Comissão Permanente / Temporária
TIPO : DEBATE PÚBLICO

Da VEREADORA THAIS FERREIRA

REALIZADA EM 05/06/2022


Íntegra Debate Público :

DEBATE PÚBLICO REALIZADO EM 6 DE MAIO DE 2022
(Dia de dialogar sobre os desafios da Educação)

Presidência da Sra. Vereadora Thais Ferreira.

Às 10h19, no Salão Nobre Antonio Carlos Carvalho, sob a Presidência da Sra. Vereadora Thais Ferreira, tem início o Debate Público “Dia de dialogar sobre os desafios da Educação”, por uma Educação livre de violência, com os temas: "Relação segurança pública e equipamentos escolares como creches e escolas", "Educação Especial Inclusiva, como acessar e garantir esse direito” e "Lidando com conflitos escolares, existe relação comunidade e escola?".

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Senhoras e senhores, boa noite.
Dou por aberto o Debate Público “Dia de dialogar sobre os desafios da Educação”, por uma Educação livre de violência, com os temas: "Relação segurança pública e equipamentos escolares como creches e escolas", "Educação Especial Inclusiva, como acessar e garantir esse direito” e "Lidando com conflitos escolares, existe relação comunidade e escola?".
Solicito ao Cerimonial da Câmara Municipal do Rio de Janeiro que conduza à Mesa de Honra as personalidades que a constituirão.

(Compõe-se a Mesa)

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – A Mesa está assim constituída: Jovem Fernanda Sofia, jovem aprendiz; Senhora Kamila Camilo, “cria” do Tijolinho e Rede da Maré; Senhora Bárbara Rachel, ativista pela causa negra e educação; Senhora Verônica Costa, educadora e artista de múltiplas linguagens; Senhora Patricia Felix, conselheira tutelar, educadora social, psicopedagoga e advogada; Senhor Inspetor da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, Marcos Bazém, inspetor da Ronda Escolar; e Senhora Nathalia Cortes, professora do Ciep Roberto Morena.
A gente aqui sempre gosta de começar nossas atividades com cultura, com arte, e, por isso, a gente vai convidar o jovem Fellipe Guedes para fazer a sua apresentação artística.

O SR. FELLIPE GUEDES – Bom dia, gente. Tudo bem? Como vocês estão? Bom dia, Mesa.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Bom dia, Fellipe.

O SR. FELLIPE GUEDES – É um prazer estar aqui, gente. Quando me convidaram para estar aqui, vim pensando exatamente no público que estaria aqui escutando hoje a minha poesia. Enfim, escrevo uma poesia de protesto, voltada para a minha comunidade; venho da Baixada Fluminense, venho de Mesquita. Hoje moro em Nilópolis, mas vim pensando exatamente nesses rostos que estão aqui sentados e eu queria trazer uma poesia para eles hoje.
No ano passado, escrevi algumas cartas para os meus, para mim, escrevi algumas cartas para minha fé, também, e é uma delas que vou ler aqui, agora. O nome dela é Carta Número Dois.

(Faz-se a apresentação)
(PALMAS)

O SR. FELLIPE GUEDES – É isso, pessoal.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito obrigada. Muito obrigada, Fellipe.
E agora a gente vai convidar também a Selminha Ray para fazer a sua apresentação. Mais uma apresentação para a gente começar com bastante energia, para a gente começar com bastante inspiração a nossa manhã de debates.

A SRA. SELMINHA RAY – Bom dia, gente. Tudo bem com vocês? Maravilha! Um bom-dia animado aí, não é? Estou vendo.
Vou pedir licença, então, para vocês para eu recitar aqui também dois poemas meus. Espero que vocês gostem. E para a gente começar este dia aqui também para cima, com um pouquinho de poesia, um pouquinho de coisa boa.
Este poema fiz depois que encontrei com meu amigo Fellipe, que acabou de falar com vocês. Foi um dia em que a gente estava na faculdade. E aí a gente estava com o cabelo cheio de trança. A gente se encontrou, a gente se achou muito bonito, a gente ficou tirando um monte de foto. Quando cheguei a casa, falei: “Vou escrever um poema sobre as nossas tranças muito bonitas”. Então, saiu esse poema aqui, o nome dele é “Das tranças que nascem os poemas”. Eu o começo com uma frase de um poema do Fellipe, que se chama “Retorno”. A frase diz assim: “Todo amor para gente preta é retorno”.

(Faz-se a apresentação)
(PALMAS)

A SRA. SELMINHA RAY – Muito obrigada.
E aí vou ler outro; o nome deste é “Caligem”, que é um que fala também sobre coisas boas. Ele é bem curtinho.

(Faz-se a apresentação)
(PALMAS)

A SRA. SELMINHA RAY – Gente, muito obrigada por me ouvir. Um bom dia para vocês.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Obrigada.
Parece que todo mundo gosta de poesia. Quem gosta de poesia? Vou levantar a mão primeiro, porque gosto bastante, e é muito bom a gente aqui ocupar este lugar.
Sou a Vereadora Thais Ferreira. Tem gente da minha equipe aqui, essas pessoas todas. Lembrando que, desde criança, quando a gente é apresentada para a arte, para a cultura, para a possibilidade de produzir o que a gente sente com palavras, a gente tem a oportunidade também de entregar para as pessoas muito amor. Então, muito obrigada por entregarem o amor de vocês, a inspiração de vocês através das palavras e por dividirem conosco. Isso é muito importante para nós. Obrigada mesmo!
Registro a presença e convido para uma fala breve de saudação o Senhor Kawan Lopes, que também é professor do Ciep Roberto Moreno.

O SR. KAWAN LOPES – Fala, molecada! Bom dia! Queria agradecer, na figura da Excelentíssima Vereadora Thais Ferreira e de todos que estão compondo a Mesa.
Meu nome é Kawan Lopes, fui o mais jovem membro do Conselho Estadual de Cultura do Estado do Rio de Janeiro, de 2019 a 2020. Estou me graduando em Belas Artes na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, mas já exercendo a educação popular na periferia da Zona Oeste, na extrema Zona Oeste, em Paciência, no Ciep Roberto Morena. Não é à toa que a gente está aqui começando este dia com muita energia boa da molecada, que a gente já saiu lá da Zona Oeste. Ao mesmo tempo, quero agradecer à mãedata por toda essa infraestrutura, que está promovendo um ato histórico hoje pela manhã. É o primeiro passeio que essas crianças estão fazendo no Município do Rio de Janeiro. É o primeiro passeio de descoberta do Centro do Rio de Janeiro.
Hoje, muitas conheceram ou viram o mar pela primeira vez, viram o Cristo Redentor pela primeira vez, viram um contexto de cidade que, de fato, às vezes é cerceado por diversas questões. A mãedata tem promovido isso e subvertido essa lógica de que o “partiu praia” é legítimo, ver o mar é legítimo, e conhecer a cidade é legítimo. Queria muito agradecer extremamente à mãedata.
Sem mais delongas, quero agradecer também a Paulo Freire, Lélia Gonzalez e todos os nossos antepassados que lutaram tanto para que nosso corpo negro estivesse aqui, hoje, presente nesta Mesa. Nesse contexto, quero agradecer a uma educação pública de qualidade e a todos aqueles e aquelas que lutam pela permanência de uma educação pública de qualidade para todos e todas e, principalmente, desde o início da vida.
É importante dizer que a mãedata tem um compromisso de reivindicar política pública e dignidade para “geral”, desde o início de sua vida. Então, molecada, curta este espaço. Este espaço é de vocês, é nosso, é a Casa do Povo, é a casa dos pequenos, dos grandes, dos nossos mais velhos. Estamos juntos e vamos saudar e fazer muito barulho neste início de debate, porque, de fato, é nossa energia que vai conduzir um bom debate para todos nós.
Portanto, saudando com muito carinho, sem passar meu tempo, agradeço. É isso, batamos palma e façamos muito barulho!

