporte
Combate ao isolamento
- Convites pessoais são enviados para promover as atividades e estimular a participação.
- É fácil participar dos eventos, que não exigem qualquer formação ou conhecimento, incluindo alfabetização.
- Um membro de um clube que não mais comparece às atividades é mantido na mala direta do clube, a menos que haja solicitação expressa para sua exclusão da relação.
- As organizações estimulam a participação dos idosos que se isolam, por meio de, por exemplo, visitas pessoais ou telefonemas.
Estimulando a integração com a comunidade
- Os prédios e instalações comunitárias propiciam a utilização compartilhada, para diferentes finalidades, por pessoas de diferentes idades e interesses, e estimulam a interação entre os grupos de usuários.
- Reuniões e atividades fomentam o relacionamento e o intercâmbio entre os residentes do bairro.

V – Lista de checagem de respeito e inclusão social amigável ao idoso

Serviços respeitosos e inclusivos
- Os idosos são consultados pelos serviços público, privados e voluntários sobre como servi-los melhor.
- Serviços públicos e comerciais oferecem serviços e produtos adaptados às necessidades e preferências dos idosos.
- Os serviços dispõem de uma equipe prestativa, cortês e treinada para atender os idosos.
Imagens públicas do envelhecimento
- A mídia inclui os idosos nas matérias que veicula, mostrando-os positivamente e sem estereótipos.
Relações familiares e intergeracionais
- Ambientes comunitários, atividades e eventos atraem pessoas de todas as idades, ao combinar necessidades e preferências de todos os grupos etários.
- Os idosos são especificamente incluídos nas atividades comunitárias voltadas para a família.
- Atividades que reúnam diferentes gerações são realizadas regularmente para que, em conjunto, as apreciem e usufruam.
Conscientização social
- O aprendizado sobre o envelhecimento e os idosos está incluído no currículo do primeiro e segundo graus.
- Os idosos estão ativa e regularmente envolvidos em atividades escolares com alunos e professores.
- Os idosos têm oportunidade de partilhar seu conhecimento, história e experiência com outras gerações.
Inclusão comunitária
- Os idosos são considerados parceiros plenos das decisões comunitárias que lhes dizem respeito.
- Os idosos são reconhecidos pela comunidade por suas contribuições do passado e do presente.
- As ações comunitárias para fortalecer os laços e o apoio entre os membros do bairro incluem os residentes mais velhos como informantes-chave, conselheiros, atores e beneficiários.
Inclusão econômica
- Idosos com limitações econômicas têm acesso a serviços e eventos públicos, voluntários e privados.

VI – Lista de checagem das iniciativas amigáveis de participação cívica e emprego para o idoso

Opções de voluntariado
- Há uma gama de opções para a participação de voluntários idosos.
- Organizações de voluntários são bem desenvolvidas, com infraestrutura, programas de treinamento e uma força de trabalho de voluntários.
- As habilidades e os interesses dos voluntários são associados às funções, por exemplo, em um registro ou banco de dados.
- Os voluntários têm apoio em seu trabalho, sendo-lhes oferecido transporte ou tendo o custo do estacionamento reembolsado.
Opções de emprego
- Há uma gama de oportunidades para os idosos trabalharem.
- Políticas e leis proíbem a discriminação com base na idade.
- A aposentadoria é uma escolha, não uma imposição.
- Há oportunidades flexíveis para os idosos, com opções de emprego em meio expediente ou temporário.
- Há programas de emprego e agências para trabalhadores idosos.
- Organizações de funcionários, por exemplo, sindicatos, apoiam opções flexíveis, como meio expediente e trabalho voluntário, para permitir uma maior participação dos trabalhadores idosos.
- Os empregadores são estimulados a empregar e a manter trabalhadores mais velhos.
Formação (Treinamento)
- Outra capacitação para atividades pós-aposentadoria é oferecida a trabalhadores mais velhos.
- Existem oportunidades para trabalhadores idosos de recapacitação, como o aprendizado de novas tecnologias.
- Organizações de voluntários oferecem treinamento para as suas posições.
Acessibilidade
- Oportunidades de trabalho voluntário ou remunerado são conhecidas e promovidas.
- Há transporte para o trabalho.
- Os locais de trabalho são adaptados para atender às necessidades das pessoas deficientes.
- Não há custo para o trabalhador participar de trabalho remunerado ou voluntário.
- As organizações recebem apoio, por exemplo, verba ou redução no prêmio do seguro, para recrutar, treinar e manter voluntários idosos.
Participação cívica
- Conselhos consultivos, diretorias de organizações, etc. Incluem idosos.
- Há apoio para que os idosos participem em reuniões e eventos cívicos, como lugares reservados, apoio às pessoas com deficiências, aparelhos auditivos e transporte.
- Políticas, programas e planejamento que envolva idosos são feitos ouvindo-os primeiro.
- Os idosos são estimulados a participar.
Contribuições valorizadas
- Os idosos são respeitados e suas contribuições são reconhecidas.
- Os empregadores e organizações são sensíveis às necessidades dos trabalhadores idosos.
- As vantagens de empregar trabalhadores idosos são conhecidas pelos empregadores.
Empreendedorismo
- Existe apoio para empresários idosos e oportunidades para trabalho autônomo, por exemplo, mercados para se vender hortifrutigranjeiros e artesanato, treinamento para a administração de pequenos negócios e micro-financiamento para trabalhadores idosos.
- As informações elaboradas para dar apoio a microempresas e empreendimentos administrados de casa estão em formato adequado aos trabalhadores idosos.
Pagamento
- Os trabalhadores idosos são corretamente remunerados pelo seu trabalho.
- Os voluntários são reembolsados por gastos que incorrem por conta do trabalho.
- Os ganhos dos trabalhadores idosos não são deduzidos do valor da aposentadoria ou de outras rendas a que os idosos tenham direito.