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – É bem isso, galera! Sintam-se à vontade para falar o que vocês quiserem, para fazerem o barulho que queiram fazer, porque a política precisa entender que, para ser de verdade, precisa ter criança envolvida; que a criança precisa participar desse processo de construção; que são vocês os principais usuários da escola; que são vocês que estão exercendo esse direito tão importante e fundamental; e que vocês podem reivindicar, protestar mesmo, colocar a voz de vocês, pegar o microfone, sentar na cadeira da vereadora, vir aqui do lado para fazer uma saudação, porque é muito importante.
Também vou registrar a presença da Senhora Elaine da Silva Neves, professora do Ciep Roberto Morena – levante-se para que todos a vejam! Senhora Ana Paula Cezar Silvino, do Grupamento da Ronda Escolar da Guarda Municipal do Rio de Janeiro; Senhora Carla Francisco, professora do Ciep Roberto Morena. Muito obrigada.
Estamos fazendo este debate para vocês porque sabemos que a educação que vocês merecem é essa educação livre de violência e que é repleta de momentos como este, que vocês precisam acessar todos os espaços da cidade, precisam crescer com liberdade garantida. A gente agradece demais às professoras que estão aqui e à escola de vocês. A gente, também, agradece às outras crianças que não puderam estar aqui, mas que vão assistir a este debate. A gente está transmitindo, é muito importante deixar este material acessível não só para o dia de hoje, mas para todos os outros dias. Tudo o que vocês falarem aqui, tudo o que nossa Mesa falar aqui também vai servir para as outras pessoas que não conseguiram, ou não puderam chegar, como boa prática, para a gente aprender a fazer melhor, juntos – e isso é muito importante.
Esta é a hora em que cabe o discurso da Vereadora. E meu discurso de hoje é de agradecimento mesmo, agradecimento a todas as pessoas que entenderam a importância deste momento; a vocês, que toparam vir, porque, por ser o primeiro passeio: “Imagina, vai me levar para um lugar que não sei onde fica, não sei o que vai acontecer”. Mas que bom que vocês puderam, que bom que vocês quiseram estar aqui; que bom que a gente vê o rostinho de vocês sorrindo. A gente vê os celulares, sim, filmando, não é? Devem estar achando bacana registrar. Levem para as suas famílias, multipliquem que vocês pisaram neste lugar, que é importante.
Porque é isso, não é? Estas cadeiras tão antigas, este Palácio, não é?  Este aqui é o Palácio Pedro Ernesto. Este Palácio “antigão”, com essa cara toda de pompa, com essa cara de riqueza, de lugares que a gente às vezes acha que nem vai entrar. Porque é isto: tem gente que fica adulto e nunca pisou aqui. Vocês estão aqui ainda crianças, e é para isso que a gente está trabalhando, para que este espaço também seja de vocês.
A gente agradece muito a oportunidade das professoras. A gente agradece muito a paciência de vocês também, porque, geralmente, a gente vai para um debate, para uma palestra, a pessoa vai ficar lá falando, a outra vai falar também, mas prestem atenção em tudo. A gente sempre pede para que vocês avisem se estiver chato, porque, para mim, e sempre falo isso para minha equipe, fazer política é coisa séria. Mas quando é coisa de criança, precisa ser divertido. A gente precisa querer fazer. Para querer fazer tem que ter prazer, não é? Tem que ter vontade. A gente sempre pede para que vocês sejam os nossos termômetros: “Olhe, Thais, não entendi o que você falou, não entendi o que ele falou”. A gente tem obrigação de fazer com que aquilo que a gente quer que vocês entendam que seja acessível para vocês, na idade que vocês estão, e para as outras pessoas que estão assistindo também.
Qualquer dúvida, não tem essa de: “Ih, caramba! Será que posso falar agora?” Vocês podem falar a hora que vocês quiserem. A nossa obrigação é ouvir, aprender com vocês e trazer tudo o que vocês vão mandar para a gente para fazer os tais dos papéis que se transformam em leis, as rondas escolares cada vez melhores, os processos de educação. Acolhimento também, porque a gente tem que dar para vocês qualificado, melhorado, a partir do momento em que a gente escuta de verdade o que cada criança está trazendo.
A nossa Mesa de hoje, vou pedir para começar com uma pessoa que há menos tempo estava aí no lugar de vocês. Vou pedir para que a Fernanda seja a primeira pessoa a fazer a fala, para a gente conseguir se conectar com esse tempo que vocês estão vivendo.
Tenho filhos, não é? Tenho um filho de oito anos e um filho de cinco anos de idade. Vocês são mais velhos que eles, não é? Mas eles já estiveram na Câmara. A gente fez... Sim, eles já estiveram aqui. Eles vêm aqui de vez em quando comigo, não é? Mas a gente fez uma ação, no ano passado, que foi o “Plenarinho”, a gente chamou algumas crianças para serem vereadores e vereadoras por um dia. Hoje, vocês são as pessoas que estão sendo os debatedores também por um dia, nestas cadeiras importantes.
Aqui passaram pessoas muito bacanas, não é? A gente teve a oportunidade de dar uma medalha. Esta Casa aqui premia pessoas, não é? A gente deu a Medalha Pedro Ernesto, que é a maior honraria da Casa, para um menino de 12 anos, o Márcio Júnior. Ele é um menino de 12 anos, que também é estudante. Ele é um menino de 12 anos que, além de estudar, faz arte. Ele cria a partir dos jogos que ele gosta, de Minecraft, Stumble Guys, esses jogos que vocês jogam. Ele cria alguns artigos de enfeite. Ele faz brinco, faz colar. Como a gente achou muito legal o que ele fazia, a gente deu essa medalha para ele.
Foi a primeira criança também, na Câmara, a receber uma Medalha. Questionaram a gente: “Mas por que vocês vão dar a medalha para uma criança? Que trajetória é essa que ele tem?” Porque, geralmente, medalha é para alguém que já construiu muita coisa na vida. Mas a gente sabe que chegar aos 12 anos, potente, fazendo tudo que a gente gosta, com liberdade, é coisa “para caramba” na realidade em que a gente vive; na realidade em que, às vezes, a gente só tem a comida da escola para comer; na realidade em que, às vezes, a gente não pode nem ir para a escola, porque ela está longe de casa.
A gente vai continuar, sim, valorizando vocês do jeitinho que vocês são. Entendam que vocês são importantes. O que as professoras falam, não é? Acredito que o Kawan, Nathalia, todas as outras, fortalecem vocês num lugar de muita autoestima. É porque, de verdade, vocês são pessoas incríveis! E para a gente continuar fazendo o que a gente faz, a gente vai depender de vocês. Vocês vão ter que querer continuar aqui, porque a Thais Ferreira pode não ser mais vereadora daqui a algum tempo, e vai ter outras pessoas. Vocês crescendo com essa referência próxima vão saber que a possibilidade de vocês também é essa. Também é a de estar no lugar de decisão, também é a de estar no lugar de poder, porque poder é bom, quando a gente faz coisa boa. A gente precisa entender que política também é boa, quando ela serve para todo mundo.
Política é lugar de criança, que a gente sempre fala aqui na mãedata. Poder é muito bom, quando a gente faz coisa boa. Onde a gente pode fazer coisa boa para todo mundo é na política. Se falarem para vocês: “Esse negócio de política é coisa de partido”, não é. É coisa de gente, é coisa de cidadão; é coisa de gente que precisa da escola, que precisa de comida, que precisa ter uma casa legal para dormir, para morar, que precisa ter acesso à internet, sim, até para jogar, porque o lazer também é direito; que precisa conviver sem violência.
É disto que a gente fala, somente disto: de dignidade, de ser feliz enquanto criança, desde criança. Desde quando a gente nasce, a gente está ali, bebezinho, no colo – ainda gosto de colo, não é só porque sou mãe que gosto de dar colo, mas ainda gosto do colo da minha mãe –, é muito bom colo de mãe, cheirinho da nossa mãe, da nossa família; a comida quentinha da nossa avó: tudo isso também é sobre política, porque, quando o arroz e o feijão estão caros, quando a fruta está cara, muitas vezes não chegam ao nosso prato. Que vocês se importem, se interessem e saibam que, sim, este lugar aqui é para vocês. O que a gente vai falar aqui também é sobre vocês e para vocês, e o que vocês vão falar para a gente é o que mais importa no final e no início de tudo.
Na mãedata, a gente faz política para geral, desde o começo da vida, e a gente coloca quem tem que estar nesses espaços de poder, que são vocês, não só a gente, juntos, para pensar em como a vida pode ser melhor para todas as pessoas, está bem?
Muito obrigada de novo. Acho que já falei bastante, vou esperar palmas, mas vou querer mais palmas para vocês mesmos, porque vocês estão fazendo o nosso dia acontecer. Muito obrigada.
Para começar o nosso debate, vou chamar a senhorita Fernanda Sofia, lembrando que a gente vai falar sobre educação e liberdade, e é para falar da sua vivência de uma forma que todo mundo possa participar, entender, e vai ser muito importante o seu compartilhar com a gente.
A Paola está ali no cantinho, gente. Paola, levante a mão para todo mundo conhecer e saber quem é. A Paola também é mãe de uma bebezinha, a Nala, que tem 10 meses. Ela trabalha na nossa Comissão de Criança e Adolescente, coordenadora da comissão. Se quiserem falar com ela também, trocar uma ideia com ela depois, tudo bem. Mas, hoje, para ajudar, ela está aqui controlando o tempo das pessoas. Por que isso é importante? Para a gente saber que tudo vai acontecer na hora certinha e que todo mundo vai poder falar.
Paola está ali controlando o tempo, a gente vai ficar atenta ao tempo; se passar, ela vai falar: “Conclua, por favor” e tudo o mais. Aí, os convidados vão concluindo, e assim a gente vai seguindo. Qualquer dúvida que tiverem, podem levantar a mão a qualquer momento para a fala, e fazer uma fala melhor, para que vocês possam entender e participar.
Vamos lá.

A JOVEM FERNANDA SOFIA – Bom dia, crianças, tudo bem? É bom ver todos vocês aqui.
Um tempinho atrás, quando eu tinha mais ou menos a idade de vocês, com 12 anos, saí de casa e tive uma vivência na rua e entre abrigos também; nas escolas, a gente sempre percebe como é importante para a gente estar nesses lugares – para a gente, às vezes, realidades diferentes da nossa. Fui criada em comunidades, então as coisas que eu via lá eram muito ruins às vezes, armas e tudo o mais; muitas vezes, até quando a gente não podia ir à escola por causa de tiroteio, porque a gente tinha que ficar em casa para a nossa segurança – e aí a gente não conseguia estar na escola.
Muitas crianças não têm, às vezes, o que comer. Aí, às vezes, a gente nem sabe que a escola também é esse lugar seguro, para mostrar para a gente que a gente pode ter uma realidade diferente, que a gente pode ser grande, sim, sonhar, querer ter uma vida muito maior. Aí, acredito que esta Mesa também é para mostrar para vocês que é direito de vocês terem essa experiência, esse momento, esse lazer, e também ter o aprendizado dentro das escolas. É importante que vocês aprendam, desde já, quando vocês têm essa oportunidade de como mudar a realidade de vocês, de entender que vocês podem ser o que quiserem, que vocês podem alcançar mundos maiores.
Acredito, dentro dessa segurança de a gente estar conversando e ver como pode esse lugar se tornar mais seguro para vocês, que hoje em dia sei formas de como ajudar crianças que estão nessa idade, como ajudar e dizer para vocês que vocês podem falar, que a gente vai escutar, e que a gente vai tentar organizar, cada vez mais, essa vivência para que seja confortável para vocês.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Agora vou seguir a ordem, gente.
Passo a palavra ao Inspetor da Guarda Municipal do Rio de Janeiro, o Senhor Marcos Bazém.

O SR. MARCOS BAZÉM – Cumprimento a Vereadora Thais Ferreira. Cumprimento, também, toda a Mesa. Quero cumprimentar a direção da escola, todos os professores, a sociedade civil e os alunos. Vocês são protagonistas.
Eu me chamo Marcos Bazém, sou comandante da Ronda Escolar na Cidade do Rio de Janeiro, da Guarda Municipal. Sou filho de Adair Bazém, neto de Raimundo Bazém, bisneto de Bazém Raimundo.
Estamos falando a respeito do protagonismo das crianças. Vemos aqui esta Mesa. Sou fruto de escola pública. Eu sou conterrâneo do Fellipe, de Nilópolis. Eu, para conseguir uma vaga, tive que estudar no Município do Rio. Eu andava a pé, senhores, de Nilópolis até Anchieta. Minha mãe dormiu na fila para mim, para eu poder ter direito ao estudo. O meu uniforme era uma calça de tergal. Meu sonho era ter um bolso bordado, que o município tinha, mas o meu era pintado.
A partir dali, a escola pública fez a diferença na minha vida, professores, as pessoas que me orientaram, a família. Na realidade de vocês, quando eu estava no 6º ano, que era a antiga 5ª série... Quem tem dificuldade com matemática, por favor, levante a mão aí. Olha só. Olha só! Isso é um desafio. Pode abaixar a mão.
O Brasil tem um desafio e acredita em vocês. Estamos olhando hoje as pessoas pensarem que há dificuldade, mas é preciso vencer barreiras. Vocês fazem a diferença no local onde vocês estão. Respeitem os professores. Estamos falando da maior rede de ensino público da América Latina. Vocês fazem parte.
Para eu conseguir chegar à faculdade, passar em um concurso público, fiquei no lugar de vocês estudando. Sejam os representantes, sejam quando vocês olharem na escola, no caminho da escola, o que está acontecendo. É um sinal de trânsito que está apagado, é uma calçada quebrada.
Para falar com vocês, rodo as onze Coordenadorias de Educação. É um desafio. Mas encontro alunos desde o EDI, que são os pequenininhos, até o 9º ano. São alunos que têm potência. Vejo essa movimentação do jovem para tirar o primeiro título de eleitor. Eu vi crianças do grêmio, com 14 anos, 15 anos, 13 anos, agitando o pessoal do 9º ano, as pessoas que estavam saindo da escola, para tirar título. Vocês fazem a diferença!
Vocês são a agenda do futuro. Esta Mesa se encontra aqui com pessoas compromissadas com a Educação. Se pensarmos que o Brasil de amanhã está na mão de vocês, essa é uma realidade. Daqui vão sair profissionais, vão sair pessoas.
Quando estava no 6º ano, igual vocês, eu tinha uma preocupação: como posso ajudar a minha mãe em casa para conseguir renda? Eu ficava preocupado, mas meu pai saía às 4 horas e falava assim: “Estuda”. Valorizem a família de vocês. Esses passos... Vocês só chegaram aqui por causa dos pais, com o apoio dos professores.
Vocês estão nesta Casa, como a Vereadora falou, em um local histórico, o Palácio Pedro Ernesto. Lembrar que ele apoiou as escolas de samba, ele fez a diferença como prefeito e foi preso por ser comunista, por achar que estava tratando outros segmentos da sociedade, mas vocês estão nesse local. Foi construído por pessoas, e vocês estão no lugar de privilégio, porque esta Mesa é a razão de estarmos aqui. É pensar futuro. Pensar diferença.
A Ronda Escolar, o que ela faz hoje na cidade? Temos os patrulheiros, que rodam as escolas para apoiar a direção da escola, mas, principalmente, o aluno. E temos as equipes de palestra, que atendem do 5º ano ao 9º ano, que trabalhamos integração família-escola; atuamos no apoio à prevenção à violência, conversamos com os pais, roda de conversa com os alunos, trabalhamos temas transversais de acordo com o planejamento pedagógico da direção, da coordenação local.
Temos as equipes lúdicas que fazem teatros, fazem macroginástica junto com as crianças nas escolas, também da mesma maneira: com o aval e a chancela da direção da escola. Entender o protagonismo juvenil, o protagonismo de vocês, que são adolescentes, que acordaram cedo, que vieram da Zona Oeste, de vários locais, os que estão nos assistindo neste momento. Lembrar que vocês estão representando a rede municipal de ensino aqui neste local presencial; diversos estudantes, em alguns locais, estão vendo vocês pela internet, pelos acessos das redes sociais. Vocês estão representando a educação em nossa cidade.
As perguntas – vou ratificar o que a vereadora falou – estão abertas, para vocês perguntarem o que quiserem. Mas o principal papel da Ronda Escolar, hoje, na nossa cidade, é fazer furo na caixinha. “Mas o que é isso, Inspetor Bazém?” Cada um está numa caixa; a Ronda Escolar faz o furinho na caixinha para todo mundo começar a se falar. A gente faz para o pai estar na escola, para o responsável, para o professor, para o juiz, a polícia, o Prefeito, o subprefeito, o vereador convidado – estamos aqui. Essa é a missão da Ronda Escolar.
A Ronda Escolar é um segmento da Guarda Municipal voltado exclusivamente para trabalhar para vocês. Vocês são nossos patrões e nossos principais clientes. Minhas chefinhas, meus chefinhos, estou aqui à disposição de vocês.
Vou trazer uma fala de uma criança de seis anos que, quando uma mídia da Prefeitura perguntou: “O que a Ronda Escolar ensinou a você, nesse momento, sobre prevenção à dengue?”, ela disse: “O guarda municipal me ensinou a matar, matar, matar!” A entrevistadora ficou assustada: “Matar o quê?”. E a criança: “Matar o mosquito, para ninguém ficar doente. Virar o vaso”. Essa é a questão, a gente mudar a cultura, mudar comportamento.
Não deixe de valorizar os professores. A Ronda Escolar está à disposição de vocês, que são a nossa maior preocupação. Eu falo, novamente, vocês são a agenda do futuro; são o nosso futuro. Estarei velhinho, e vocês é que vão cuidar da gente e da nossa cidade. Vão cuidar do meio ambiente; vão cuidar da nossa cidade; vão cuidar do nosso país.
Vocês estão de parabéns, os alunos da rede e os professores, por esse processo, e a mãedata também, nesse caminhar.
Muito obrigado.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Agora... já tem um dedinho levantado ali.
O dedinho levantado foi pergunta ou só apontando alguma coisa bonita no teto?
Tudo bem.
Agora a gente vai ouvir a Senhora Conselheira Tutelar Patricia Felix.

A SRA. PATRICIA FELIX – Olá.
Primeiro, quero dar um bom-dia, mas quero escutar um bom-dia, porque, quando a gente trabalha com criança e adolescente, é muito bom. Então, vamos dar um bom-dia com bastante energia... tipo o bom-dia do Kawan. Bom dia! Já é.
Sou Patricia Felix, sou conhecida como Pat Felix. Estou hoje conselheira tutelar, mas sou advogada, educadora social, pedagoga; e sou pessoa da Zona Oeste, de Padre Miguel, próximo a Paciência, próximo de vocês. Quando o Kawan fala para mim que traz vocês aqui para conhecer uma parte do Rio, acho muito importante, porque todos nós, que moramos na Zona Oeste, sabemos a dificuldade que temos de sair daquele local. A gente não tem praia perto; a gente não tem alguns museus; cinemas, só dentro do shopping. Então, a gente fica muito restrito ali. Quando a gente tem uma equipe de professores e professoras que estão dentro desse processo, também com os pais, que permitiram que vocês estivessem aqui, é muito importante. Então, quero agradecer, primeiro, a presença de vocês, porque vocês estarem aqui, hoje, faz toda a diferença, porque é um público que a gente precisa ter neste espaço.
Agradeço, também, à nossa Vereadora Thais Ferreira e à sua equipe, porque, para estarmos aqui hoje, tem toda uma organização; é tudo muito bem pensado, priorizando os direitos da criança e do adolescente.
Agradeço à Mesa. Hoje, quando vejo a Mesa composta por mulheres pretas e o companheiro – bendito é o fruto, aqui – negro, também, falando da representatividade, é muito importante, porque é desse lugar que a gente sai.
Não vou falar com vocês como crianças. Quem, aqui, tem... A idade de vocês é em torno de 12 anos? De 11 para 12. Vocês sabem o que é criança e o que é adolescente e como se divide? Como é seu nome? Scarlet. Criança e adolescente, dentro do Estatuto, como é que se divide? Você sabe? Pode falar o que você sabe. Não quer, não? A gente tem o Estatuto da Criança e do Adolescente. Pode passar o microfone para ela. Pode falar...
Então, a gente tem o Estatuto da Criança e do Adolescente, a criança é dividida na primeira infância, que é de zero a seis anos e, na segunda divisão, que é de seis a 12 anos. A partir dos 12 anos, a gente se torna adolescente – isso é dentro do Estatuto –, que vai de 12 aos 18 anos. Então, vocês têm uma legislação própria para vocês, que se chama Estatuto da Criança e do Adolescente. Já ouviram falar? Quem já ouviu falar do ECA? O ECA foi uma legislação que fizemos na década de 1980 e foi promulgada em 1990. Ela tem todos os direitos das crianças e dos adolescentes.
Antes, criança e adolescente eram vistos como qualquer ser. Um ser que estava em uma situação irregular. A gente chamava de Código de Menores. E a gente fez uma mudança, dentro da sociedade, para falar que criança e adolescente é sujeito de direito. E quando a gente fala sujeito de direito, é sujeito de direito com garantias constitucionais e com prioridade. Então, vamos lá, na fila do pão, não posso estar na frente de vocês. Mas como sou sujeito de direito, também sou responsável por essa sociedade enquanto criança e adolescente. Então, quando a nossa Vereadora Thais Ferreira fala assim para vocês: “Este debate é para vocês participarem”, é porque vocês estão exercendo essa legislação que vê vocês como sujeito de direito.
E a gente tem que ouvir. Não adianta a gente fazer políticas públicas ou colocar serviços à disposição de vocês que vocês não sabem para quê, não têm acesso e não se sentem garantidos e protegidos por esses serviços. Então, tanto a Guarda Municipal quanto a escola, quanto o Conselho Tutelar, quanto a Câmara dos Vereadores, quanto a sociedade, quanto a nossa família são institutos ou órgãos garantidores desse direito dessa criança e do adolescente. Se fazemos diferente, estamos sendo negligentes.
E aí existe o Conselho Tutelar, o que é o Conselho Tutelar? É aquele bicho papão?
Ótimo. Tem mais alguém que queira falar o que é o Conselho Tutelar?

O JOVEM THIAGO VIANA – Uma ajuda à criança.

A SRA. PATRICIA FELIX – Tem mais alguém que queira falar o que é o Conselho Tutelar?

O JOVEM ALEXANDRE WESLEY – Eles ajudam a criança a ter uma boa educação, uma boa família. Quando a criança é maltratada, eles a levam para um abrigo onde ela pode conseguir uma família melhor.

A JOVEM DARFINY IVAN – Ele ajuda às crianças que às vezes estão sofrendo maus-tratos ou maus cuidados.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – É uma ajuda para a criança quando ela estiver em maus-tratos com os pais.

A SRA. PATRICIA FELIX – Olha, todo mundo está afiado, porque eu, às vezes, quando chego aos lugares e falo que sou conselheira, o pessoal fala que não quer falar com conselheira. E é muito bom o que vocês falaram. Existimos representando a sociedade civil, representando vocês, garantindo o direito de vocês.
Então, quando a família tem uma negligência ou maltrata, o Conselho Tutelar é acionado, não para substituir a família, mas para sinalizar. Quando a Guarda Municipal executa, deixa de executar o serviço dela e pega um adolescente que está indo para a praia e bota para a delegacia, nessas Operações Presentes, é o Conselho Tutelar quem entra, mas não para proteger a criança; é o direito de ir e vir dela, o direito constitucional. Então, a gente protege a criança, sim, ok. Mas quem protege a criança é o seu pai, é a sua mãe, é o seu professor, é o hospital. Nós vamos fiscalizar se esses direitos estão sendo preservados, se estão acontecendo.
Então, o Conselho Tutelar é isso. Quando tem uma falha: “Olha, preciso de um médico, mas no posto de saúde não temos pediatra”, o Conselho Tutelar pode requisitar. Ele é um órgão fiscalizador, ele faz essa requisição. Então, ele está requisitando o direito da criança à saúde que está aqui. É muito bom a gente ter isso para vocês não se afastarem. E o Conselho Tutelar está aberto para vocês, inclusive para a gente ir às escolas, conversar com vocês. E quem está entrando na fase da adolescência também pode participar, porque também tem essa garantia, é também um garantidor dos direitos da criança e do adolescente.
Quero agradecer muito. Tenho muito o que falar, mas acho que a gente poderia estar numa roda, dentro de uma quadra, jogando futebol, mas não é. A gente está dentro de uma Casa de Leis, é a Casa do Povo, é a casa de vocês. Eu, Thais, tenho que parabenizar você, porque foram poucas as vezes em que vi tanta criança junta dentro de uma plenária e elas como público principal.
Quero agradecer também aos professores, porque nós que somos crias de favela ou de comunidade de periferia... porque a gente sabe que dentro das periferias tem as favelas e tem os lugares que não são favelas, então muitas vezes o pessoal fala assim: “Não sou favelada, porque
 sou periférica”. Então, tudo bem. Tem isso, tem o lado A e o lado B dos bairros e sub-bairros, meu irmão. É o que acontece, é real.
Mas quero falar uma coisa para vocês: a mudança vai vir pela gente. Thais tem a origem, nós todos aqui temos as mesmas origens de vocês, e todos nós estamos batalhando para essa garantia e para que aconteça o direito de vocês efetivo e junto com vocês. E voltem sempre, sempre que quiserem e desejarem, porque essas cadeiras aqui pertencem ao futuro, e o futuro são vocês.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Obrigada, Pat. Tem alguma criança querendo falar alguma coisa sobre essa fala? Já tem gente.

O JOVEM DANILO EVANGELISTA – Só queria que você me emprestasse o livro rapidinho.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – O livro?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Tem mais alguém? Então vamos seguir agora. Tem ali.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Eu queria falar sobre agressão dentro...

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Fala seu nome para a gente? Vocês estão se esquecendo de falar o nome de vocês. É bom a gente se conhecer.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Maria Luiza.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Perfeito.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Eu queria perguntar sobre adultos agredindo crianças dentro da escola.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Perfeito. A gente vai ouvir a Verônica Costa, ela já pode até começar respondendo um pouquinho, se você tiver que falar, mas a gente depois já anota essa pergunta e todo mundo comenta. Obrigada.
Vamos lá, Verônica.

A SRA. VERÔNICA COSTA – Bom dia. De novo: bom dia, gente.
Bom dia, gente. É um prazer estar aqui com vocês. Sou a Verônica, sou mãe, educadora e artista. Respondendo à Maria Luiza sobre adultos que violentam crianças na escola, no ambiente escolar, comecei aqui anotando coisas que eu queria ouvir de vocês – porque adulto gosta muito de falar, e eu queria muito ouvir vocês –, e uma das perguntas era se vocês viam violências dentro das escolas. E essa pergunta da Maria Luiza já me mostra que ela não só vê, como ela pensa criticamente sobre isso.
Então, eu queria ouvir um pouco de vocês. O que vocês acham dos adultos que violentam as crianças dentro das escolas? Alguém quer falar alguma coisa sobre isso?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Antes de falar, levanta a mão aí quem já viu adulto violentando criança dentro da escola. Estou me lembrando da minha infância, então vou levantar a mão também.
Então vamos lá, Maria Luiza. Pode responder.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Acho muito rude eles agredirem crianças dentro da escola, porque eles estão fazendo uma agressão. E mesmo a gente estando errado de estar longe de um adulto, mesmo a gente indo embora sozinho, ele também está sendo rude com a gente.