VII – Lista de checagem de comunicação e informação amigável ao idoso

Oferta de informações
- Um sistema básico, universal de comunicações, usando a mídia impressa, o rádio, a televisão e o telefone, alcançando todos os residentes.
- A distribuição regular e confiável de informações é garantida pelo governo ou por organizações de voluntários.
- A informação é disseminada próximo às residências dos idosos e nos locais onde eles realizam as suas atividades habituais do dia a dia.
- A disseminação da informação é coordenada por um serviço comunitário acessível, que todos conhecem e por um escritório de centralização de informações.
- Informações regulares e a transmissão de programas de interesse dos idosos são veiculadas tanto na mídia regular quanto na especificamente voltada para eles.
Comunicação verbal
- Uma comunicação verbal acessível aos idosos é feita, preferencialmente, em eventos públicos, centros comunitários, clubes e pela mídia rádio-televisiva, e também pelas pessoas responsáveis por repassar as informações no sistema boca a boca.
- As pessoas em risco de isolamento social recebem a informação de pessoas em quem confiam e com quem interagem, como visitadores voluntários, empregados domésticos, cabelereiros, porteiros ou zeladores.
- Funcionários de repartições públicas e de empresas privadas atendem individualmente e de maneira amistosa, os idosos, sempre que solicitados.
Informações impressas
- As informações impressas – incluindo formulários oficiais, legendas de televisão e textos em telas – são em letras grandes e as principais ideias são mostradas através de títulos de enunciado claro e letras em negrito.
Linguagem simples
- A comunicação, seja impressa ou verbal, usa palavras simples, conhecidas, em frases curtas e objetivas.
Comunicação e equipamentos automatizados
- Serviços automatizados de atendimento telefônico dão instruções de forma lenta e clara, e informam como as mensagens podem ser repetidas a qualquer momento.
- Os usuários tem a possibilidade de falar com um atendente, ou de deixar uma mensagem para que sua ligação seja retornada.
- Equipamentos eletrônicos, como telefones celulares, rádios, televisões, caixas automáticas e máquinas para pagar estacionamento têm botões e letras grandes.
- A tela de um caixa automático, de máquinas de selos e de outros serviços é bem iluminada e fácil de ser alcançada por pessoas de diferentes estaturas.
Computadores e a internet
- Há amplo acesso público a computadores e à internet, disponíveis gratuitamente ou a baixo custo, em locais públicos como repartições governamentais, centros comunitários e bibliotecas.
- Instruções detalhadas e assistência individual para os usuários estão facilmente disponíveis.

VIII – Lista de checagem de serviços comunitários e de saúde amigáveis ao idoso

Acessibilidade aos serviços
- Os serviços sociais e de saúde estão bem distribuídos pela cidade, sua localização é conveniente e pode-se chegar facilmente a eles por todos os meios de transporte.
- Unidades residenciais com serviços assistenciais, como as unidades de longa permanência, estão localizadas próximo ao comércio, aos serviços e às áreas residenciais, para que os idosos permaneçam integrados à comunidade.
- Os prédios onde se localizam os serviços oferecem segurança e são totalmente acessíveis às pessoas com deficiências físicas.
- Informações claras e acessíveis sobre os serviços sociais e de saúde são oferecidas aos idosos.
- A prestação de serviços é coordenada caso a caso e com um mínimo de burocracia.
- O pessoal administrativo e de serviços trata os idosos com respeito e sensibilidade.
- Os obstáculos econômicos ao acesso a serviços de saúde e de apoio comunitário são mínimos.
- Há acesso adequado a cemitérios e campos funerários.
Oferta de serviço
- Uma gama adequada de serviços de apoio comunitário e de saúde é oferecida, visando à promoção, manutenção e restauração da saúde.
- Os serviços de cuidados a domicílio oferecidos incluem serviços de saúde, de cuidados pessoais e de arrumação e faxina.
- Os serviços sociais e de saúde oferecidos contemplam as necessidades e as preocupações dos idosos.
- Os profissionais têm a formação e o treinamento adequado para se comunicar e atender efetivamente os idosos.
Apoio de voluntários
- Voluntários de todas as idades são estimulados e recebem apoio para ajudar os idosos em ambientes de saúde e comunitário.
Planejamento e assistência em emergências
- O planejamento para situações de emergência inclui os idosos, considerando-se suas necessidades e capacidades na preparação e na resposta a essas situações.

Status da Lei Em Vigor

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Projeto de Lei nº 1084-A/2014 Mensagem nº
Autoria VEREADOR JOÃO MENDES DE JESUS
Data de publicação DCM 03/16/2017 Página DCM 4/14
Data Publ. partes vetadas Página partes vetadas
Data de publicação DO Página DO

Observações:


Forma de Vigência Promulgada




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