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Meu nome é Mariana. Acho isso muito ruim, e também acho estranho, porque os adultos falam que a agressão é ruim, que as crianças não podem agredir, mas eles fazem. Isso é ruim. Se eles fizerem agressão na escola, se uma criança vê, isso aí é pior ainda. Elas vão achar que isso é certo e vão fazer com os coleguinhas.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Obrigada.
Gente, o cinegrafista me deu um toque aqui para que qualquer criança que vá falar fique de pé, assim todo mundo na internet consegue ver também.
A gente tem mais alguém agora? Vamos lá.

A JOVEM DARFINY IVAN – Acho que isso é um desrespeito com todos que estão lá na escola trabalhando. E, às vezes, tem que suportar algum responsável, qualquer coisa assim, batendo naquela criança ou maltratando de algum jeito, ou de algum gesto. E isso aí é considerado um crime, acho muito errado.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito obrigada, Darfiny Ivan.
Tem mais uma? Pode falar.

A JOVEM MIKAELA GIOVANA – Prazer, meu nome é Mikaela Giovana.
Também já vi, porque tinha um homem que esperava o garoto sair da escola. Ele ficava batendo no garoto. Ele ficava até ameaçando de jogar a bicicleta dele em cima do menino, porque ele ia com a bicicleta. Só porque o menino o respondeu, ele foi lá na escola, falou com a diretora e ela suspendeu o menino à toa, porque o menino só respondeu o homem.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito obrigada.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Também vim falar que já aconteceu isso lá na escola. Já sumiu até uma garota lá, mas ela já apareceu, graças a Deus. Isso aconteceu na sexta-feira passada. A garota sumiu, ela é filha de um amigo do meu pai. A garota sumiu de repente, e teve gente que viu mesmo uma mulher na ponta, lá do portão da escola, e uma na biblioteca. E isso também causa uma agressão, porque a garota chegou em casa toda machucada, sangrando, entendeu?
Isso acho muito chato, a gente tomar conta de si próprio, sabendo que a gente vai embora sozinha. A gente está na responsabilidade da mãe, do pai, da tia, dos avós, e a gente não tem nada a ver com isso. A garota foi para a biblioteca com os amigos, sendo que a deixaram lá sozinha e o homem a pegou. E agora ela está lá quieta, em casa, finalmente com os pais dela. E agora ela não fica mais com a avó nem com o avô.
Obrigada.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Obrigada, querida.
E aí, Verônica, fala para a gente. Olha, muita coisa para a gente refletir sobre as falas de vocês. Obrigada por estarem dividindo conosco. Acho que depois o Bazém pode falar, a Pat pode falar também, respondendo. A gente tem muita coisa para conversar.

A SRA. VERÔNICA COSTA – É muito bom saber que conseguimos identificar as violências que chegam até nós, ou até às pessoas que estão próximas da gente. É muito bom a gente poder falar e sentir-se seguro para falar sobre isso, porque a gente cria uma rede de proteção. A gente consegue se comunicar com adultos que estão ali dispostos a cuidar, os adultos cuidadores das crianças.
Os cuidadores das crianças, oficialmente, são mãe, pai, avô, avó, não é isso? Mas a sociedade como um todo, como uma comunidade, deveria se colocar como uma rede de proteção para todas as crianças, independentemente de essa criança ter saído do meu útero ou ter o meu sangue. Todas as crianças precisam, merecem, têm o direito à proteção, à seguridade da sua infância, têm o direito de brincar, direito de se divertir.
Uma das perguntas que eu queria fazer para vocês, que não sei se ainda tenho tempo, é o que vocês mais gostavam de fazer na escola. O que é mais divertido de fazer na escola? Porque a gente pode chegar a esse lugar de entender.
Quando a Patricia falou sobre Matemática, é um trauma; mas quem gosta de cozinhar, gosta de fazer um sanduíche, você vai dividir o pão ao meio. Isso é matemática. Então, não gosto de Química, mas gosto de misturar o vermelho e o azul e sei que vai dar roxo. Isso já é muita coisa muito divertida. Então, para a gente ter esse lugar de aprender com leveza, tem que estar em um lugar em que se sente muito segura. Só quando a gente está muito segura é que vai leve.
É igual a pular de bungee jump. Eu nunca pulei, mas vejo as pessoas pulando e achando muito divertido, porque estão penduradas em uma corda. Aí elas vão, muito felizes. Sem a corda não é muito feliz.
Então, eu queria agradecer demais por vocês terem respondido a essa pergunta. Queria agradecer muito à Maria Luiza por ter começado também fazendo essa provocação. Para a gente dialogar aqui, quero muito ouvir a Patricia e o Inspetor Marcos, que são autoridades nessa área, para indicar para a gente e para as crianças como a gente consegue acionar essa rede de apoio quando essas violências acontecem dentro da escola.
É isso. Obrigada. Quero ouvir vocês.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Alguém quer falar alguma coisa divertida que acontece na escola? Podem levantar a mão. O microfone vai passando.

A JOVEM TATIELE DE MELO – Meu nome é Tatiele e eu queria falar que o que mais gosto de fazer na escola é Educação Física.

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – O que gosto na escola são os professores, porque são muito legais com a gente, e nossos amigos, que a gente conversa com eles na hora que pode. Meu nome é Mariana.

A JOVEM RITA VITORIO DOS SANTOS DA SILVA – Meu nome é Rita, e o que mais gosto na escola é Educação Física.

A JOVEM ANA CAROLINA CARDOSO – Meu nome é Ana Carolina. O que mais gosto na escola são os 15 minutos que a tia Nathalia dá.

A JOVEM HADASSA SILVA – Meu nome é Hadassa. Gosto do jeito que os professores tratam a gente, é um jeito que a gente não sabe explicar.

A JOVEM DARFINY IVAN – Meu nome é Darfiny e gosto muito dos passeios que a gente tem de vez em quando. E também gosto muito dos professores, que tratam a gente com muito carinho.

O JOVEM ALEXANDRE WESLEY – Meu nome é Alexandre Wesley. O que gosto de fazer na escola é aprender, brincar e me divertir com meus colegas.

O JOVEM DANILO EVANGELISTA – Meu nome é Danilo Evangelista, e o que mais gosto de fazer na escola é realmente estar na escola.

O JOVEM THIAGO VIANA – Meu nome é Thiago Viana, e o que mais gosto na escola é estudar e fazer aula de artes com o Professor Kawan Lopes.

A JOVEM ANA CLARA DE ANDRADE MONTEIRO – Bom dia. Meu nome é Ana Clara, e o que mais gosto de fazer na escola é trabalho em grupo.

A JOVEM MIKAELA GIOVANA – Meu nome é Mikaela Giovana, e o que gosto mais de fazer na escola é comer. Não, sério, as merendeiras têm mãos de fada. A comida que elas fazem…

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – O que mais gosto de fazer na escola é organizar a festa de todas as equipes maravilhosas que tenho lá com os meus amigos e fazer a maior festa. Ajudo qualquer equipe, me animo como todo mundo faz, e amo Matemática.

A JOVEM MILENA ALVES – Meu nome é Milena, e o que mais gosto é de estudar na escola.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Gente, vocês deram uma aula aí de Estatuto da Criança e do Adolescente falando sobre o direito básico de educação. Tudo o que vocês falaram é, de fato, o que tem que acontecer na escola e que a gente precisa fortalecer, por isso que é tão importante vocês participarem.
Vocês falaram da convivência que tem ser bacana; vocês falaram do tratamento respeitoso entre os professores e vocês mesmos; vocês falaram da comida da escola, que tem que ser gostosa de verdade, tem que contar com um cardápio bom para vocês, com acesso a frutas, a comida de verdade; vocês falaram do trabalho de grupo, que é esse lugar de se relacionar com os nossos amigos mesmo, de criar festa, de criar esses momentos que fazem com que a escola seja boa, para fazer isso que você falou: “que gosto de ir para a escola para estudar mesmo”. Porque a escola tem que ser boa para a criança que quer aprender, e é isso que a gente está falando.
Estão vendo como é que vocês são muito importantes neste espaço? Porque se vocês não estivessem aqui, vocês que estão na escola hoje, quem estaria contando para a gente o que de fato acontece e o que de fato tem que acontecer?
A gente tem mais uma fala lá atrás. Depois, vai passar para a nossa próxima convidada.

A JOVEM KATELY KRISTINE – E eu queria dizer muito obrigada por convidar, no caso, a vir aqui. E queria dizer muito obrigada aos professores.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Venham sempre!
Daqui a pouco a gente vai conhecer o prédio. Vocês vão ver que é tudo nosso. Vai ser animado, todo mundo querendo dar “rolezinho” na Câmara, não é? Vou levar vocês lá na Presidência. Eles vão falar: “Thais, o que você está fazendo aqui?”
Vamos aqui. Agora ouviremos a Bárbara Rachel.

A SRA. BÁRBARA RACHEL – Bom dia a todos. Saúdo a Mesa, saúdo esta Casa, saúdo a Vereadora Thais. Obrigada pelo convite. E queria dizer para vocês que, para mim, é um prazer enorme estar aqui.
Sou professora, sou educadora popular também. Para a gente que é professor, estar com a oportunidade de troca é uma grande sala de aula. A professora não sou eu, mas são vocês, são meus colegas que estão aqui. Não tem nada melhor do que essa troca contínua. Mas o ápice de estar fora do espaço escolar é o que a gente está fazendo aqui, hoje: uma grande sala de troca. E agradeço muito a presença de vocês aqui hoje por isso.
Agradeço muito à Thais pelo convite. Como a colega já falou, o fato de sermos aqui maioria, mulheres pretas, diz muito sobre essa mãedata; isso diz muito sobre o discurso e os direitos que a gente vem defender aqui hoje.
Vocês falaram algumas coisas sobre as quais fui tomando nota aqui. Vocês falaram sobre o espaço da escola ser esse lugar seguro e de acolhimento. E é justamente isso, gente. A escola precisa ser esse lugar de afeto, esse lugar de dengo. Quando a gente fala essa palavra – dengo –, é esse amor que tenta trocar e potencializar o outro. Então, que tenta assegurar o direito de vocês à aprendizagem, que tenta fazer com que vocês se sintam de verdade acolhidos no espaço escolar.
Então, antes de eu continuar falando aqui um pouco sobre mim, eu queria falar um pouco sobre o dia de hoje, não é? Sou professora e trabalhei no Nica Jacarezinho durante dois anos nesse processo da pandemia de 2020 até o mês passado. E a gente passou por um processo de brutalidade muito grande, que foi a chacina do Jacarezinho, que matou 28 pessoas.
São 28 jovens que poderiam estar conosco ali, sendo alunos nossos no Nica. E, entre esses 28 jovens, dois eram adolescentes, não é? Um tinha 17 anos. Eu sei que isso é pesado falar aqui, gente, para vocês. Mas, infelizmente, é a nossa realidade neste Rio de Janeiro. Um tinha 17 anos, ia fazer 18 no mês seguinte, e o outro tinha 16. Eu queria aqui neste momento falar o nome deles. Eu me sinto no dever de falar o nome deles aqui para vocês: Caio da Silva Figueiredo, 16 anos, conhecido como “Di Galo”, e Jonathan Araújo da Silva, de 18 anos, que foram assassinados; o estado resolveu julgá-los como culpados e que eles deveriam morrer por estarem ali naquele espaço. E a justificativa do estado, do governo do Senhor Cláudio Castro, foi que estaria acontecendo aliciamento de menores, quer dizer, de jovens, de adolescentes, ali na favela do Jacarezinho, e eles entraram e promoveram a maior chacina da história do nosso estado, sem dar direito de defesa, com uma brutalidade muito grande.
Então, crianças viram pessoas sendo mortas dentro das suas casas, casas foram invadidas, ficaram lavadas de sangue dentro daquela comunidade. E tenho uma relação com o Jacarezinho que vem antes do Nica. Minha família morou ali, umas primas minhas, então brinquei naquelas ruas, sentei para conversar, para comer, para beber, para me divertir com meus amigos ali. Foram pessoas com quem criei uma relação de afeto e vínculo muito grandes, porque foi o período da pandemia, então a gente estava convivendo só entre a gente. Então, me marcou muito, como marcou todo mundo que estava ali, naquele período específico em que aconteceu essa chacina.
Queria aproveitar para falar também o nome da Kathlen Romeu e o seu bebê. A gente não pode falar que a gente está falando também da vida de uma criança preta que foi morta um mês depois, no dia 8 de junho, também ali na favela do Lins, pelo governo, pela mão do Estado, com um tiro de bala perdida, e a gente a sabe que não existe bala perdida no Rio de Janeiro.
Então, isso são vidas pretas, de crianças, de adolescentes, potencialidades pretas que foram mortas, interrompidas, e a gente quer assegurar que essa história não se repita mais. Então, a gente quer reafirmar o nosso compromisso com a comunidade escolar, a gente quer reafirmar, falo isso enquanto ativista, enquanto professora, mas acredito que é o mesmo discurso da mãedata, da Thais e de todos aqui presentes: a gente quer reafirmar o nosso compromisso com a vida, com a promoção da vida de vocês, que são a nossa continuidade.
O nosso irmão aqui falou a respeito de vocês serem o nosso futuro. Muito mais que isso, vocês são o nosso presente. Para que haja uma continuidade, no amanhã, a gente precisa dialogar sobre o que está acontecendo hoje, por isso é tão importante essa troca, é importante a gente ouvir vocês, é importante que esta Casa esteja aberta para ouvir, como estou vendo aqui, a maioria crianças, adolescentes, pré-adolescentes negros, que eles entendam a nossa realidade, que é atravessada pela violência.
Sou também uma mulher preta, mas fui criança preta em morro. Sou cria do Morro da Mangueira, minha família está lá desde a minha bisavó. A nossa família, a minha bisavó foi amiga da avó da Thais, duas mulheres ali que eram conhecidas na comunidade.
E eu queria falar sobre isso que vocês trouxeram aqui para a gente, sobre essa questão da violência em si também no espaço da escola. Como fazer a escola ser um lugar seguro, já que a gente tem que enfrentar tanta violência já lá fora e, muitas vezes, num espaço em que a gente convive – como no meu caso, acredito que no caso de muitos de vocês –, que é a comunidade? A gente vê a polícia entrando no morro, umas coisas que a gente não gostaria de enxergar ali dentro. Como fazer da escola esse espaço seguro? Eu queria talvez ouvir um pouco vocês a respeito disso, o que vocês pensam sobre.
Já pararam para pensar sobre isso? Como a escola pode ser mais segura para mim? E segura não só fisicamente, mas também aqui no emocional de vocês, para que o emocional de vocês se sinta contemplado. Para que o bullying não aconteça, para que o racismo não aconteça, não seja presente, para que a gente não seja reprodutor desses discursos, mas que a gente possa se olhar e se enxergar na nossa comunidade escolar e proteger o outro. E, para isso, sabemos, e agora falo também com nós, professores, que é importante que essas crianças se sintam identificadas ali no seu espaço escolar, com a sua cultura de forma geral, que a autoestima delas, que o emocional, que o psicológico delas estejam ali sendo reafirmados; isso perpassa também essa questão racial, principalmente.
Então, a gente sabe, falando aqui sobre o trabalho de outras mulheres pretas também da Casa, Renata Souza, por exemplo, que é deputada, tem um trabalho interessante de reconhecimento de cultura preta no Rio de Janeiro, fazendo com que rodas de capoeira sejam valorizadas, casas de axé sejam valorizadas, e que tenham um trabalho de cultura também interessante. Então, talvez promover esse contato também junto com a escola, porque a gente não sabe aqui, mas, talvez, quantos dos familiares dessas crianças são de axé, não é? De repente, quantas dessas crianças também não frequentam casas de axé?
E aí fazer com que eles enxerguem essa cultura, todo esse saber que é dado a eles em outros espaços e também no espaço escolar pode reafirmar de forma saudável a identidade deles e promover a vida, não é? É isto: promover a vida não só física, a integridade não só física, mas emocional e psicológica de vocês.
Pensem sobre isso, como a escola, como a sala de aula pode ser segura para mim e pode me fazer bem, não só fisicamente, mas aqui. O que me incomoda? O que não curto muito na minha sala de aula? Vou comunicar ao meu professor ou então vou falar sobre o que eu gostaria que tivesse na minha sala.
É muito importante que vocês se enxerguem enquanto sujeitos dentro da sala de aula. O Paulo Freire vai falar muito sobre isso. Não existe saber mais ou saber menos; existem só saberes diferentes. E a gente está o tempo todo, enquanto professor, aprendendo com vocês.
Então, falem, estejam conosco, estejam nessa troca, se sintam autônomos e livres para atuarem também no espaço escolar. A comunidade escolar é constituída por todos, está bom? E vocês são chave nisso, são peça fundamental.
Agradeço pela fala, gente.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito obrigada, Bárbara.
A gente, então, já tem gente com o dedinho levantado para responder o que incomoda na escola, como é que a escola pode ser um lugar mais seguro. Vou pedir só que vocês levantem o dedo o mais alto que conseguirem, que ajuda também quem está com o microfone a ver quem quer falar. E aí a gente vai fazendo as falas, está bom? Acho que já deu para a gente ver.

A JOVEM DARFINY IVAN – Meu nome é Darfiny e quero fazer uma pergunta um pouquinho fora do contexto. Vocês são algum tipo de parente ou alguma coisa? Ou vocês só são uma amiga da outra?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Vou até responder. É porque a gente se conheceu há pouco tempo, mas a gente descobriu se conhecendo há pouco tempo que essa sua avó, a bisavó dela foi amiga da minha bisavó também.
Então, todo mundo lá do Morro de Mangueira, comentei, de Vó Lucíola, Buraco Quente, e ela falou da avó dela. Eu falei: “Gente, como assim?”. E a gente frequentava o mesmo espaço. Ela era vizinha da minha família, a gente tem a mesma memória ali da infância, da gente no morro lá. E a gente se ligou nisso, e é uma coisa que... que bom que aconteceu, que é mais um lugar de reconhecimento mesmo.
Mas valeu a pergunta, porque é importante.

A JOVEM HADASSA SILVA – Meu nome é Hadassa, e o que acho que a escola mais acolhe a gente é do jeito que eles conversam com a gente, falam, explicam para a gente, e do jeito que a nossa professora fala, explica. Se tem alguma coisa que a gente está fazendo errado, ela vem, chama a gente no canto, para não deixar a gente com vergonha na frente de todos os alunos. Elas pegam, conversam, falam que não precisa ter vergonha.
E muitas pessoas já se sentiram humilhadas pelos corpos, pela sua cor. E a professora falou que não tem nenhum lugar que explique onde está quem é perfeito e quem não é. Então, agradeço muito a elas por tudo.

O JOVEM ALEXANDRE WESLEY – Meu nome é Alexandre Wesley, e acho que a escola pode se tornar mais segura com a ajuda da educação. Que, com uma educação de qualidade, a gente possa criar uma nova geração de pessoas que revolucionem o nosso país e que ajudem, e que isso não mais aconteça, que o bullying pare de existir e que o maltrato também não exista mais. Só paz, não é?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito obrigada.
Vou dividir uma coisa com você, que essa sua fala é a resposta para coisas que os próprios vereadores desta Casa estão se perguntando agora. Acabaram de compartilhar uma notícia de violência em escola municipal, e compartilhei com eles uma foto daqui. Falei: “Olha, estou agora debatendo com as crianças sobre como a escola pode ser menos violenta”. E você disse tudo!
Então, vou compartilhar sua resposta com esse grupo também, para ver se, a partir da resposta do Wesley, a gente consegue melhorar as soluções que a gente tem criado a partir desta Casa. E é muito importante ouvir o que vocês estão falando.

O JOVEM THIAGO VIANA – Meu nome é Thiago Viana. Acredito que o que melhoraria a segurança da escola, quando acontecer algum bullying, alguma violência verbal, alguma violência física, seria falar direto para a professora, para pais e mães.

A JOVEM MILENA ALVES – E também que parem com o racismo, bullying e essas coisas assim.

O JOVEM DANILO EVANGELISTA – Acho que eu já tinha falado...

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Acho que, a essa altura, a internet já sabe o nome de todo mundo. Então, vamos combinar de nas próximas ninguém precisar falar o nome. Obrigada, Danilo, pela observação.

O JOVEM DANILO EVANGELISTA – Uma coisa a que prestei atenção, no que ela falou, é que ela passou a vida nessas ruas, e tem várias pessoas que pensam que vocês nasceram em berço de ouro, por assim dizer. Mas não. Tudo o que vocês têm agora vocês conquistaram.
Professora Nathalia, não precisa se emocionar tanto. Você está quase chorando.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Imaginem na hora em que a professora for falar.
É verdade. Mas sabem por que isso acontece? Porque neste lugar em que a gente está hoje não acontecia de ter pessoas como nós. Assim como não acontece de ter gente como criança. Porque as pessoas acham estranho: “O que a criança vai fazer aqui? O que ela tem para falar? Ela vem preparada?” Sempre perguntam isso para a gente: “As crianças que vocês vão trazer vão estar preparadas, não é? Elas receberam uma formação anterior”. Aí a gente explica: “Olha, elas não precisam, porque elas vivenciam a vida, tanto quanto qualquer pessoa”.
E a gente está aqui hoje realmente desse lugar de se sentir protagonista. Foi uma virada de chave. A gente acaba falando. Foi um encontro com uma conselheira tutelar; foi um encontro com uma professora, com um professor; foi um encontro com uma escola que acolheu a gente, que fez com que a gente percebesse que a gente poderia estar. Porque, realmente, esta galera que está aqui está muito longe do berço de ouro. É por isso que a gente compartilha esses espaços.
Obrigada por poder reconhecer isso na gente também. É muito importante.

O JOVEM DANILO EVANGELISTA – Lá, quando a gente tem aula, a gente tem aula de Matemática e, quando a gente tem alguma dificuldade para ir ao quadro, a tia chega e fala: “Não precisa ter medo, porque todo mundo é amigo”. Ela vai e acalma a gente. Aí a gente vai e consegue fazer. Uma coisa que a gente não consegue fazer, ela vai e ajuda. Quando a gente faz alguma coisa errada, ela fala que aquilo está errado, que não pode fazer.
É isso. Amo vocês.

A JOVEM RITA VITORIO DOS SANTOS DA SILVA – Acho que ficaria mais seguro se os professores das outras escolas e da nossa, tanto como os alunos, se pudessem ser mais legais com a gente, alguma coisa do tipo, e explicar, quando a gente não sabe alguma matéria, explicar melhor, como a tia Nathalia, que explica muito bem as matérias. Quando a gente tem dificuldade, alguma coisa do tipo, ela vai ao quadro, explica de novo. Se a gente não entende muito bem o que ela diz, ela vai ao quadro mais de mil vezes para explicar para a gente.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Tem mais gente aí.

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Eu queria perguntar se, quando a pessoa está sofrendo bullying na escola e ela não fala com ninguém, porque fica com vergonha, fica com medo, o que pode acontecer? O que a pessoa tem que fazer?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Boa. Obrigada pela pergunta.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Eu queria fazer uma pergunta. Quando a pessoa sofre bullying por causa do cabelo, por causa da cor e por causa de certas coisas, o que a gente tem que fazer?

A JOVEM DARFINY IVAN – Quero falar sobre a escola. Quando ela se torna um lugar muito confortável para a gente, a gente vai ficando lá, a gente vai transformando aquele lugar na nossa própria casa; os professores como se fossem nossos parentes, parentes mais próximos, como uma mãe, um pai. Eles vão acolhendo a gente de um jeito, eles vão cuidando da gente. É completamente inexplicável. Quero agradecer à tia Nathalia, à tia Carla, a todos os professores, tio Kawan, tia Elaine. Muito obrigada.

A JOVEM HADASSA SILVA – Eu queria agradecer a todos os professores e, principalmente, às professoras que me dão aula e que me ensinam superbem. Que não só dão aula para a gente aprender, mas sim como cuidam da gente de um jeito que a gente não consegue explicar muito bem. Agradeço à Professora Carla, ao Professor Kawan, à Professora Elaine e à Professora Nathalia. Agradeço muito a vocês. Muito obrigada.

A JOVEM TATIELE DE MELO – Só completando um pouco o que a Darfiny disse, que lá a gente conta até segredo nosso, que só a gente sabe, para as professoras. A gente conta para a tia Nathalia, para a tia Elaine, para o tio Kawan.
É isso. Obrigada.

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Igual ao que a Darfiny disse, que eles são como nossos parentes. Quando estou com a tia Nathalia, sinto que ela é como uma tia, um parente meu, que é muito próximo meu. Igual a todos os professores, como a tia Carla, o tio Kawan e até a tia Elaine. E adoro todo mundo, todos os meus professores, até o tio Mário. Está bom que ele é chatinho às vezes – todo mundo sabe –, porque também, quando ele quer, ele é bem legal. E a tia Nathalia também, que é superatenciosa com a gente, superlegal. Muito obrigada, gente.

A JOVEM RITA VITORIO DE SOUZA SANTOS DA SILVA – Eu queria dizer que as minhas professoras, que dão mais aula para mim, são tudo na minha vida, e eu queria dizer muito-obrigada para elas, para a tia Nathalia, tia Elaine, o tio Kawan e a tia Carla. Muito obrigada, tios, amo vocês.

A JOVEM MARIA LUIZA SANTANA – Eu queria agradecer a todos os professores por terem trazido a gente para este lugar muito bonito e por todo mundo que está aqui estar aceitando a gente. E também agradeço pelo carinho que todos os professores têm pela gente lá na escola e aqui também estão tendo. Agradeço por tudo.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Gente, geral falou aí sobre esse lugar mesmo. Para a escola ser segura para todo mundo, ela precisa ser acolhedora. E acolhedora é ser afetuosa mesmo. É fazer a gente se sentir à vontade para compartilhar o que acontece de bom e o que acontece de ruim. A gente sabe que, às vezes, no segredo está escondido alguma coisa ruim que aconteceu e que a gente não conseguiu dividir com outra pessoa. O que vocês estão falando da tia Nathalia, do tio Kawan, da tia Elaine são coisas que a gente fala do adulto de confiança, do adulto de referência e do adulto que se coloca no lugar de proteção integral daquela criança.
E essas pessoas, como a Pat falou, são, sim, os professores, professoras, diretores, diretoras, as merendeiras, todo mundo que se relaciona com você na escola. Porque a gente sabe que essas pessoas que estão em contato direto com vocês no dia a dia são as pessoas que também fazem a vigilância do bem-estar de vocês. E quando acontece alguma coisa que não tem que acontecer, com a sensibilidade da professora, ela vai saber chegar a você. E, se for necessário, ela vai saber também chegar ao Conselho, à direção, à Ronda Escolar, a esse sistema de garantias. Existe um sistema de garantias para fazer com que o direito de toda criança seja respeitado e não seja violado.
E aí as perguntas que vocês fizeram sobre a questão do bullying e do racismo, de fato, são perguntas que até mesmo a Fernanda, que já está aí na juventude, já saiu da adolescência, continua fazendo para a gente. Hoje, a gente tem a oportunidade de ter essas perguntas respondidas por quem trabalha diretamente com isso. Então, acho que fica uma pergunta para a Pat e para o Inspetor Bazém também para eles responderem, porque aí a gente vai saber a quem a gente tem que recorrer. Mas aqui na Câmara a gente também recebe esse tipo de denúncia, a Comissão da Criança e do Adolescente. O nosso contato vai passar aí para vocês também, para os responsáveis, professores, para vocês saberem que existe outro canal de escuta com vocês também a partir daqui.
Vou passar agora. A gente tem duas falas, a Kamila Camilo, e a gente tem a Professora Nathalia também que vai falar. Vou passar para a Kamila para a gente fechar com a professora emocionada aqui, nota 10 também, que vai ser muito bonito.
Vamos lá Kamila, pode falar.

A SRA. KAMILA CAMILO – Olá gente, bom dia.
Está fraco. Bom dia.
Agora melhorou. Queria agradecer à Thais por esta oportunidade, por este convite. Queria me apresentar um pouquinho para vocês. Eu me chamo Kamila Camilo, sou moradora do Complexo de Favelas da Maré. Sou psicóloga da educação, fotógrafa popular e trabalho também com um projeto chamado As Crias de Tijolinho, que é uma fundação desde 2019.
Eu queria começar a contar essa história a partir da minha infância e da escola por onde passei também, que acho que é importante a gente falar de onde a gente foi marcada, e também fui marcada pelos meus professores.
Por incrível que pareça, também não gosto e nem gostava de Matemática. A gente precisa falar de verdade, de realidade. Não gosto e nem gostava de Matemática, mas tinha uma coisa que me atraía na Matemática, que era a relação de cuidado da minha professora. Era uma professora que me estimulava o tempo inteiro a viver no coletivo. Então, quando vocês trazem esse questionamento, como que a gente reage ou como que a gente lida com a questão do bullying, acho que a gente tem uma coisa chamada coletivo. Se você tem dois colegas, você e mais um e mais dois que estão passando pela mesma situação, vai até o professor, vai até a secretaria. Talvez, quando unirmos as nossas forças, as coisas poderão ser modificadas e crescer de outra maneira. A força do coletivo faz muita diferença na nossa vida.
Aí ouvi aqui, em determinado momento, sobre uma palavra chamada privilégio, que é uma palavra que me atravessa muito. Pobre, favelado, negro não têm privilégio; têm acesso. Este lugar aqui é um lugar de acesso que vocês estão acessando hoje. Já estive nesse outro lado e tenho certeza de que daqui a um tempo vocês vão estar desse outro lado. Então, a gente passa por uma escola que é a escola de formação, e a vida forma a gente, a rua forma a gente.
E quando falo sobre um projeto chamado As Crias do Tijolinho, que é um projeto fundado por mim desde 2019, ele é um projeto artístico que ocupa as ruas. E a arte liberta, assim como as nossas escolhas diárias. Acho de total importância a gente não ter medo de se expressar, mas sempre se expressar para uma pessoa em que a gente confia muito, porque talvez aquilo que a gente sente alguém possa usar de má-fé, como, por exemplo, a gente ouviu aqui: “Alguém me trata de uma maneira assim ou assada”.
Sofro bullying. E aí tem também uma questão que... não lembro o nome da aluna, mas ela trouxe com o nome de bullying falando do cabelo, falando da cor da pele. Para além de ser bullying, isso é racismo. Então, não tenham medo de pedir para os professores discutirem sobre racismo na escola, não tenham medo de pedir para os professores trazerem alguém convidado que aborde esse tema. Acho que a gente, no tempo de hoje, nesta era que a gente está vendo, a gente precisa falar daquilo que nos incomoda, precisa falar daquilo que nos paralisa. O que é aquilo que nos paralisa? Aquilo que nos traz dor. E se alguém falou algo que trouxe dor para você, a gente precisa dialogar.
É muito bonito ver este lugar cheio, saber que vocês vieram de lá do outro lado da cidade, e muitas das vezes quem promove esses encontros são as escolas. E Thais, obrigada por produzir, por promover este dia, porque se hoje estou neste lugar, é porque na minha infância alguém também me levou a este lugar. Então, o que você está fazendo é algo que vai perdurar de geração em geração. Vem pela minha, você vai agora e vai, vai, vai. Daqui a um tempo serão os nossos filhos, depois os nossos netos, depois é também entender que tem pessoas que passam pela nossa vida e nos formam. E a nossa maior formação, continuo dizendo, pelo menos a minha maior formação é a rua. Aprendo todos os dias com a rua, aprendo todos os dias com os laços, aprendo todos os dias com as crianças, aprendi muito aqui hoje com vocês.
Não quero me alongar muito, a gente já falou muito, é muita informação. Prefiro ficar no lugar de escuta, de poder escutar vocês e poder responder a vocês a ficar aqui falando. E quero dizer: muito obrigada. Na verdade, o presente neste dia é poder ouvir vocês.
Acho que é isso.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Alguém quer comentar a fala dela?

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Agora, quando eu estava falando sobre zoar, sobre cabelo, alguma coisa do tipo, eu me lembrei de que os meninos da nossa sala, alguns, ficavam zoando a Luiza de poodle, essas coisas, por causa do cabelo dela. Mas tinha vezes em que ela até levava na brincadeira, mas tinha vezes em que ela até parava de brincar e corria atrás do menino para bater mesmo. Aí, eu achava que era brincadeira deles, mas às vezes eu não... Tinha vezes em que eu até não ligava, porque eu via que era brincadeira, mas tinha vezes em que eu até me sentia meio que... Eu me sentia mal, porque, zoando o cabelo da Maria Luiza, estava zoando o meu, e eu não gostava.

O JOVEM ALEXANDRE WESLEY – E como você tinha comentado que você um dia estava nesse lugar de ouvir e hoje você está desse lado, agora ouvindo a gente falando e falando também que, se a gente quiser, a gente também consegue chegar desse lado aí. A gente só precisa ter perseverança, esperança, força, coragem e fé.

O JOVEM THIAGO VIANA – Sei que todos vocês tiveram obstáculos na vida e chegaram hoje até aqui porque passaram dos seus obstáculos.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Só aulas, gente, só aulas mesmo.
Tem mais aqui.

A JOVEM DARFINY IVAN – Acho muito bom saber que não só a gente está aqui neste momento como vocês já estiveram, vocês representam a gente, de certa forma, a gente representa vocês, e isso é muito bom. Nós também somos criados pela rua, como você disse, também moramos em uma favela, e isso é muito bom, saber que não só a gente... nós também somos representados por vocês. Vocês são perfeitos.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Estar nesse lugar é muita responsabilidade, mas a gente fica, todo mundo, muito honrado mesmo de ter o reconhecimento de vocês, de ter até essa lição de bons votos, de perseverar. Mas a gente sabe que, sem oportunidade, a gente não consegue nem perseverar. Então, que bom que vocês estão tendo a oportunidade, a partir da educação pública de qualidade, com essas professoras e esses professores que vocês estão falando que amam. É muito bonito a gente ouvir isso, esse lugar de segurança para a gente expressar um sentimento bom pela nossa escola, porque ensina à gente.
E, dialogando com vocês sobre essa questão do cabelo, isso aconteceu com a gente aqui para caramba. A gente tinha que ficar... Não tinha ainda nem a palavra bullying. Tinha aquela coisa: “É zoação, você não aguenta a zoação”. Tinha uma coisa que a gente tinha que ir muito para o banheiro jogar água no cabelo, porque o cabelo tinha que abaixar. Não podia ficar do jeito que está aqui agora.
Teve uma vez que me impactou muito, eu estava mais jovem, estava com, sei lá, 20 e poucos anos, e fui dar uma palestra numa escola pública também. E aí, quando cheguei à escola pública, vi as meninas que estavam muito próximas do que eu fui, só que todas já com o cabelo black que fosse, com trança, com cabelo colorido quem queria pintar o cabelo, e eu lembrava que, quando a gente pintava o cabelo naquela época, até professor brigava, dizia que não podia. E a gente pintava misturando xampu com papel crepom. Deixa o papel crepom de molho lá para ficar com o cabelo meio rosa. Agora tem tinta, agora a gente tem produto na farmácia com nosso cabelo, tipo assim: “Este é para deixar meu cabelo mais cacheado, mais crespo”. A gente está vendo vocês com trança, cabelo colorido.
Ferramenta para enfrentar o bullying, que a gente aprendeu que existe, que é essa zoação sistemática que não é legal para ninguém, brincadeira só é boa quando é boa para todo mundo. A gente tem que aprender isso cada vez mais. A gente tem que entender que até, às vezes: “Ah, mas ela está rindo...” O sorriso também pode esconder um constrangimento, e é por isso que o adulto de referência, de confiança, tem que estar do nosso lado, para a gente não se violentar e não se maltratar, porque, às vezes, entrar numa forma: “Se meu cabelo é crespo, quero deixá-lo liso”, não é porque gosto do cabelo liso, mas é porque, ele liso, as pessoas me zoam menos. Se deixo, tipo assim: “Ah, fiz um penteado que achei bonitão”, mas, caramba, chego no espelho, penso na escola, vão falar que: “Ah, está parecendo isso, está aparecendo aquilo”. “Por que você está assim?” Vão falar que meu cabelo parece sujo só porque ele está trançado? E trança é proteção para nosso cabelo, não é?
Então, que bom que a gente está aprendendo sobre isso hoje. E vocês estão percebendo que não é brincadeira, o bullying não é brincadeira; o constrangimento não é brincadeira; o assédio, que pode ser moral também, não é brincadeira. E a gente vai estar aqui dando cada vez mais ferramentas e informações seguras para vocês, junto com a escola, de todo mundo que está lá, para que vocês se sintam muito seguras e muito seguros para poderem denunciar.
E é sobre isso, gente. Está errado? Aconteceu com você algo de que você não gostou? Você tem direito a reivindicar respeito. Isso é um direito de todo mundo aqui. Não é para ser maltratado e também não é para passar fome. Tem alguém com fome aí? Já me passaram que vocês estão com fome. Tem alguém com fome? Vamos terminar nosso debate, que tem lanche e a visita que a gente vai fazer. Está bom?
Agora, nossa Professora Nathalia, por favor.

A SRA. NATHALIA CORTES – Obrigada. Prometo que não vou me alongar, porque sei que vocês estão com fome e também querem conhecer este prédio maravilhoso.
Primeiro, quero agradecer, porque me sinto muito lisonjeada por estar com todos que estão compondo esta Mesa, principalmente nossa Vereadora Thais, por estar proporcionando isso. Vocês não sabem a felicidade do meu coração de estar aqui neste momento, hoje. Agradeço, também, à Paola, de ontem. Eu a conheci ontem e já ligando, falando da importância que seria trazer os alunos a este espaço, que a gente conversa o tempo todo que é um espaço de direito deles, que é um espaço em que eles estão.
Peço desculpas pela emoção, porque parece até que foi combinado, mas nada foi combinado. A gente conversa muito com eles, a gente traz toda essa amorosidade, essa escuta, o diálogo. E quando a gente os ouve falando isso, o coração dá aquela amolecida de: “Gente, olhe o trabalho que está se desenvolvendo, olhe a confiança, olhe este espaço de segurança que estou proporcionando para meu aluno. Ele olha para mim e se sente seguro em compartilhar comigo segredos, angústias, medos e alegrias também”.
Quando ouço, quando ouvi, veio a emoção que não consegui segurar, porque, como as falas foram de surpresa – a gente não sabia o que seria falado, o que seria perguntado –, ter esse retorno, esse feedback dá aquela aliviada assim: “Estou aqui, estou aqui para formar um cidadão que seja crítico, estou aqui para formar um cidadão reflexivo”. A educação traz a mudança, e sem educação não tem como ter essa mudança.
A gente sabe da importância de ser professor, da importância de se posicionar, da importância do diálogo e da escuta. É ótimo quando estou dando uma aula, que a aula já começou e a gente está na nossa roda de conversa. A gente sempre inicia com uma roda de conversa, de qualquer tipo de assunto que a gente for falar no dia, da disciplina, da aula. Às vezes, eles falam assim: “Professora, quando a aula vai começar?” Porque eu ainda não comecei a escrever no quadro. Aí falo para eles: “A aula já começou há muito tempo”. Porque a gente precisa fazer com que eles falem, a gente precisa ouvir. Quando a gente lê a legislação, vê vários direitos que as crianças precisam ter para poderem se desenvolver.
No Ciep em que trabalho, junto com meus companheiros, a gente faz isso, a gente faz a criança ter uma educação realmente integral, uma educação onde ela possa se desenvolver em todas as suas especificidades. Se na Zona Oeste não tem um museu, a gente vai trazer isso para eles; se não tem um lugar onde eles talvez possam se desenvolver nas artes, a gente traz isso para dentro da escola. A gente trabalha vários temas, o tema é transdisciplinar, é transversal, temos vários projetos maravilhosos. A gente faz isso tudo por eles, para eles. Porque estamos em um espaço em que eles têm pouquíssimo acesso à cultura. Então, a gente sabe que, na escola, a gente tem que fazer com que eles tenham acesso a tudo, a todos os tipos, e não apenas um tipo.
Estou na escola pública desde os seis anos. Sou muito feliz e falo o tempo todo para eles que sou cria da escola pública, entendeu? Estudei em uma escola municipal, estudei em um colégio estadual. Tive a oportunidade de fazer uma graduação em uma instituição federal. Fiz minha pós-graduação, o meu Mestrado. Tudo isso por quê? O Estado me proporcionou, a educação pública me proporcionou estar nesse lugar. Sou da Zona Oeste, sou como eles, eu me vejo neles.
É isso que faz todo dia eu acordar e ter a alegria de estar naquele Ciep, porque me vejo neles. É o que falo com eles, porque quero que eles cheguem aonde eles quiserem. Que eles não achem que não vai ter obstáculo. Terá. Mas que eles possam chegar a qualquer lugar que eles quiserem.
Muito obrigada, pessoal.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Maravilhosa! Que bom que vocês quiseram chegar até à Câmara. Que bom que a Câmara está tendo esta oportunidade de receber crianças tão potentes quanto vocês.
Vocês falaram aqui que somos perfeitos, maravilhosos, mas, de verdade, vocês são muito mais, porque estão podendo crescer com essa oportunidade. Vocês estão podendo ter acesso a esses lugares e às pessoas que estão querendo escutar vocês, querendo escutar as pessoas; que estão ajudando a construir vocês para a sociedade que a gente precisa, que é muito melhor do que a que a gente tem hoje. Por isso, a gente fala que criança não é só futuro; é passado, porque é sobre quem ela foi, é sobre quem fui, sobre quem eles foram; é presente, porque tem aqui vocês mostrando para a gente que não é, sei lá, um lugar como este que vai ensinar mais do que a gente, do que o Ciep na Zona Oeste.
O Ciep da Zona Oeste é muita potência. É por isso que a gente tem que lutar. A nossa obrigação, de verdade, é lutar pela educação pública de qualidade para vocês, porque ela vai fazer com que vocês cheguem aonde vocês quiserem chegar. É ela que está fazendo com que vocês aprendam hoje que política é sobre isso. Não tem nada a ver com aquilo que a gente vê na televisão, que é chato para caramba: corrupção, nome de um, nome de outro; aquele cara branco, de terno, velho, gordo, barrigudo. Não é isso, não.
Política é coisa de criança desde o momento em que a gente nasce. Nasci, não é? Você nasceu em hospital público, aquela coisa toda. A gente tem dignidade a partir da nossa certidão de nascimento. A gente passa a ter direito a partir do reconhecimento da gente como cidadão. Nossa matrícula na escola importa, a educação a que a gente tem acesso; a comida que a gente está comendo também. Não é só... o “professor legal” conta muito, conta para caramba, a gente sabe, mas a quadra da escola estar em bom estado, a gente ter bola boa para brincar, também conta muito.
O nosso Ciep, que é um projeto antigo, a gente conhece muito bem. Ele deve estar bonito, bonito de verdade, coisa pintada, os enfeitezinhos acontecendo, a gente ter vontade de chamar a escola de casa, como vocês falaram aqui. Isso é para a gente chamar de casa. A gente quer um lugar confortável, não é? A gente quer um lugar bem ventilado. Quem passou aí pelo período da pandemia, não é? A gente sabe como a gente está aprendendo a lidar com tudo isso. A gente quer um lugar que incentive o nosso aprendizado.
É muito, muito importante, realmente, este momento que vocês proporcionaram para a gente, que a gente está aqui com toda a atenção e cuidado mesmo, não é? Não só um dever de casa que fica para a gente fazer coisas melhores na política por conta da participação de vocês, mas, principalmente, de seguir nesse processo de escuta.
Continuem contando muito, muito, muito com a Câmara – e posso me responsabilizar por isso, com a nossa mãedata – e é mãedata mesmo, está bem? Porque tem um monte de mulher, mãe, construindo com a gente. A nossa equipe é formada por uma grande quantidade de mulheres que são mães, que estão aqui. Levantem as mãos as mães da mãedata, para que a galera conheça vocês. Olhem lá! Há mãe da mãedata desse lado de cá; há mãe da mãedata lá atrás também.
São mulheres que também passaram pela vivência de escola pública, da vivência periférica, da vivência das faculdades, universidades particulares, ou também as públicas, dependendo da oportunidade. Hoje, elas estão aqui entendendo que a prioridade absoluta mesmo é a criança, a prioridade absoluta para quem se importa de verdade com o que a gente está fazendo aqui. Há muita coisa importante, a gente sabe, mas a prioridade absoluta na Constituição Federal é a criança – o livrinho ficou com ele. Esperto à beça! Que bom que você está levando o ECA. É criança também.
É dever da família, da comunidade, de toda a sociedade, a gente se organizar para que todos os direitos de vocês aconteçam, para que eles existam e para que eles se ampliem. Se vocês tiverem ideia de novos direitos, novas coisas que estamos reivindicando, também estamos abertos para ouvir.
E vou finalizar aí perguntando se alguém quer falar mais alguma coisa. Ainda tem aquela resposta sobre o bullying para dar, acho que a gente tem um tempinho muito rapidinho, e ainda tem mais apresentação artística, vai ter poesia, pandeiro, tem mais coisa também para rolar.
Vamos lá rapidinho, hein, gente?

A JOVEM HADASSA SILVA – Quero falar para a Professora Natália que ela não é só como uma professora para mim e para as minhas amigas, e sim como uma amiga com quem podemos conversar e em quem podemos confiar.
Muito obrigada.

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Então, tem vezes que a gente não quer ir para a escola porque está com preguiça? Sim, tem vezes; mas a gente... quando estou na escola, sinto que, quando estou com meus professores, que são superlegais com a gente, sinto que estou em casa, só que estou longe da minha casa, estou numa casa onde posso aprender e me divertir.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Perfeito!
Olha, vamos só uma coisa rapidinho? Vamos dar tchau para o pessoal que está assistindo à gente, porque a nossa transmissão vai encerrar agora. Valeu, pessoal que está assistindo à gente pela Rio TV Câmara, essa galera animada aí. Já estão aí com fãs.
Então, a gente está encerrando a transmissão, mas vamos continuar para fazer o nosso encerramento daqui, é só para a gente dar esse tchau aí mesmo, que falaram que tem que fechar o link da transmissão. Então, a Mesa também... Olha, muito obrigada pela participação de todos.
Para quem está encerrando a transmissão on-line, esse foi o nosso Debate Público sobre uma escola livre de violência, com a participação da Mesa composta por mim e as demais pessoas, mas também com o protagonismo das crianças que vieram formar não a nossa plateia, mas, de fato, os principais participantes deste momento. Palmas para eles.
Agora vamos continuar as falas aí.

O JOVEM THIAGO VIANA – Para mim, a questão do bullying só é brincadeira quando os dois lados estão brincando, e quem me ensinou isso foram as Professoras Nathalia e Elaine.

A JOVEM MILENA ALVES – Viu? A Professora Nathalia pode brigar, mas nunca vou deixar de amá-la.

O SR. KAWAN LOPES – Encerramos, Vereadora. Tem mais alguém? Ah, tá!

A JOVEM DARFINY IVAN – Quero dizer obrigada a todos vocês por terem dado a oportunidade de vir aqui falar a nossa opinião sobre tudo, sobre o que a gente acha.
E é isso. Obrigada.

A JOVEM TATIELE DE MELO – Eu queria falar para a tia Elaine e para a tia Nathalia que eu as amo muito, e mal conheci vocês, já amo vocês.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Ai, maravilhosa!

O SR. KAWAN LOPES – Mais alguém? Deu espaço, eles estão falando, hein, Nathalia?

O JOVEM ALEXANDRE WESLEY – O bullying que às vezes um aluno pode cometer com outro aluno, muitas vezes ele aprende isso em casa com os pais, que às vezes não tiveram uma educação tão boa e podem ensinar isso para as crianças. E é por isso que falei da educação antes, que, com uma educação de qualidade, a gente consegue transformar as crianças, para, quando elas crescerem, saberem viver harmoniosamente e sem violência com as outras pessoas.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Muito bom, muito bom!

O SR. KAWAN LOPES – Vamos lá, vamos lá!

A JOVEM MARIANA SANTANA DE SOUZA – Só para falar que, às vezes, tenho vontade até de não passar de ano por causa das minhas professoras. E também porque as professoras, este ano e ano passado também, estão superlegais e vão continuar superlegais para mim. Até tenho vontade de não passar de ano...

O SR. KAWAN LOPES – Que é isso? Jamais!

A JOVEM TATIELE DE MELO – Elaine e tia Nathalia, eu queria dizer que elas são minhas amigas e que considero como mãe para mim, e amo muito, muito, muito elas de todo o coração.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Tem uma última?

O SR. KAWAN LOPES – Tem? Vamos a uma última? Quem?

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – A gente vai continuar conversando lanchando, gente. Então, fica tranquilo. É só para a gente fazer o encerramento aqui, pois tem a apresentação de vocês.

O SR. KAWAN LOPES – Então, vamos encerrar com os nossos mais velhos também, que é importante a gente ouvir.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Vamos lá ouvir.

A SRA. KÁTIA XAVIER DE AZEVEDO – Bom dia.
Vim aqui rapidamente só para entregar, porque ouvi falar hoje sobre o desafio que a gente tem na educação. Então, pedi para entregar à Vereadora uns livros, que são uma doação que estou fazendo para quem é da área de educação pensar sobre a forma da letra. Acho muito absurdo ensinarem as crianças a ler com letra maiúscula, quando a gente precisa delas lendo e usando a maiúscula e a minúscula. Então, escrevi um livro, deixei com ela, para vocês saberem melhor o que é isso.
Obrigada, bom dia para vocês todos.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – A gente agradece a doação.
Eles já responderam muito bem sobre a questão do bullying. Mas a gente vai ouvir a conselheira tutelar responder sobre isso também. E o inspetor também consegue fazer uma fala pequenininha? Perfeito, então.
Só para vocês saberem que as pessoas que têm que responder vão responder pra vocês. Não vamos sair daqui sem resposta.

A SRA. PATRICIA FELIX – Então, vocês trouxeram a questão do bullying, do respeito, da brincadeira. É bom quando os dois querem, da questão da família, da estrutura familiar.
O importante é a gente saber que a escola é reflexo do que a gente tem na sociedade. Então, por melhor que sejam nossas professoras, precisamos também conversar com a comunidade escolar. O que é isso? Pai junto, o comerciante do bairro, todas essas pessoas têm que participar ativamente para a gente se conhecer e respeitar as diferenças.
Quando a gente falou de cabelo, a gente falou do cabelo crespo, como a Thais, o meu, o da nossa companheira. Isso a gente vai encontrar, porque somos a maioria dentro da população. A maioria da população brasileira é composta por pessoas negras. Então, eles vão ter que se acostumar com a nossa forma. Mas a gente também tem outras formas de bullying dentro da escola: gênero, a questão LGBTQI+, a questão de você ser diferente do seu amigo ou da sua amiga.
Tudo passa pelo respeito. E, gente, bullying é crime, são atitudes criminosas, atitudes que ferem. Mas a gente tem o Conselho Tutelar, a gente tem as escolas, a gente tem os postos de saúde, que trabalham também a saúde mental. Depressão em crianças é real! A gente tem enfrentado isso muito de frente.
Então, não basta só os professores estarem lá. A gente tem uma rede de apoio. Agora, o principal desse grupo em específico, a gente conseguiu identificar que tem os adultos de referência. Então, vocês têm que ter um adulto de referência. Não têm que ter medo de falar o que está causando dor em vocês, porque a gente só vai conseguir identificar a partir de vocês. E se vocês não conseguirem falar... Se vir que o coleguinha está sofrendo uma situação, tente conversar com aquele colega, encorajá-lo a fazer essa denúncia. Mas temos que denunciar! A gente não pode ficar vítima, porque isso lá na frente acarreta. Só nós sabemos. Hoje ela falou que somos empoderadas. Somos, mas ainda carregamos muitos traumas lá de trás, porque não conseguimos trabalhar.
Então, para essa geração futura ter mais impacto social de mudança para uma educação inclusiva, para a segurança pública, temos vocês como agentes de direito, mas também agentes de deveres, porque vocês fazem parte da Constituição. Vocês também devem cuidar uns dos outros. E, às vezes, é mais fácil o aluno que está sofrendo bullying ou que está sofrendo uma violência sexual, ou que está sofrendo uma violência de gênero, porque tem uma forma; o menino que não gosta de jogar bola, ou a menina que gosta de jogar bola... A gente sabe que tem vários bullyings nesse sentido.
Então, é a gente conversar. E a comunidade escolar começa por vocês. Vocês são a maioria na escola. Então, é importante vocês estarem unidos, reunidos, enquanto grupo. E aquele negócio: coloque-se sempre no lugar do outro. É um conselho que dou para vocês. Fora isso, o Conselho Tutelar está aberto para todos e todas. Não tenham medo do conselheiro tutelar; não tenham medo do Conselho Tutelar, porque, de fato, é o órgão que fiscaliza e protege o direito de vocês – não vocês diretamente, mas o direito de vocês. O sistema tenta afastar a gente de vocês. Então, é mais fácil terem medo do Conselho do que se aproximar. A gente tem que vencer o sistema.
A gente vai sair daqui, hoje, vencedor, porque vocês deram muitas informações para a gente – Thais, já estamos pensando em lei aqui –, e vocês também podem contribuir.
Muito obrigada, gente.

O SR. MARCOS BAZÉM – Meus prezados alunos da rede, fico satisfeito e fico feliz. Quero lembrar que o que vocês estão fazendo aqui é um exemplo para a rede.
Respondendo à pergunta. Vocês estão vendo, no quadro ali, “Debate Público – Diálogos sobre educação, segurança pública e conflitos escolares”. Vocês perguntaram: “Como ficar seguros na escola?” Quero falar para vocês sobre o art. 232 do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) – nosso companheiro está com o livrão ali, depois ele pode dar uma olhada –, que é a questão de submeter criança a vexame, constrangimento. Então, o bullying passa por esse momento. É tipificado na lei – tipificado é que está escrito.
Qual é a maneira, hoje, que a escola, com essa rede que a conselheira tutelar falou – temos o próprio conselheiro, a própria direção da escola –, e vocês podem acionar, hoje, quando passar... Como vocês têm a relação de confiança de falar com a professora, com a direção, podem falar: “Professora, está acontecendo isso, o menino está sofrendo bullying. Botaram no WhatsApp e fizeram coisas com ele”. Então, são questões que hoje vocês, como alunos, devem acionar. Porque a Ronda Escolar dá o suporte na escola à direção, aos conselheiros, àqueles do sistema de justiça, da rede de proteção, para apoiar vocês.
Hoje, a maneira de se sentir seguro na escola é um diálogo. Não pensar, hoje, que a segurança pública... A nossa Constituição, a nossa lei maior, fala que a segurança pública é responsabilidade de todos – não fala que é da criança, do adolescente, mas de todos –, mas é dever do Estado. Então, a gente vai falar da Polícia Militar, da Guarda Municipal, Polícia Federal, da Educação, da Saúde, é responsabilidade de todos. Então, vocês são protegidos por lei. A maneira de a escola se tornar segura é sempre ter o diálogo. Hoje, a gente está mudando a questão da Ronda Escolar, não para chegar à escola só quando tem problema. Se tiver uma viatura da Polícia Militar ou da Ronda Escolar na porta da escola, teve problema. Não! A gente está no cotidiano com vocês.
Para lembrar, o brasileiro – e as crianças são brasileiras – se une muito nos momentos de dor e de alegria, mas no cotidiano não se une. Isso que vocês estão fazendo aqui está abrindo a agenda do futuro. Estamos nos unindo para mudar a nossa cidade e mudar o nosso futuro.
Então, temos que pensar que, quando precisa acionar os órgãos de segurança, principalmente o que é dedicado ao serviço de Ronda Escolar, ao serviço de proteção da criança e do adolescente, quero passar para vocês: existe uma Delegacia de Proteção da Criança e do Adolescente Vítima. A gente não se preocupa somente com a DPCA, que é aquele adolescente em conflito com a lei, mas também vítima.
Então, vocês devem procurar a direção da escola, a professora da escola, que vai fazer o acionamento. Hoje, como funciona a Ronda Escolar? Temos o número 1746. É esse número que a direção da escola aciona para dar um serviço especializado, para poder atender vocês. A escola, estando segura, com a conversa, com o representante de turma... A participação que vocês estão tendo aqui, em outros espaços da cidade, tem alunos que vão para o Conselho Comunitário de Segurança Escolar, que é um local onde eles falam a respeito do processo.
Eu queria somente deixar para vocês que a Ronda Escolar está à disposição, com as nossas palestras, com as nossas atividades lúdicas e com os patrulheiros para apoiar vocês e trazer esse sentimento de segurança para vocês nas escolas.
Quero parabenizar a todos pelo envolvimento e o compromisso, e os pais e as famílias de vocês também. Vocês estão de parabéns.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Bom, pessoal, agora o agradecimento é a vocês, mas vai ser com a arte que vocês estão trazendo também para a gente. Então, vamos chamar as crianças que vão fazer as suas apresentações. Podem vir até aqui. A gente vai ter poesia com o Thiago e o Alexandre.

O SR. KAWAN LOPES – Galera, é isso, a gente está recreando agora no momento. É o famoso recreio. Agora o Thiago e o Alexandre vão recitar uma poesia sobre o que aprendemos na semana passada com a Professora Elaine, com a Professora Carla e com a Professora Nathalia, que foi sobre a cultura de paz.
É isso.

(Faz-se a apresentação)
(PALMAS)


A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Tem outro poema?

O SR. KAWAN LOPES – Não, tem outra intervenção.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Calma. Agora, a gente já vai aproveitar essa intervenção para todo mundo se movimentar. Vamos levantando, que vamos ter a Rita com o pandeiro. Vamos lá.

O SR. KAWAN LOPES – Vem, Rita. Gente, vamos fazer... Cadê a Ritinha? Vem, Rita.

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Já vai se mexendo. É muito tempo sentado. A gente já sabe. Isso aí, pode se mexer.
Vou aproveitar essa preparação da Rita para poder encerrar de fato.
Agradeço a presença de todes aqui, todas e todos; aos assessores, à equipe técnica da Câmara Municipal, às autoridades, que são as crianças presentes – palmas, muito barulho para as nossas autoridades. Às pessoas que compuseram a Mesa comigo, que somos os aprendizes da humanidade que vocês trazem para a gente, muito obrigada. E à nossa equipe da mãedata Thais Ferreira agradeço também, que proporcionou este momento aqui com a gente. Ao Kawan Lopes, que está aí no nosso corre – também já foi mãedata e segue construindo com a gente também –, muito obrigada.
Está encerrado o nosso Debate Público, com a apresentação da Rita no pandeiro. Vamos lá, Rita, com você.

O SR. KAWAN LOPES – Pode ir.

(Faz-se a apresentação)
(PALMAS)

A SRA. PRESIDENTE (THAIS FERREIRA) – Está encerrado o nosso Debate Público.

(Encerra-se o Debate Público às 12h17)